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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES CRIATIVAS E COGNITIVAS EM CRIANÇAS COM INDICAÇÃO DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM APÓS INTERVENÇÃO
Rafaela Feijó dos Santos 1   (autor)   kkfe@bol.com.br
Tatiane Lebre Dias 2, 3   (colaborador)   
Flávia Almeida Turini 3   (colaborador)   
Sônia Regina Fiorim Enumo 4   (orientador)   Soniaenumo@terra.com.br
1. Graduanda em Psicologia, UFES
2. Profa. Depto de Pedagogia, ENEMAT, Cáceres/MT
3. Pós-Graduanda em Psicologia, UFES
4. Profa. Dra. Depto de Psicologia Social e do Desenvolvimento, UFES
INTRODUÇÃO:
As expectativas de desempenho cognitivo e criativo em crianças com indicação de dificuldade de aprendizagem, de modo geral, são baixas. Esta situação é agravada por problemas de definição e avaliação nas áreas da criatividade e da dificuldade de aprendizagem. Nesta última área, a avaliação cognitiva é polêmica e complexa devido à ausência de consenso sobre a etiologia da dificuldade de aprendizagem e às divergências quanto ao uso de medidas de coeficiente de inteligência (QI) na avaliação. O mesmo ocorre na área da criatividade, havendo poucas evidências empíricas que traduzam a relação criatividade – inteligência de forma direta. Com base nesses aspectos, considera-se possível que a criança com indicação de dificuldade de aprendizagem apresente certas habilidades criativas e que a expressão dessas habilidades de alguma maneira se relaciona com habilidades cognitivas, sendo essa relação melhor identificada por meio de programas de intervenção em criatividade.
METODOLOGIA:
Visando verificar a evidência desse pressuposto, foram avaliados 34 alunos (8 – 12 anos), freqüentando a 2ª e 3ª série do Ensino Fundamental, de uma escola pública de Vitória/ES, com indicação de dificuldade de aprendizagem pelo desempenho inferior no Teste de Desempenho Escolar. Os alunos foram divididos em grupo controle (GC) e grupo experimental (GE), este último submetido a um programa de promoção da criatividade, desenvolvido em 25 sessões, durante um período de três meses, abordando atividades da área verbal e figurativa da criatividade. No pré e pós-teste, foram aplicadas provas cognitivas (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças – WISC e Matrizes Progressivas Coloridas de Raven - MPC) e de criatividade (Testes Torrance de Pensamento Criativo).
RESULTADOS:
Não havia diferenças significativas entre os dois grupos segundo o WISC, no pré-teste (QI-Total – GE: 92.6; GC: 92.6), sendo estes estatisticamente semelhantes em termos de habilidades cognitivas, e continuaram a manter essa semelhança no pós-teste (QI-Total – GE: 98.1; GC: 98.4). No pré-teste das MPC, que avalia o raciocínio analógico, verificou-se uma diferença significativa para GC (GC: 66.3; GE: 47.9); no pós-teste, essa diferença entre os dois grupos deixou de existir (GE: 60.2; GC: 68), com maior aumento do percentil médio no GE, porém não significativo. Nos Testes Torrance de Pensamento Criativo, após o período de intervenção, GE melhorou significativamente as médias em fluência verbal (pré: 15.4; pós: 21.4) e flexibilidade verbal (pré: 7.7; pós: 11.1), enquanto GC aumentou em flexibilidade verbal (pré: 7.7; pós: 10.1). Na forma figurativa dos Testes Torrance, no GE houve aumento das médias em fluência (pré: 16.4; pós: 18.8) e originalidade (pré: 8.9; pós: 10.2), mas sem significância estatística; enquanto no GC houve diminuição não significativa em fluência (pré: 17.3; pós: 15.9) e estabilidade em originalidade (pré: 9.1; pós: 9.4). Verificaram-se correlações entre as provas cognitivas e de criatividade, no pós-teste, somente para GE, entre o WISC e os Testes Torrance de Pensamento Criativo – Forma verbal e figurativa, e também entre as MPC e o Torrance Verbal.
CONCLUSÕES:
A melhora de desempenho dos grupos, especialmente o GE, no WISC e nas MPC, evidenciam a estreita relação entre habilidades cognitivas e a expressão de habilidades criativas em crianças com indicação de dificuldade de aprendizagem. Essa relação foi mais diretamente verificada por meio de correlações significativas, no pós-teste entre as provas cognitivas e de criatividade somente para GE, mostrando também os efeitos do programa de promoção da criatividade, visto, então, como relevante para o estímulo à criatividade. Os poucos ganhos nas habilidades criativas e cognitivas do GC chamam a atenção para a pequena influência da educação formal e de outros ambientes, como o familiar, sugerindo que esses tiveram pouca influência na expressão da criatividade desses alunos. Com base nisso, pode-se verificar a importância da intervenção para essa população, propiciando uma melhor inserção ou adaptação no sistema educacional e em outros ambientes.
Instituição de fomento: CNPq; FACITEC-PMV
Palavras-chave:  Habilidade criativa; Habilidade cognitiva; Dificuldade de aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004