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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 7. Gestão Pública
GESTÃO PÚBLICA - UM ESTUDO DE CASO NO BANCO DO ESTADO DO CEARÁ
Joysinett Moraes da Silva 1   (autor)   joysimoraes@yahoo.com.br
Fátima Regina Ney Matos 2   (colaborador)   fneymatos@globo.com
1. Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
2. Curso de Administração, Faculdade Christus - FC
INTRODUÇÃO:
A abertura de bancos internacionais no Brasil e a concorrência com os bancos nacionais privados colocaram em evidência a fragilidade e a falta de condições competitivas dos bancos públicos e trouxeram como conseqüência a exposição da precariedade dos bancos que apenas oneravam os cofres governamentais. Para fins de pesquisa, foi escolhido o Banco do Estado do Ceará (BEC), que vem passando por transformações constantes com o objetivo de tornar-se competitivo e assim evitar a privatização. O objetivo desta pesquisa foi identificar as principais medidas tomadas pelo governo do Estado do Ceará para tornar o Banco do Estado do Ceará competitivo, bem como verificar quais as principais seqüelas para os funcionários. Isto porque é crucial compreender como a administração pública tem funcionado no Brasil e conseqüentemente identificar a posição do banco público com relação ao seu corpo de colaboradores.
METODOLOGIA:
Realizou-se uma pesquisa descritiva e interpretativa, pois expõe características de determinada população, estabelecendo correlações entre variáveis, servindo de base para explicar o fenômeno observado, sendo que neste tipo de trabalho, o pesquisador identifica e conhece a realidade, sem nela interferir (GIL, 1994, p. 107). Para a coleta de dados foram utilizados questionários com funcionários das agências do Banco do Estado do Ceará. Para a amostra foram pesquisados 266 funcionários de um total de 800, considerando um erro de 5% (foi utilizada fórmula de cálculo de Cochran (1977, p. 72-8)). A pesquisa com os funcionários foi realizada no período de março a junho de 2003. A seguir foi feita a análise documental dos registros que demonstram as novas políticas e metas do Banco do Estado do Ceará.
RESULTADOS:
Seguindo uma tendência mundial, o banco viu-se obrigado a adequar-se a novos padrões para ter competitividade. Nesta adequação foram implantadas políticas para reduzir custos e maximizar resultados. Foram feitos investimentos na automação, fechadas agências deficitárias (6,4% do total), extintos departamentos e implantados programas de demissão ‘voluntária’ que culminaram na demissão de 67,3% dos funcionários. Em relação aos colaboradores que continuaram na empresa, a pesquisa mostrou que somente 13% dos funcionários acreditam em chances de crescimento profissional e estabilidade no emprego, enquanto que a maioria (62%) tem o moral baixo e 30% têm problemas de saúde resultantes do medo do desemprego e do stress, o que afeta a qualidade de vida no trabalho e conseqüentemente a qualidade dos serviços, haja vista que o alto índice de insatisfação com a empresa (80% dos entrevistados) acaba por afetar o cliente. Para solucionar este problema, o governo do Estado do Ceará vem investindo em programas que buscam melhorar a qualidade de vida no trabalho dos funcionários do banco, bem como diminuir o nível de stress. Medidas que aliadas a estratégias bem definidas com a participação dos funcionários poderiam resultar no desempenho competitivo do banco e, assim, pelo menos adiar a privatização.
CONCLUSÕES:
A partir de 1996 o Banco do Estado do Ceará enfrentou o desafio de expor a situação no qual se encontrava. O banco, então, realizou chamada de capital e implementou maciço programa de investimento em tecnologia, adotou medidas saneadoras e de regularização de pendências de crédito, medidas rigorosas para conter despesas e ampliar receitas e ajustou a estrutura administrativa e operacional. Apesar disso, viu-se obrigado a tomar medidas mais severas, tais como o fechamento de agências e o Programa de Demissão Voluntária. Entretanto, observou-se que apesar da urgência do governo em tornar o Banco do Estado do Ceará competitivo, o banco ainda apresenta um desempenho insatisfatório, os funcionários sofrem com a possibilidade da privatização e o clima de tensão ao longo destes anos tem como principal conseqüência doenças que também oneram a instituição, uma vez que causam absenteísmo e conseqüentemente reduzem o número de funcionários à disposição dos clientes, o que causa aborrecimento e insatisfação. Faz-se necessário entender, portanto, que para tornar a instituição competitiva, não basta apenas investir em tecnologia e captar recursos financeiros. É preciso compreender que o homem é mais que apenas um dos recursos que a empresa dispõe, pois como defende Dejours (1984, p. 98), não se pode falar em qualidade de produtos e serviços, se o trabalho for apenas um fator de deterioração e de sofrimento e não, também, de desenvolvimento e de prazer.
Palavras-chave:  Gestão Pública; Bancos; Estratégia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004