IMPRIMIRVOLTAR
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA EXPERIÊNCIA COM GRADUANDOS DE MATEMÁTICA DA UFRuralRJ
Nilma Figueiredo de Almeida 1   (autor)   Profa. Dra. / nilmaf@ig.com.br
1. Departamento de Psicometria/ IP / UFRJ
INTRODUÇÃO:
Atualmente temos observado uma crescente busca de auto-conhecimento e auto-ajuda por parte de uma população bastante significativa da sociedade. Tal interesse demostra uma preocupação com as relações interpessoais, causa de tantas queixas em consultórios e problemas em família e no trabalho. Um professor que se disponha a dividir informações, a ensinar e a aprender, colocando-se ao lado de seu aluno e não de forma superior a ele, poderá ajudá-lo a entender e gostar de matemática. A relação professor-aluno deve ser reforçada pela confiança, respeito e afeto mútuos, como qualquer outra relação interpessoal. O professor deve ter conhecimento de seu eu, suas limitações, características, defeitos e qualidades para reconhecer tais fatores em seus alunos, respeitando suas deficiências e experiências para aprender com as diferenças. Considerando-se a relevância das relações interpessoais para o processo ensino-aprendizagem e formação de professores este trabalho propôs-se a realizar uma Oficina com graduandos para propiciar uma reflexão sobre suas próprias atitudes e as possíveis conseqüências nas interações humanas, seja na relação professor-aluno e aluno-aluno como também na aprendizagem. Os objetivos deste trabalho foram favorecer a aquisição de conhecimento que auxiliem na compreensão das relações interpessoais; propiciar o entendimento da importância das relações interpessoais para o desempenho acadêmico e formação de professores através de vivências em dinâmicas de grupo.
METODOLOGIA:
A Oficina de "Relações humanas e a aprendizagem da Matemática" foi realizada em dois dias, com carga horária de três horas/dia. Participaram desta oficina 31 graduandos, sendo 7 do sexo masculino e 24 do sexo feminino, com idade variando de 18 a 35 anos, pertencentes ao curso de licenciatura em Matemática da UFRuralRJ. Foi aplicado um questionário aberto para obter informações sobre as expectativas dos participantes quanto ao que esperavam obter na oficina; as possíveis dificuldades encontradas no grupo e como pensavam poder superar tais dificuldades. A atividade consistiu em palestras sobre a importância das relações interpessoais para a aprendizagem e para o desenvolvimento do indivíduo. Posteriormente realizou-se um trabalho prático com técnicas de dinâmica de grupo, que consistiu em vivências de autodescoberta, jogos exploratórios, jogos de sintonização, confiança, comunicação e integração. Em seguida realizou-se uma avaliação da atividade junto aos alunos.
RESULTADOS:
Quando interrogados sobre o que desejavam obter em uma oficina de relações humanas: "conhecimento/aperfeiçoamento"(11), "facilidade para se relacionar"(10); "conviver com as diferenças"(5); "flexibilidade"(1); "integração"(1) enquanto (3) tinham "curiosidade". As dificuldades que vislumbravam ter no grupo foram: "divergências de idéias e/ou opiniões" e "idéias contrárias" (9); "dificuldades de comunicação e compreensão de termos" (7); "falta de convivência", "desconhecimento dos componentes do grupo" (3); "entrosamento" (3); "timidez"(5); "tempo escasso para conhecer o grupo" (4); "sem idéia do que possa acontecer" e "imprevisibilidade"(2). Como superar tais dificuldades: "flexibilidade"(2); "iniciativa" e "expressão no grupo"(7); "objetividade"(3); "conhecimento adquirido"(2); "respeito às idéias diferentes" (7); "análise das dificuldades"(2); "relacionar com todos do grupo", "disposição para conhecer os outros"(6); "melhorar a comunicação"(5). Diante destas respostas verificamos interesse nos graduandos em melhorar a si mesmos e, conseqüentemente, a relação com os outros; uma preocupação com a comunicação ser objetiva para evitar equívocos, conflitos com divergências de idéias; o desejo de serem flexíveis, para melhor conviver com as diferenças, e a busca pela integração no grupo são fatores positivos para o processo educativo, pois este deve ser interativo.
CONCLUSÕES:
A experiência foi considerada positiva, pois os resultados foram muito proveitosos. Os alunos puderam constatar a dificuldade em ouvir o outro, em expressar idéias com clareza, timidez, a importância do esforço conjunto na realização de tarefas, a sensibilidade e importância do diálogo para a aprendizagem e da confiança na relação. Verificou-se que a atividade foi bem aceita e foi um facilitador para a aproximação entre eles. Vários estudantes salientaram que as expectativas iniciais foram superadas, pois levaram à reflexão sobre as próprias atitudes e à ponderação ao avaliar o outro, adquiriram mais conhecimento e clareza sobre a relevância das relações humanas para a vida acadêmica e profissional. As atividades de relações humanas quando devidamente abordadas e vivenciadas trazem maior clareza sobre as dificuldades encontradas no dia-a-dia e isto faz com que as pessoas fiquem mais atentas e reflexivas diante de seus problemas, evitando conflitos e rigidez diante das diferenças.
Palavras-chave:  Ensino-aprendizagem; Psicologia das Relações Humanas; Relações interpessoais.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004