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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 5. Gestão de Pessoas
ESTRESSE NO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Fátima Regina Ney Matos 1   (autor)   fneymatos@globo.com
Joysinett Moraes da Silva 2   (colaborador)   joysimoraes@yahoo.com.br
1. Curso de Administração, Faculdade Christus - FC
2. Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
INTRODUÇÃO:
A constante exigência de aumentar a produtividade e a qualidade traz sobrecarga para os funcionários, que são pressionados a realizar determinadas tarefas além dos seus limites físicos e psicológicos. As mudanças freqüentes nos fatores externos da organização fazem com que o funcionário altere o seu ritmo de trabalho. Esse esforço de adaptação pode ocasionar o estresse. De acordo com Limongi-França e Rodrigues (1999, p.25), o estresse "é o estado do organismo, após o esforço de adaptação, que pode produzir deformações na capacidade de resposta atingindo o comportamento mental e afetivo, estado físico e o relacionamento com as pessoas". O trabalhador não chega à empresa como uma máquina nova; ele traz uma história pessoal, necessidades e aspirações. A insatisfação dessas necessidades e aspirações pode levar a um estado de estresse que reverterá em queda de produtividade e resultados negativos. É importante a empresa identificar as causas que elevam o nível de estresse dos funcionários, para que sejam providenciadas alterações que possibilitem uma melhor qualidade de vida no trabalho. Nesta pesquisa buscou-se identificar o nível de estresse dos funcionários da Caixa Econômica Federal através dos sintomas normalmente associados ao estresse pela classe médica, tais como: cefaléia constante, insônia, doenças freqüentes (gripes, resfriados, mal-estar, laringite, faringite), alergias e problemas digestivos (dor de estômago, azia, gastrite).
METODOLOGIA:
Foi feita uma pesquisa descritiva, pois o objetivo primordial foi "a descrição das características de determinada população" (GIL, 1994, p. 45), na tentativa de estabelecer relações entre as variáveis nível de estresse e situação de trabalho. A pesquisa foi realizada em quatro agências da Caixa Econômica Federal, sendo que duas localizadas na periferia de Fortaleza e duas em bairros mais abastados. O universo foi formado pelos 120 (cento e vinte) funcionários das agências. Como instrumento de coleta foi usado um questionário estruturado formado por perguntas fechadas. A análise dos resultados foi feita separadamente agência a agência e a seguir analisou-se comparativamente por blocos de duas agências (região periférica e região central (bairros mais privilegiados).
RESULTADOS:
Observou-se que 65% do quadro é formado por mulheres. 60% têm entre 40 e 50 anos, 55% têm curso superior completo e 30% estão matriculados em curso superior. 55% dos funcionários mantêm uma relação afetiva estável, enquanto 20% são solteiros e 25% divorciados. Em relação ao tipo de tarefa, 65% estão lotados no atendimento geral, 20% são caixas executivos e 15% gerentes. 80% têm pelo menos 10 anos de empresa. Todos os funcionários consideram ter um bom relacionamento com seus colegas e 95% acham que os gerentes e supervisores são acessíveis. 53% acreditam que têm autonomia para tomar decisões sem consultar o superior imediato. 85% dos funcionários estão insatisfeitos com o salário e 65% se identificam com a tarefa que exercem. Em relação aos sintomas associados ao estresse, quando as agências são analisadas individualmente, quanto maior o índice de periculosidade do bairro, maiores os índices de sintomas associados ao estresse. Enquanto os piores resultados de uma agência da região central mostram que apenas 10% dos funcionários sofrem de cefaléia constantemente, 23% têm insônia, 15% adoecem com freqüência, 34% têm algum tipo de alergia e 25% têm problemas digestivos (dor de estômago, azia, gastrite), os melhores resultados de uma agência situada na periferia apresentam que pelo menos 62% dos funcionários sofrem de cefaléia constantemente, 42% têm insônia, 58% adoecem com freqüência, 39% têm algum tipo de alergia e 35% têm problemas digestivos.
CONCLUSÕES:
Para toda organização é importante a manutenção da qualidade de vida no trabalho dos funcionários, pois isso provavelmente, fará com que estes trabalhem com maior comprometimento, fazendo com que a empresa obtenha melhores resultados. A maioria dos funcionários encontra-se satisfeita, tendo sido elevado o número de funcionários que se identificam com a tarefa exercida, que consideram o trabalho significativo e que têm autonomia para tomar decisões relacionadas ao seu cargo. È importante observar que 70% dos funcionários consideram as tarefas rotineiras e sem desafio, ou seja, as tarefas não apresentam variedade e nem dão margem à criatividade. O nível de estresse dos funcionários em relação à apresentação de sintomas físicos nas agências da região central ainda não é considerado elevado, embora seja possível estabelecer uma correlação positiva entre a falta de variedade das tarefas e o nível de estresse apresentado. Entretanto, nas agências das regiões periféricas, o nível de estresse é significativamente elevado e pode-se estabelecer uma relação com a própria localização das agências, uma vez que esta é a única diferença percebida entre as mesmas. Tendo sido identificado o nível de estresse dos funcionários, é importante a empresa analisar mais detalhadamente o que está causando o estresse, para que sejam tomadas atitudes que venham a reverter esse quadro.
Palavras-chave:  Estresse; Qualidade de Vida no Trabalho; Satisfação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004