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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
PERSPECTIVAS DOS ASSENTADOS DA GLEBA RIBEIRÃO GRANDE EM BUSCA DO SONHO DA TERRA
Eliane Aguiar de Abreu 1, 2   (autor)   aguiane@hotmail.com
Rodrigo Aleixo Brito de Azevedo 3   (orientador)   rabaz@cpd.ufmt.br
Lucileide Domingues Queiroz 4   (colaborador)   ludoque@terra.com.br
Raimundo Palmeiras 5   (colaborador)   
1. Graduanda em Geografia / Depto.Geografia / ICHS / UFMT
2. Bolsista do GERA-Núcleo de Pesquisas Natureza e Cultura
3. Prof. Dr. da Pós-graduação da Agronomia/FMT/FAMEV/UFMT
4. Mestranda em Educação/Instituto de Educação/UFMT
5. Graduando em Agronomia/FAMEV/UFMT
INTRODUÇÃO:
O início da perspectiva de intervenção e pesquisa na Gleba Ribeirão Grande foi iniciada no ano de 2002 com a visita ao GERA/UFMT-Núcleo de Estudos e Pesquisas do Pantanal, Amazônia e Cerrado, por parte da liderança desta Gleba. Neste primeiro contato, a Associação de Ribeirão Grande e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde solicitaram à equipe da GERA que se realizasse um trabalho de identificação das expectativas, desejos e planos dos acampados em relação aos seus futuros lotes. Inicialmente os objetivos apresentados pelas lideranças aos pesquisadores foram à construção coletiva de metodologia, para que a partir desta, os próprios assentados pudessem elaborar o seu Plano Desenvolvimento do Assentamento-PDA. Contudo, já haviam negociações relacionadas à implantação do referido assentamento, nesse sentido, o atual objetivo deste trabalho foi o de desenvolver uma metodologia de construção de projetos de assentamento que atenda às necessidades dos assentados, ao mesmo tempo em que permita a sustentabilidade dos mesmos.
METODOLOGIA:
Baseia-se na utilização dos métodos de DRP-Diagnóstico Rápido Participativo. Assim, a chave da estrutura metodológica, é a participação, que pode significar desde a simples presença nas reuniões, nos trabalhos de condução do projeto e até, no outro extremo da escala, no protagonismo efetivo no desenvolvimento do mesmo. Foram realizadas duas visitas ao local, uma para conhecimento da área e a outra para realização das entrevistas, abrangendo um total de 22 famílias. Nestas buscamos abarcar, a realidade dos assentados, as suas perspectivas e expectativas, a curto e em longo prazo com relação ao assentamento. Realizadas as entrevistas, foram transcritas, digitadas e desmembradas em idéias, as quais expressaram os desejos, os sonhos, as perspectivas com relação aos lotes. Tais idéias foram organizadas a partir da criação de banco de dados, a partir do qual se é possível identificar os sonhos de caráter coletivo e individual.
RESULTADOS:
Com base nos dados coletados, foi possível observar que tanto sonhos e desejos dos assentados caracterizam-se, dada a temporalidade, em curto prazo, até mesmo, em virtude das necessidades básicas de sobrevivência com relação à ausência e também a qualidade de infra-estrutura, tais como: moradia, saúde, educação. Mas também, tais desejos e sonhos possuem características, dada a relação temporal, á longo prazo, pois acreditam que vários aspectos que emergem e intercruzam com os seus projetos como assentados, como exemplo, as desigualdades sociais e as relações de poder no interior do assentamento, tanto no que se refere a gênero como a grupos políticos, faixas etárias, grupos religiosos ou qualquer outra forma de segmentação da população assentada, além destes sentiu-se a necessidade de compreender as relações de parentesco, compadrio ou outras de qualquer natureza existentes no interior do grupo de assentados, como base de planejamento.
CONCLUSÕES:
Diante da realidade percebida no assentamento pesquisado e que não difere em muito dos demais nos assentamentos no estado de Mato Grosso, acreditamos que se faz necessário um planejamento de assentamento que considere as relações não somente quanto ao lote e a produção, mas também, as perspectivas que os mesmos têm com relação aos seus lotes. Pois, para além das condições objetivas, como as necessidades em termos de objetivos e estratégias, há as condições subjetivas do assentado, como, desejos e sonhos. Em suma, pensar um plano de desenvolvimento de assentamento, ou a Reforma Agrária neste estado e país, implica considerar as necessidades imediatas de curto e em longo prazo dos assentados, fundamentalmente, as condições objetivas e subjetivas que atendam os seus desejos, como: moradia, saúde, educação, poço artesiano e agricultura de subsistência, tranqüilidade, segurança, enfim, uma vida melhor.
Palavras-chave:  Assentamento; perspectivas; participação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004