IMPRIMIRVOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
A ESCOLA DO CAMPO NO MARANHÃO: DESAFIOS E CONTRADIÇÕES ENFRENTADAS PELO PRONERA/UFMA/MST/ASSEMA
Odaléia Alves da Costa 1   (autor)   aielado@yahoo.com.br
Michelle Freitas Teixeira 1   (autor)   mic.teixeira@zipmail.com.br
1. Departamento de Educação II, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
INTRODUÇÃO:
No Brasil, difundiu-se uma visão de que o analfabetismo é o culpado pelo atraso econômico e social do país. Não se relacionava o fenômeno a uma estrutura social complexa que não valorizava a educação do povo, bem como a formação de professores que atuassem diretamente na alfabetização desses sujeitos. Inúmeros projetos voltados para a educação de jovens e adultos são desenvolvidos nacionalmente. A esses projetos imprimem um caráter excludente e de total desinteresse em desenvolver uma educação voltada para as reais necessidades dos educandos. Partindo desta realidade, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA surge como uma alternativa, construída pelos movimentos sociais, que vem a se contrapor aos projetos impostos pelo governo, à revelia desses movimentos, tais como: Alfabetização Solidária, em nível nacional e o Vamos Ler, em nível estadual. Tendo como base o trabalho desenvolvido pelo PRONERA/UFMA/MST/ASSEMA, esta investigação teve como objetivo analisar a atuação do projeto quanto à superação da realidade acima citada e a implementação de uma educação que ultrapasse os limites da leitura e da escrita, com base em uma formação humana, política e cultural, voltada para as necessidades dos educandos que vivem em assentamentos de 9 municípios do Estado do Maranhão, envolvendo 18 turmas em nível de 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental e 2 turmas de Magistério em Nível Médio.
METODOLOGIA:
Desenvolveu-se um estudo de caso, de caráter etnográfico, cujos dados foram colhidos através de observação em sala de aula, num período de 12 meses, com participação direta na elaboração dos planejamentos juntamente com os monitores. Aplicou-se questionários e desenvolveu-se entrevistas e conversas informais com monitores, alunos do projeto, estudantes bolsistas e coordenadores. Realizou-se, também, estudos bibliográficos sobre educação popular e educação do campo, tendo como referência os estudos de Scocuglia (2000) , Freire (1978), Caldart (2000) e Paiva (1987).
RESULTADOS:
A partir da análise dos dados, constatou-se que apesar desse projeto ter surgido da reivindicação dos movimentos sociais do campo, manteve-se dependente da política de financiamento do governo federal, o que vem impedindo a consecução dos seus objetivos. Os dados a seguir, indicam a veracidade dos mesmos: a evasão, na grande maioria das turmas, chegou a 50% por conta da iluminação precária e dos problemas de visão que atingem alunos e monitores; a exemplo, uma turma ficou parada durante nove meses, porque o monitor tinha sérios problemas de visão e somente depois da superação desse problema as atividades foram retomadas. A descontinuidade no repasse de verbas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA compromete o desenvolvimento das ações pedagógicas: o nível de aprendizagem não foi alcançado em 3 turmas de 3ª e 4ª séries; a confecção das cartilhas utilizadas em sala de aula; a aquisição e o repasse de materiais didáticos, bem como o acompanhamento do desenvolvimento das atividades nas turmas, por parte dos estudantes universitários. Todavia, a valorização da formação dos professores vem sendo garantida pelo projeto através do curso de Magistério em nível médio, até o presente momento sem grandes complicações no seu desenvolvimento, e a consciência e empenho demonstrados por professores e alunos quanto às dificuldades enfrentadas, garantem a superação dos obstáculos e demonstram o compromisso com a construção da educação do campo.
CONCLUSÕES:
As dificuldades enfrentadas pelo PRONERA/UFMA/MST/ASSEMA vêm reafirmar o caráter de descaso por parte do governo com a promoção da educação de jovens e adultos do campo. A partir das propostas pedagógicas dos movimentos sociais, fundamentadas no modelo de educação libertadora, alfabetizadores, alfabetizandos, bem como coordenação e equipe de acompanhamento do PRONERA, enfrentam desafios e contradições em busca da formação do educando e do educador do campo. Esses aspectos demonstram a importância de uma educação que ultrapasse os limites da leitura e da escrita, no sentido da construção de uma escola do campo e que contribua com a construção da reforma agrária.
Instituição de fomento: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Palavras-chave:  educação do campo; movimentos sociais; educação de jovens e adultos.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004