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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA EXPERIÊNCIA PRAZEROSA COM POESIA DE MANOEL DE BARROS EM ESCOLA PÚBLICA, NA FLORESTA AMAZÔNICA
Maria Ester Godoy Pereira Maekawa 1, 2   (autor)   esterufmt@ig.com.br
Suíse Monteiro Leon Bordest 1   (orientador)   bordest@uol.com.br
Olinda Brito Leão Torres 1, 3   (colaborador)   olindinhak@ig.com.br
1. Instituto de Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Secretaria de Educação do Estado de Moto Grosso - SEDUC
3. Depto. de Geografia, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
INTRODUÇÃO:
Na atual sociedade capitalista, urge que se reflitam valores, olhares, rigores, percepções, sentimentos e sentidos. A experiência da escrita e do desenho na escola pode oferecer o reencantamento do mundo e da vida. O estudo das obras do poeta brasileiro e pantaneiro MANOEL DE BARROS oportunizou-nos observamos detalhes preciosos de lixo que se transformam em poesia. O protesto lírico, que questiona a superficialidade, nos impele à reflexão sobre a Educação Ambiental que desejamos nas raízes e na terra de nossas gerações. A valorização do ínfimo e transgressões à gramática valorizam a literatura genuinamente brasileira dando um toque lúdico que prazeriza o momento de ensino-aprendizagem. A poesia, articulada com a Educação e a criatividade, pode sugerir o prazer e ousar transformações político-sociais. Este estudo objetivou compreender a obra de Manoel de Barros, na tentativa de sugerir práticas pedagógicas que incentivem o/a estudante a recriar significados para a língua materna, bem como sensibilizar, instigar concepções alternativas de uma Educação Ambiental, na construção dos sentidos que despertem o/a educando/a a trabalhar com palavras vivas, provocadoras, inovadoras, criando expectativa de um mundo melhor.
METODOLOGIA:
Trilhamos o caminho da fenomenologia, que valoriza os sentidos do ser com o/a outro/a e o mundo, segundo postulados de Merleau Ponty. Mergulhamos, nesta pesquisa, qualitativa, com observação participante, em universo amostral localizado a 970 km de Cuiabá, em ambiente de Floresta Amazônica, no noroeste de Mato Grosso, Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, no município de Juruena. Foram estudadas várias obras do autor, com a turma da 6ª série matutina, composta de 6 alunos e 9 alunas. O trabalho foi realizado em set/out/nov de 2003, com equipe interdisciplinar, contando com participação ativa de professores/as e pesquisadoras. Procurou-se fazer emergir a multi-referencialidade na educação, buscando o diálogo de vários saberes: local e acadêmico a fim de motivar os/as aprendentes. Utilizaram-se várias obras impressas e um CD com poesias de MANOEL DE BARROS. Para coleta de dados, os alunos/as desenharam o meio ambiente e redigiram textos, tomando-se por base os poemas estudados do autor.
RESULTADOS:
Os/as estudantes apresentaram textos poéticos, repletos de reflexões sobre a vida humana e toda sua trama de relações com o ecossistema. Seus desenhos passaram a incluir seres humanos como pertencentes à natureza, o que não acontecia antes do estudo dos textos de Manoel. As imagens mentais apresentadas demonstraram uma visão menos antropocêntrica dos ambientes real e imaginário. Os/as adolescentes confeccionaram um livro artesanalmente, com história e figuras criadas pela própria turma, cujo tema “meio ambiente” permeou todo o contexto. As professoras demonstraram satisfação com o resultado escolar e se propuseram a dar continuidade a estudo das poesias do autor com outras turmas.
CONCLUSÕES:
A obra do poeta pantaneiro Manoel de Barros viabilizou atividades pedagógicas em Educação Ambiental. Como tema de proposta educacional, inspirou e aguçou a criatividade de estudantes da floresta amazônica, indicando que a “poesia” é um elemento transcendente que sensibiliza a todos/as independente de sexo, idade, lugar ou tempo. Infelizmente, notou-se o desconhecimento das obras do autor pela maioria dos/as profissionais da educação, o que denota que nossa cultura ainda é pouco divulgada. Valorizar poetas brasileiros no cotidiano escolar pode auxiliar aos educadores/as a apontar caminhos na direção de um melhor entendimento entre os seres da própria comunidade local e/ou global, bem como o acolhimento da VIDA-EM-SI. Três elementos da natureza: água, terra e ar são artesanalmente articulados nas palavras e frases recriadas de Manoel de Barros e emolduradas por uma sensibilidade ímpar do poeta. Impossível é tentar entender o poema “reto”, porque ele não existe no autor. Sentí-lo é o melhor caminho!...
Palavras-chave:  Educação Ambiental; Poesia; Floresta Amazônica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004