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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
PESQUISA COMO EIXO NORTEADOR DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: CONSTRUINDO NOVOS CAMINHOS PARA UMA IDENTIDADE HUMANA SOLIDÁRIA
Rosa Maria Viana 1, 2   (autor)   rosaviana@yahoo.com.br
Solange M. O. Magalhães 3   (autor)   smom@terra.com.br
1. Doutora em Ciências Humanas, docente na Universidade Salgado de Oliveira (Universo)
2. Membro do Instituto de Educação para a Paz
3. Docente da Faculdade de Educação, Mestre e Doutoranda em Educação (FE/UFG)
INTRODUÇÃO:
Como docentes nos cursos de formação de professores, nos propusemos a estar promovendo uma experiência de reflexão proposta junto aos nossos alunos; esta foi pautada em valores humanos e nos princípios da Cultura de Paz, tentando possibilitar a eles ampliar o seu horizonte de que "um mundo melhor é possível" como vem sendo proposto pela Unesco, construção de uma Cultura de Paz, onde cada um é, individualmente, responsável pela construção desse novo mundo nesse nosso tempo histórico. Assim iniciamos procurando "reviver experiências familiares, buscando perceber que a noção de identidade é construída historicamente". Nosso objetivo era levá-los a compreender como a histórias de suas famílias influenciam nos seus modos atuais de ser, e em sentido mais amplo, direcioná-los a uma reflexão ainda mais importante sobre os modos de se viver e re-significar essa história, sobretudo no tocante as características da cidade de Goiânia, seu passado e presente; as questões do relacionadas ao meio ambiente: rios, matas, cerrado, conservação ou destruição do mesmo; e até aspectos do próprio bairro do aluno registrados através de fotos, jornais, memória dos mais velhos, enfim, os estudantes deveriam buscar essas informações junto a família e a comunidade para que, juntos, pudéssemos reconstruir a história, refletirmos sobre ela, tentando compreender como essa influência na construção da noção de identidade.
METODOLOGIA:
Propusemos, então, aos alunos que trouxessem relatos de suas famílias, antepassados,objetos significativos, fotos (de família e da cidade), filmes, jornais, num movimento de resgate das trajetórias familiares, sociais e ambientais; tentando observar de que modo essas características influenciavam nos modos de ser dos alunos, da população e no estado do nosso meio ecológico, bem como a construção de sua identidade, identificada como seus modos de ser, falar, costumes, normas, valores, etc. Esse material foi coletado durante todo o ano de 2004. A atividade foi dividida em fases, por exemplo, o primeiro bimestre foi a fase das histórias de família, essa culminou com uma exposição de objetos, fotos, relatos e presença dos próprios parentes dos nossos alunos que deram seus depoimentos.
RESULTADOS:
Assim, através de uma metodologia qualitativa, trabalhamos com o material coletado: relatos de suas famílias, antepassados, fotos, filmes, anúncios de revistas antigas, etc. registramos as observações e os relatos dos alunos e parentes sobre o material (suas histórias). Após análise dos dados obtidos, sistematizamos categorias: 1) família: todos os dados relativos a eles e a seus antepassados; 2) ecologia: meio ambiente, meio rural, e a própria cidade; 3) educação: fotos de escola, lembranças do processo educacional, etc.
CONCLUSÕES:
A experiência que ficou marcada para todos do grupo é a complexidade do processo histórico, que em seu movimento dialético integra contradições e impõe reformulações tanto para descartar certas práticas antigas como recuperar outras que foram sendo renegadas ao longo do tempo. O grande salto de compreensão que o grupo deu na troca dessas trajetórias familiares, ecológicas e educacionais foi, em primeiro lugar, os alunos recuperam a identidade cultural e familiar, foi a noção que uma identidade é construída historicamente; segundo, eles passaram a perceber o que mudou na cidade, o que foi para melhor e o que piorou nossa qualidade de vida; quanto à ecologia, perceberam que há uma perda do que é importante para nossa própria vida, que o meio ambiente estava sendo totalmente destruído e que tinham de fazer algo para impedir e conscientizar a população; segundo os alunos a sociedade mudou muito, inclusive em seus aspectos físicos, eles se mostraram surpresos frente às belezas das paisagens do passado, locais onde hoje só há prédios, casas, enfim apenas concreto. Podemos dizer que os alunos compreenderam que à medida que o conhecimento avança, cresce, incorpora saberes antes desconhecidos, impõe também a necessidade da revisão e transformação das bases de constituição da sua identidade, mas também receberam os resultados da atividade como um alerta, para o modo como estão vivendo, criando, transformando e até mesmo destruindo o seu próprio meio ambiente.
Palavras-chave:  identidade; práticas educativas; transformação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004