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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM ESTUDANTES DE UMA ESCOLA PARTICULAR DE NITERÓI, RJ
Luciana Reis Malheiros 1   (orientador)   malheiro@vm.uff.br
Felipe Rizzeto Santos 2   (autor)   tccbite@yahoo.com.br
Patrícia Pedreira Cunha 2   (autor)   tccbite@yahoo.com.br
1. Profa do Depto de Fisiologia e Farmacologia, CCM, UFF
2. Discente do curso de Nutrição, CCM, UFF
INTRODUÇÃO:
Os transtornos alimentares (TA), anorexia e bulimia nervosas, bem como seus quadros parciais tem atraído o interesse de alguns pesquisadores brasileiros pois seu número parece estar crescendo em nossa população. No Brasil , não dispomos de dados precisos sobre a prevalência de transtornos alimentares mas estima-se, ao contrário do que se pensava há alguns anos, de que ela é semelhante a encontrada em países ditos desenvolvidos. Os TA acometem principalmente, mas não exclusivamente, adolescentes do sexo feminino e, nos EUA, a anorexia nervosa já é a terceira doença crônica mais freqüente entre adolescentes. A etiologia dos TA ainda é desconhecida porém o modelo mais aceito considera que sua gênese e manutenção se dá por uma associação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Vale lembrar que a cultura que valoriza o corpo magro, relacionando-o com a beleza e o sucesso, parece criar condições mais propícias para o desenvolvimento e/ou manutenção dos TA. O objetivo desse trabalho foi investigar de que forma adolescentes do sexo feminino de uma escola particular avaliavam sua imagem corporal e como isso poderia estar refletindo em alguns de seus hábitos alimentares.
METODOLOGIA:
Estudantes do sexo feminino de uma escola particular de Niterói (RJ) responderam a um questionário que continha perguntas sobre: idade, peso, estatura, qualidades e defeitos que as alunas julgavam possuir, se estavam fazendo ou haviam feito dieta com o objetivo de emagrecer, sentimento de culpa ao comer, se sabiam o que é anorexia nervosa e bulimia nervosa, e que tipo de revistas gostavam de ler. Nossa amostra foi composta por 340 alunas, da oitava série do ensino fundamental e do primeiro e segundo anos do ensino médio, com idade variando entre 13 e 17 anos. As alunas foram convidadas a assistir uma palestra sobre transtornos alimentares e o questionário foi aplicado antes do início da palestra. Os questionários não possuíam nenhum dado que identificasse as alunas e a participação foi voluntária. A direção da escola autorizou o trabalho. Os dados foram avaliados utilizando o programa SPSS para Windows, versão 9.0. Devido a natureza dos dados a maioria das análises foi não paramétrica e o grau de significância adotado foi de 5%.
RESULTADOS:
Dos 340 questionários recebidos, 292 (85,9%) apresentavam respostas completas para as questões de idade, peso e estatura. Estudantes que apresentavam um IMC maior ou igual ao esperado para sua faixa etária (chamamos esse grupo de ‘adequado’, ‘A’) citaram mais defeitos ligados a obesidade que meninas com IMC abaixo do esperado (grupo ‘NA’, não adequado), respectivamente, 74,4% e 38,8% (Teste do Qui-quadrado, p < 0,01). Ao contrário, estudantes do grupo ‘NA’ relataram mais qualidades relacionadas a magreza (20,5%) que o grupo ‘A’ (6,5%; Teste do Qui-quadrado, p < 0,01). Um número significativamente maior (78,3%) de estudantes do grupo ‘A’ responderam estar fazendo , ou terem feito, dieta quando comparadas as do grupo ‘NA’( 39%; Teste do Qui-quadrado, p < 0,01). Quando analisamos a pergunta ‘ Você sente culpa ao comer ? ’ encontramos que mais alunas do grupo ‘A’ (60,9%) responderam afirmativamente a essa pergunta do que as do grupo ‘NA’(48,1%; Teste do Qui-quadrado, p= 0,03). Do total de alunas entrevistadas, 72,4% disseram ler revistas voltadas para o público adolescente sendo a revista ‘Capricho’ a mais citada. A maioria, 90%, disse já possuir algum conhecimento sobre o que é anorexia nervosa e bulimia nervosa
CONCLUSÕES:
Estudantes com peso considerado normal parecem não estar satisfeitas com seu corpo já que a maioria relatou ‘defeitos’ relacionados a obesidade, isto é, dizem sentirem-se , ‘ muito gordas’, ‘baleias’ ou , simplesmente que precisavam perder peso. Estudantes mais magras valorizaram sua magreza , citando-a como qualidade, um ponto positivo, o que pode ser um fator que reforce um eventual comportamento restritivo ou de purgação alimentar. Um número grande de estudantes relatou culpa ao comer e isso, também, pode ser um indicativo de comportamento alimentar de risco. A leitura de revistas voltadas para o público adolescente não nos pareceu um fator positivo, já que a maioria delas veicula informações imprecisas e, muito freqüentemente, erradas, sobre o que seriam hábitos alimentares saudáveis. Como a insatisfação com a imagem corporal parece contribuir para o desenvolvimento de transtornos alimentares, uma pesquisa mais extensa sobre os hábitos alimentares de estudantes dessa e de outras escolas já está sendo realizada. Ao conhecer melhor as relações entre imagem corporal e hábitos alimentares esperamos contribuir para a prevenção de possíveis casos de transtornos alimentares.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  imagem corporal; comportamento alimentar; adolescentes.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004