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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES ARBUSTIVAS E ARBÓREAS NATIVAS COM INDICATIVO PARA RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO PROJETO DE REFLORESTAMENTO PARA SEQUESTRO DE CARBONO NA FAZENDA SÃO NICOLAU, COTRIGUAÇU - MT
Gheorges Wilians Rotta 1   (autor)   gwrflorestal@yahoo.com.br
Marcia Elisabete Klein 2   (orientador)   meklein@cpd.ufmt.br
José Vespasiano Lisboa Assumpção 3   (co-orientador)   f.sabah@terra.com.br
Leopoldo Fernandes Custódio 3   (colaborador)   onfbrasil@terra.com.br
1. Graduando de Engenharia Florestal do Programa de Ciências Agro-Ambientais - UNEMAT
2. Pós-granduanda do Depto. de Física, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
3. Office National de Forets - ONF Brasil, Cotriguaçu / MT
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia Mato-grossense, a substituição das matas por pastagem para a pecuária tem sido prática constante. As gramíneas exóticas utilizadas encontram fatores ambientais favoráveis ao desenvolvimento.
O reflorestamento dessas áreas, principalmente as de preservação permanente, apresenta limites impostos pela competitividade das gramíneas, tendo um ambiente desfavorável para recolonização de espécies arbustivas e arbóreas nativas.
O Projeto Poço de Carbono implantado na Fazenda São Nicolau, no componente reflorestamento, atua também nas áreas de preservação permanente (APP) ocupadas por pastagem Brachiaria brizantha e Panicum maximum. Desde 1999, estão sendo aplicadas nas APP’s as mesmas técnicas utilizadas nas demais áreas. No entanto, os resultados têm sido insatisfatórios, mas de fundamental importância, pois definem fatores como a escolha de espécies, manutenção para diminuir a competitividade com as pastagens e observação das condições de umidade do solo.
A partir de observações nos fragmentos em regeneração natural nas áreas ciliares, propor-se um levantamento das espécies vegetais, fundamentado no princípio de que apresentam maior resistência à adversidade do local.
Assim, para indicação nos plantios de recuperação das áreas de preservação permanente na Fazenda São Nicolau, objetivou-se identificar as espécies da flora, em fragmentos de mata ciliar em variados estádios de regeneração natural, observando a distribuição das espécies conforme as condições de umidade do solo.
METODOLOGIA:
A Fazenda São Nicolau, situada em Cotriguaçu, noroeste de Mato Grosso, teve sua ocupação pela atividade pecuária no início da década de 80 e o último desmatamento em 1998, ano anterior à aquisição do imóvel pela ONF Brasil, para execução do projeto de reflorestamento para seqüestro de carbono sobre a área de pastagem.
A pesquisa foi desenvolvida em julho de 2003. Para o estudo foram utilizadas áreas classificadas em diferentes estádios de regeneração natural, sendo área com pastagem (reduzida ocupação de arbustos e árvores), em estádio inicial de regeneração (média incidência de arbustos e árvores e presença de pastagem) e estádio secundário (com arbustos e árvores e ausência de pastagem).
Foram realizadas caminhadas aleatórias nas margens dos cursos d’água. Coletou-se material botânico de espécies arbustivas e arbóreas com ocorrência de material fértil utilizando-se podão e tesoura de poda.
O material coletado foi herborizado e, quando possível, fotografado folhas e flores em fundo de tecido preto, frutos e sementes em papel azul quadriculado (1 x 1cm), no local de coleta.
As espécies coletadas foram previamente identificadas através de literatura especializada (Lorenzi, 1998; Ribeiro et al, 1999) e enviadas à Universidade Federal de Mato Grosso em Cuiabá, para identificação por profissionais do Herbário Central.
As espécies foram denominadas tolerantes, intolerantes e indiferentes à inundação, conforme distribuição em relação às condições de umidade do solo (Lobo & Joly, 2000).
RESULTADOS:
Foram identificadas onze espécies, sendo Apeiba tibourbou (escova de macaco), Bauhinia ungulata (pata-de-vaca), Cochlospermum regium (algodão do campo), Esembeckia pumila (três folhas), Euterpe oleracea (açaí), Guazuma ulmifolia (mutamba), Isertia cf. hypoleuca (rabo de arara), Mauritia flexuosa (buriti), Piptadenia sp (angiquinho), Sapindus sp (olho de índio) e Solanum lycocarpom (lobeira).
A Apeiba tibourbou (Tiliaceae) e Cochlospermum regium (Cochlospermaceae) presentes em áreas em regeneração inicial e secundária e são intolerantes à inundação.
Bauhinia ungulata (Caesalpiniaceae) encontrada em áreas de pastagem e em área de regeneração natural em estádio inicial. Em relação às condições de umidade do solo, a espécie foi considerada indiferente e intolerante à inundação.
Esembeckia pumila (Rutaceae), Guazuma ulmifolia (Sterculiaceae), Sapindus sp (Sapindaceae), Solanum lycocarpom (Solanaceae) foram encontradas em áreas com pastagem e áreas em estádio inicial de regeneração, consideradas intolerantes à inundação.
Euterpe oleracea (Arecaceae), encontrou-se em áreas secundária e inicial, sendo tolerante e indiferente à inundação.
A Isertia cf. hypoleuca (Rubiaceae), em áreas secundária e inicial, indiferente à inundação.
Mauritia flexuosa (Arecaceae) em área inicial e secundária, tolerante à inundação.
Piptadenia sp (Mimosaceae) em inicial e pastagem, intolerante à inundação.
CONCLUSÕES:
Através deste estudo será possível indicar as espécies nativas mais adequadas para o plantio de recuperação de áreas ciliares, pois estas estão adaptadas à variação dos fatores ambientais local.
Assim, dependendo do modelo de recuperação a ser implantado, pode-se optar pelas espécies identificadas que mais se enquadram ao ambiente a ser recuperado, já que foram estudas áreas em diferentes estádios de regeneração natural e observado as condições de umidade do solo, que é um dos fatores a ser respeitado nas técnicas de recuperação de matas ciliares.
Portanto, espera-se que com estes dados, aliados a outros fatores não abordados nesta pesquisa, seja possível recuperar as matas ciliares na Fazenda São Nicolau.
Instituição de fomento: ONF Brasil / PSA PEUGEOT CITROËN
Palavras-chave:  vegetação nativa; mata ciliar; reflorestamento.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004