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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE REPRESENTAÇÕES FIGURATIVAS EM AULAS DE CIÊNCIAS: UM DIÁLOGO COM IMAGEM
Erika Zimmermann 1   (autor)   erika@unb.br
Paula Cristina Queiroz Evangelista 2   (autor)   paula-quev@uol.com.br
1. Profa. Dra. do Depto. de Métodos e Técnicas, Fac. de Educação - UnB
2. Graduanda do Curso de Pedagogia, Faculdade de Educação - UnB - Bolsista do Pibic
INTRODUÇÃO:
Ao se verificar hoje os usos de imagens no ensino de ciências, percebe-se que sua inserção nem sempre é feita de forma criteriosa e planejada, podendo acarretar um entendimento equivocado afetando, assim, a comunicação pretendida pelo conceito a ser representado por ela. Desta forma, as possibilidades de utilização de imagens como ferramentas de ensino científico não passam pelo uso meramente ilustrativo, mas implicam em sua leitura e decodificação. Entendendo que a imagem tem vários significados e é aberta às interpretações, passamos a refletir: Qual a função e a contribuição efetiva da imagem para o processo de ensino-aprendizagem científico? Qual é o tratamento dado pelo aluno às imagens apresentadas pelo professor? O aluno traz alguma "variável interior" à medida que interpreta imagens? Quais seriam elas? Tais reflexões nos motivam e nos levam a considerar a relevância de pesquisar sobre a leitura de imagens no ensino de ciências. Portanto nossos objetivos são: investigar como o uso de imagens pode auxiliar na compreensão e apreensão de conceitos na área de ciências, bem como, buscar as diferentes leituras de uma mesma imagem; examinar como o aluno interpreta as imagens dos livros didáticos, sem a interferência do professor; e analisar em que medida certas imagens influem no aprendizado do aluno sobre um dado conteúdo de ciências.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativa em que se escolheu para coleta de dados, a escola de Ensino Fundamental nº 08 do Gama da rede pública do D.F., onde foi selecionada uma turma de 5ª série. Nesta, selecionou-se dez alunos para participarem de entrevistas individuais abertas, que foram gravadas e posteriormente transcritas. A escolha dessa escola deveu-se por sua localização, próxima à residência da pesquisadora, facilitando assim, seu acesso para a coleta de dados e a escolha da 5ª série deveu-se por se acreditar que esta série representa um marco na vida escolar dos alunos. Acordamos com a professora que as entrevistas seriam realizadas no horário de intervalo dos alunos, e que, em alguns momentos, estaríamos em sala de aula para observar como os alunos faziam uso das imagens constantes no livro didático. Foram entrevistados dez alunos, com idade entre 11 e 13 anos e esta escolha foi aleatória, tendo-se em vista o pouco conhecimento sobre os mesmos e o pouco tempo disponível para a coleta de dados. Como fonte das imagens escolhemos, o livro O Meio Ambiente: Ciências, dos autores Carlos Barros e Wilson Roberto Paulino, Editora Ática, 2ª Edição, 2003, já que este é adotado pela escola e por ser usado em sala de aula. Para a escolha das imagens, o critério adotado foi o de que algumas delas poderiam apresentar dificuldades de interpretação para os alunos. Escolhemos quatro imagens que eram mostradas ao entrevistado, seguindo um protocolo de entrevista.
RESULTADOS:
O estudo revelou que os alunos, em geral, não conseguem interpretar sozinhos os elementos representados em imagens, sejam eles reais e esquemáticos ou entidades simbólicas. É necessário, sobretudo em esquemas, que haja a interferência do professor para que o aluno perceba e interprete os elementos presentes. Os alunos tendem a fazer uma descrição dos elementos reais da imagem, não se atendo a esquemas, setas, símbolos, etc. Nas imagens, nem sempre há um destaque ou importância para certos elementos e, devido a isso, há uma ausência por parte dos alunos na leitura do contexto. Estes, para interpretar uma dada imagem, tendem a buscar conhecimentos teóricos anteriores ou do seu dia-a-dia para explicá-la. As legendas encontradas, ou não, foram fundamentais para a interpretação equivocada ou não dos alunos. Os alunos apresentaram uma certa dificuldade para interpretar imagens que necessitavam de uma interpretação de relações entre diferentes ícones imagéticos.
CONCLUSÕES:
A análise dos dados coletados nos leva a concluir que a imagem contribui efetivamente para o processo de ensino-aprendizagem científico do aluno, sendo fundamental para a explicação do conteúdo em estudo. Por isso, uma imagem não pode ser inserida sem critérios, necessitando mais atenção por parte daqueles que as constroem ou as inserem um livro didático. A presença do professor, na ajuda da leitura de imagens, é fundamental, já que algumas imagens, mesmo que escolhidas criteriosamente, não "falam" por si sós, necessitando que o professor destaque certos aspectos, faça referência aos símbolos, legendas e esquemas presentes na mesma. Em geral, uma imagem precisa vir acompanhada de um texto, sendo este, o apoio de que o aluno necessita para que seja feita uma leitura adequada da mesma. Os alunos demonstraram interesse em tentar interpretar imagens, sendo suas principais dificuldades, a falta de atenção na leitura das mesmas, a falta de conhecimentos teóricos suficientes para uma boa leitura das imagens, o pouco tempo gasto pelo professor para a explicação da imagem em foco e dificuldades encontradas dentro da própria imagem (falta de legendas, falta de títulos, alta complexidade da imagem, falta de clareza dos elementos representados, elementos representados na imagem sem qualquer referência textual).
Palavras-chave:  LEITURA E INTERPRETAÇÃO; AULAS DE CIÊNCIAS; DIÁLOGO COM IMAGEM.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004