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G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil
JOSÉ DE ALENCAR: PENSAMENTO E TRAJETÓRIA POLÍTICA
Américo Lyra 1   (autor)   Professor Mestre / americolyra@hotmail.com
Geralda Dias Aparecida 1   (orientador)   Professora Doutora
1. Universidade de Brasília - UNB - Programa de Pós-Graduação em História
INTRODUÇÃO:
Esse trabalho teve como objetivo, a análise do pensamento e da prática de José de Alencar por meio de seus escritos políticos. Observaram-se continuidades e rupturas nesse pensamento e prática, no concernente à sua compreensão sobre questões importantes da vida pública imperial. Abordou-se a experiência da conciliação, a idéia de partidos, o poder moderador, as idéias de democracia e liberalismo, voto e sistema representativo.
A pesquisa contribuiu para pensar a representação que um literato, considerado pai da literatura brasileira, teve no cenário das idéias políticas nacionais. Mostrar sua apropriação de concepções em voga no imaginário dos setores conservadores, aglutinados no Partido Conservador, bem como indisposições com algumas noções de liberalismo que começavam a ganhar força dentro do Partido Liberal.
METODOLOGIA:
Teve-se, por fonte primária, o estudo dos panfletos, discursos, artigos em jornais de época, obras literárias sobre a idéia de nacionalidade de José de Alencar, sua proposta de Reforma Eleitoral de 1874 e O Sistema Representativo. Os discursos foram coletados e publicados pela Câmara dos Deputados. Panfletos e artigos no Ao Correr da Pena - crônicas publicadas no Correio Mercantil de 3 de setembro de 1854 a 8 de julho de 1855 e no Diário do Rio de 7 de outubro de 1855 a 25 de novembro do mesmo ano. Nas obras completas, teve-se acesso aos Escritos Políticos - Cartas de Erasmo, a Corte do leão e a Festa Macarrônica. Consultou-se, ainda, como fontes impressas, O Jornal do Comércio ao longo do ano de 1859.
RESULTADOS:
José de Alencar entendeu a experiência da conciliação como recurso que obliterava a prática do bom sistema representativo, não permitindo o embate de idéias. Nesse sentido, a noção de partidos ideológicos ganhava importância. Eles seriam os guardiões da soberania devendo debater idéias e projetos, com vistas a impedir que mesquinharias ocupassem a cena política.
Mas como isso não acontecia, as agremiações estavam corrompidas não representando opiniões, forçando o poder moderador a intervir para zelar pela nação. Este, de uso exclusivo do imperador, visaria equilibrar uma situação de crise impedindo que paixões colocassem em risco a paz no país.
Nessa perspectiva, Alencar pensava a democracia como um sistema representativo que garantisse a participação proporcional das opiniões nacionais no Parlamento. As opiniões seriam o voto, isto é, parcelas significativas da soberania nacional, levando o autor pesquisado a propor um modelo de reforma eleitoral que negava o censo e a eleição direta.
CONCLUSÕES:
José de Alencar pode ser situado como um liberal de cunho conservador, expressão do pensamento de um setor da elite responsável pela organização política do Império brasileiro. Formado em escola liberal ainda remanescente do século XVIII, devido ao ambiente familiar, durante sua vida profissional e de militância no Partido Conservador encontrou em outras correntes liberais a forma de responder suas inquietações. Seu revela um conjunto tenso, com continuidades, algumas rupturas e apropriações de perspectivas teóricas do século XIX europeu. No entanto, não foi um simples repetidor de teorias, mas fez um esforço, a partir da observação da vida pública imperial, no sentido de encontrar soluções para o aperfeiçoamento das instituições políticas.
Palavras-chave:  JOSÉ DE ALENCAR; TRAJETÓRIA POLÍTICA; ESCRITOS POLÍTICOS.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004