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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
OS JOVENS DOS CURSOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PUC CAMPINAS E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA RELAÇÃO GERIDA PELO MERCADO OU PELA APRENDIZAGEM?
Teresinha Cristiane de Morais 1   (autor)   teresacm@mpc.com.br
1. Profa. Dra. do Centro de Linguagem e Comunicação -PUC Campinas
INTRODUÇÃO:
Tratamos aqui do jovem dos cursos de Comunicação Social da PUC Campinas, procurando apresentá-lo como um problema sociológico-educacional que emerge de realidades distintas. Ao tratar a categoria juventude do ponto de vista histórico, é possível compreender de várias maneiras os aspectos juvenis e percebê-los como “problema social” no tempo recente. Um dos objetivos deste estudo é apresentar e compreender o jovem dentro de um momento histórico crítico, cuja crise sistêmica se reflete de forma aguda no mercado de trabalho: estamos analisando o jovem em plena vida universitária e suas projeções para o mercado profissional. A escolha dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas deu-se por serem estes mais imediatamente ligados ao mercado de trabalho, mas que, não sendo tradicionais, apresentam violentas contradições em relação a esse mesmo mercado e às suas culturas que, quanto às suas ações, significados e funções profissionais, não se encontram ainda bem definidos. Mais: o surgimento de outras Instituições de Ensino Superior na cidade e região, oferecendo cursos de prestígio no mercado de Comunicação Social provocou o acirramento da concorrência entre as Instituições, deixando o jovem ainda mais angustiado em relação a seu futuro profissional, refletindo esse comportamento diretamente na relação professor-aluno (outro objetivo de nossa análise), tornando-a cada vez mais conflituosa, o que dificulta a real dimensão do processo de aprendizagem.
METODOLOGIA:
A observação espontânea sobre os alunos em sala de aula deu início a um planejamento mais detalhado da atividade de pesquisa. Embora não houvesse estabelecido pré-categorias para observação, percebeu-se que no segmento era possível descobrir aspectos que ajudariam a compreender o fenômeno social já indicado na introdução: o comportamento juvenil e a relação professor-aluno. Essa escolha contextualiza-se no espaço do ensino privado, no qual o conhecimento aprofundado dos alunos é fundamental para mantê-los na própria Instituição. Os procedimentos adotados passaram a ser: observação sistemática, resultados quantitativos gerados coletivamente no processo de Avaliação Institucional da própria Universidade nos anos de 1998 e 2000, resultados qualitativos colhidos de modo pessoal, particular e complementar ao quantitativo por meio da técnica de Discussão em Grupo e dados de fonte secundária do vestibular o qual possibilitou traçar o perfil do aluno. Todos esses procedimentos tiveram como pressupostos uma delimitação precisa do campo da investigação, tanto no tempo como no espaço: jovens dos cursos de Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas) da PUC Campinas dos anos de 1998 até 2001. O ano de início do trabalho e análise ocorreram em função da primeira realização da Avaliação Institucional (exigência do MEC) na Universidade e o ano para o término deu-se em razão do início da Reestruturação Curricular dos cursos da PUC Campinas.
RESULTADOS:
A partir de1995 houve uma variação no número de ingressantes na PUC Campinas: até 1998, a perda de alunos girou em torno de 9%. De 1998 até o ano de 2001, essa média se manteve. Com relação à idade, a maior média dos ingressantes nesse período (58,8%) encontra-se entre 18 e 20 anos, mostrando uma tendência de crescimento entre as menores faixas etárias, sendo nossos alunos cada vez mais jovens e, nossos professores menos preparados para compreender esse estágio de vida; em 2001, 63,93% dos ingressantes estavam entre 18 e 20 anos e com menos de 18 anos, 4,7%. Entre 1998 e 2000, a média de alunos ingressantes e trabalhadores era de 36,9%, principais responsáveis pelas mensalidades de seus cursos; 46,6% em média dependia da família e não exercia atividade remunerada. Embora a PUC tenha um contingente significativo de alunos que trabalham logo no ingresso do curso, a maioria não desenvolve atividade remunerada, número que vem aumentando em função da ausência de oferta de emprego no mercado. O principal motivo para estarem fazendo curso universitário está relacionado à busca por uma formação profissional voltada para o trabalho (74,85%). As relações professor-aluno são valorizadas pelo segmento estudantil. Contudo, nos cursos de Comunicação Social, em razão de boa parte dos professores estarem vinculados diretamente ao mercado, o aluno passa a cobrar respostas mais imediatas quanto a seu futuro profissional, confundindo o papel do professor com o de agenciador ou contratante.
CONCLUSÕES:
A principal preocupação dos nossos jovens está voltada para a conquista de um lugar no campo profissional. A valorização do mercado como agente regulador das relações humanas é natural entre esses jovens. Isso explica o porquê da aceitação tão passiva de boa universidade como aquela que prepara seus alunos para o mercado de trabalho. O maior medo vivido pelos jovens é o de não conseguir emprego quando se formarem e de não serem reconhecidos profissionalmente. Vivem uma situação de insegurança com relação ao exercício profissional, a sensação de não terem aprendido o suficiente para concorrerem com outros que já preenchem a reserva de mercado. Na Comunicação Social a didática voltada para a realidade de mercado já existe: metade dos professores dos cursos está diretamente inserido no mercado da comunicação. Faz-se necessário ao professor compreender a conjuntura social, política e econômica do momento e preparar o jovem para o enfrentamento de uma situação que poderá persistir por algum tempo e/ou evoluir para o aprofundamento da crise. A sensação de abandono do aluno faz-se perceber na intensa agressividade aos seus professores, que ao final do curso passam a ser assediados por uma vaga no mercado. O professor, ao não responder aos anseios desses jovens, rompe com as ilusões de um mundo melhor terminada a vida universitária, tornando a relação professor-aluno ainda mais conflituosa, já que passa a ser gerida pelas leis da conquista do mercado e não da aprendizagem.
Palavras-chave:  Comunicação Social e Educação; Relação Professor-Aluno; Juventude e Trabalho.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004