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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
AVALIAÇÃO DA CRIMINALIDADE SOB A ÓTICA DOS RISCOS AMBIENTAIS SOCIAIS EM JUIZ DE FORA, MG
Cristiane Campos Toledo 1   (autor)   cristianegeo@yahoo.com.br
Fillipe Tamiozzo Pereira Torres 1   (autor)   torresftp@yahoo.com.br
Helen de Oliveira Faria 1   (autor)   helengeo@bol.com.br
Luiz Alberto Martins 1   (colaborador)   lalberto@artnet.com.br
Geraldo César Rocha 1   (orientador)   geraldo@ichl.ufjf.br
1. Departamento de Geociências, Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF
INTRODUÇÃO:
A violência está atingindo toda sociedade, e especialmente nas cidades, ela tem alcançado níveis alarmantes. Estatísticas nacionais apontam para um significativo crescimento de todas as modalidades de delitos nas áreas urbanas. O presente trabalho aborda a violência incutida nas cidades médias e através de um estudo de caso é feita uma abordagem dos riscos que a violência apresenta no município de Juiz de Fora, MG. A cidade localiza-se no sudeste do Estado de Minas Gerais, sendo o principal centro urbano da Zona da Mata Mineira; está a cerca de 184 km de distância da cidade do Rio de Janeiro, e 272 km da capital Belo Horizonte. Segundo o IBGE, em 2000 a cidade mostrava um contingente de 456.796 habitantes. O objetivo principal deste estudo é espacializar as diversas tipologias criminais, para se estabelecer diferentes níveis de riscos ambientais sociais. A distribuição dos crimes por área torna-se um importante referencial para ações de gestão urbana e de segurança, sobretudo na prevenção de ocorrências desses delitos. Os resultados obtidos irão se somar à outros mapeamentos preventivos já desenvolvidos pelo Núcleo de Zoneamento e Risco Ambiental (UFJF/CNPq) sobre riscos tecnológicos e naturais, de modo a se ter uma avaliação visando a prevenção para acidentes tecnológicos, naturais e sociais aos quais a população juizforana está exposta.
METODOLOGIA:
Para atender ao objetivo desta proposta, recorreu-se ao banco de dados da Polícia Militar de Juiz de Fora (COPOM - 4° RPM) e selecionou-se dados das diferentes tipologias criminais enfocadas por este estudo: roubo a transeuntes, roubo a veículos, roubo a residências, roubo à estabelecimentos comerciais, tráfico de entorpecentes e homicídios, com base no ano de 2002. O mapeamento e avaliação das ocorrências criminais foi realizado com o emprego de técnicas de Geoprocessamento, com base na metodologia de Análise Geo-Ambiental SAGA. A metodologia adotada consta de duas frentes de trabalho: Pré-Geoprocessamento, com aquisição dos dados em laboratório, e Geoprocessamento dos dados, para obtenção de seus produtos e checagem em campo. Os dados das diferentes tipologias criminais foram cruzados com os dados referentes ao número de habitantes de cada bairro e agrupados em classes de risco social de acordo com os valores observados, assim divididos: Baixíssimo Risco - nenhuma ocorrência; Baixo Risco - 1 a 5 casos; Médio Risco - 6 a 10 casos; Alto Risco - 11 a 20 casos; Altíssimo Risco - acima de 20 casos.
RESULTADOS:
Como resultados foram obtidos seis cartogramas referentes à roubo à transeuntes, roubo à veículos, roubo à residências, roubo à estabelecimentos comerciais, tráfico de entorpecentes e homicídios. Com a análise dos mapas, pode-se observar diversas características da criminalidade no município de Juiz de Fora como o fato de que o centro da cidade e os bairros próximos, correspondem à área que apresenta um maior nível de risco em todos os delitos. Às outras regiões que correspondem índices consideráveis de alguns delitos, como o de roubo à residências, são justamente as que acompanham os vetores de expansão urbana da cidade, como as regiões Norte e Sudoeste. Contudo, as regiões periféricas, onde a exclusão social é mais explícita, apresentam também dados interessantes, classificadas como de médio e alto risco em alguns delitos, enquanto que em áreas em que a população tem um poder aquisitivo maior, os níveis de riscos são mais baixos. Os dados referentes a assaltos à transeuntes mostram um dado interessante, o altíssimo risco não apenas no centro da cidade, mas também no bairro Aeroporto, uma área residencial de baixa densidade, com um grande número de granjas que são utilizadas principalmente em finais de semana, tornando o alto índice deste delito um caso singular, já que o mesmo só é superado pelo centro da cidade. Os riscos à homicídios e atuação de traficantes de entorpecentes, mostrou também níveis altos nas regiões onde a população tem menor poder aquisitivo.
CONCLUSÕES:
Como conclusões deste estudo, pode-se colocar que o centro da cidade, pela sua forte concentração demográfica e de serviços, é classificado em todos os delitos como área de altíssimo risco, demandando assim uma maior atenção pelos órgãos responsáveis. Por exemplo, o policiamento ostensivo, o qual inibiria a ação de alguns contraventores, pode ser incrementado nas áreas de maior risco. Com relação ao roubo de veículos, foram registradas duas ocorrências no campus da UFJF indicando vulnerabilidade da área, a qual é acentuada pelo baixo contingente de seguranças da própria Universidade. O poder aquisitivo mostrou ser um forte determinante no número de ocorrências, onde os bairros de menor densidade populacional, mas com maior poder monetário, apresentam riscos sensivelmente baixos, graças ao acesso de seus moradores à meios de segurança mais eficazes, como seguranças particulares, cercas elétricas e dispositivos de alarmes, entre outros. O pequeno comércio também apresenta certa vulnerabilidade em bairros periféricos residenciais, sobretudo nas regiões que acompanham os vetores de expansão da cidade, demandando também uma maior atenção pelos órgãos responsáveis.
Palavras-chave:  Criminalidade; Mapeamento; Cidade.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004