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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL PARA UMA NOVA ETHOS
Felicíssimo Bolívar da Fonseca 1, 2   (autor)   bolivarfonseca@ig.com.br
1. Graduado em Ciências Contábeis e Filosofia pela UFMT
2. Pós-Granduando do Instituto de Educação/Linha de Pesquisa "Educação para o Pensar"/UFMT
INTRODUÇÃO:
Este trabalho tem como objetivo analisar as condições em que são repassadas as instruções aos alunos de cursos técnicos, tecnólogos. Destacando as seguintes questões que gravita em torno da questão: Basta ao aluno dos cursos técnicos apenas a instrução técnica? Aos alunos dos cursos técnicos deve ter como relevante a necessidade de abrir-lhes apenas um mercado de trabalho específico, a fim de oferecer condições de sobrevivência. Ainda os professores de disciplinas técnicas vêem os seus alunos apenas como produtos que devem sair da "linha de montagem". Constata-se em Instituições de Educação Técnica, que os alunos buscam por algo mais do que receber instruções, ou seja, querem uma formação que lhes dê condições de ter uma visão integral de si e do mundo. Expectativa esta que pode ser alcançada com o seu viés crítico e reflexivo que disciplinas como a filosofia pode oferecer. Na outra ponta temos os empresários, que não mais desejam um trabalhador apenas "adestrado", mas um que apresente perfis mais amplos, ou seja, um que esteja em condições de enfrentar este mercado cada vez mais globalizado e em mutação. E mais, que saiba o que suas decisões representariam em benefício ou malefício para a sociedade para o meio ambiente e para si mesmo. Assim, naturalmente, este profissional deverá lidar com pessoas e não apenas com equipamentos e ferramentas; assim, não lhe deve recusar o desenvolvimento de outras dimensões importantes às inferências da realidade, e um bom convívio.
METODOLOGIA:
Utilizei para a consecução do presente trabalho, pesquisa bibliográfica de autores que trabalham com os esquemas de Competências/Habilidades. Bem como, baseado em minhas próprias experiências como Técnico em Edificações, e entrevistas com alun@s do curso Técnico em Secretariado. No rol dos autores trabalhados estão Philippe Perrenoud, Mathew Lipman, entre outros; a legislação pertinente ao Ensino Profissionalizante: os Parâmetros Curriculares Nacionais e os Pareceres CNE/CEB nº 17/97 (estabelece as diretrizes operacionais para a Educação Profissional), e, 16/99 (trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico). Inicialmente questionei os alun@s curso de Secretariado, atores bem definidos de um curso técnico típico do Pós-médio. Na outra ponta, através de palestras de empresários em simpósios e encontros, ou mesmo numa entrevista direta com os mesmos. Nesse contexto, um ator relevante, o professor técnico e as instruções que oferece aos alunos, sua visão quanto à necessidade de inserção de disciplinas não técnicas que possibilitem a formação de um indivíduo/cidadão crítico, criativo e cuidadoso, conforme nos ensina Mathew Lipman. Aos três atores: professor, aluno e empresário, a importância não só da Instrução tecnicista, mas, também, de uma Educação visando a formação integral do aluno, como um e mesmo questionamento. Considerando importante buscar a opinião sobre o mundo do trabalho que se apresenta cada vez mais em mutação.
RESULTADOS:
No primeiro plano temos escolas tecnicistas e seus professores, que são os facilitadores da Instrução técnica e pouco se interessam pela formação humana dos seus alunos - pelo fato de acharem que não precisaram delas; por outro lado, acham importante a discussão oferecer ao mercado um profissional que tenha condições de atender a sua exigência cada vez mais diferenciada e em mutação, pois percebe-se empresas que tinham apenas uma atividade fim agregando outras. O futuro profissional, o estagiário ou o cidadão que estará em contato com um mundo complexo e multidimensional, porém levando para o seu campo de atuação profissional apenas o desenvolvimento da sua dimensão técnica. Ele se vê ainda mais confuso quando se depara com alertas e surpreende-se com observações que torna tudo o que acaba de aprender obsoleto e, portanto, necessita eternamente de reciclagem do aprendizado; ou aprendemos inglês ou continuamos "analfabetos globais"; ou acompanhamos (o que nunca acontece) a velocidade do processo ou estamos, literalmente, excluídos. Os problemas resultantes não são objetos deste trabalho, mas fazem parte deste complexo mundo que construímos e portanto não podemos ficar longe dessas discussões. Então, oferecer ao aluno condições que o possibilite aprender a aprender parece ser a alternativa mais viável. Esta não se dá sem uma formação integral. Na outra ponta o mercado, o empresário buscando profissionais que tenham competências para responder às expansões tecnológicas.
CONCLUSÕES:
A necessidade de constituir uma sociedade com cidadãos dialógicos e cooperativos parece ser o foco, porque o que se está em jogo é mais do que o circulo vicioso, produção e consumo, mas a sobrevivência da espécie humana. A criação de interfaces entre os paradigmas da Instrução e da Educação através da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade são importantes para se estabelecer uma discussão que venha de encontro a uma ethos e a um desenvolvimento que interesse a todos e não apenas a um seguimento. O aspecto formação parece atingir dimensões mais abrangentes que o da instrução, para atender este ou aquele seguimento do mercado. As possibilidades são inúmeras para garantir um futuro saudável, porém a conscientização eco-lógica precisa estar presente, porque as luzes da ciência aliada a técnica são importante, sem dúvida, mas há outras dimensões humanas e outros olhares decorrentes das diferenças tecidas pelas culturas, cujo refugo já não mais se sustentam nos dias de hoje. Daí, reduzir o ser humano parece ser uma atitude que também não se sustenta mais neste contexto globalizado que se busca uma universalizabilidade na atitude e no pensar, no aceitar o outro, que consideramos diferente. Reflexões estas devem estar permeando todas as formas de educação - da formal até a informal - que têm por objetivo integrar o ser humano. Os pressupostos fundamentais - filosofia, democracia, educação - para a formação do cidadão-trabalhador: é a ordem de todos os dias em diante.
Palavras-chave:  ETHOS; EDUCAÇÃO PROFISSIONAL; TRABALHADOR.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004