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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
OS BECOS DA "UNESCO MARANHENSE"
Fabíola Caroline Furtado Barros 1   (autor)   biabarros7@hotmail.com
Lúcio Silva Carneiro Júnior 1   (autor)   luciocarneirojr@uol.com.br
1. Depto. de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual do Maranhão  UEMA
INTRODUÇÃO:
Partindo da análise do primeiro traçado urbano da ilha de São Luís realizado pelo engenheiro militar Francisco Frias de Mesquita (mais especificamente na área da Praia Grande, tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Humanidade, cujo traçado estruturou-se ortogonalmente, com quarteirões simétricos e espaços de arruamentos constantes, orientados de acordo com os pontos cardeais), compreende-se a implantação dos becos no traçado urbano, partindo da gênese até a importância para o desenvolvimento desta e sua evolução na malha. Explicar-se-á o porquê dos becos e não ruas; será por medida de segurança contra invasores (uma vez que a ilha de São Luís era foco de interesse de várias civilizações européias) ou simplesmente como atalho para o mar? De uma forma ou de outra esses becos tiveram outras tantas utilidades, como por exemplo: o Beco da Bosta era por onde transitavam os escravos carregando em tonéis os excrementos de seus senhores para joga-los na maré; o Beco da Prensa serviu de prensa de algodão; no Beco da Mangueira alguns moradores locais se agrupavam embaixo de uma mangueira. Além desses, tantos outros becos possuem nomes sugestivos e, em setenta e oito porcento dos casos possuem toponímia. Objetiva-se, então, mostrar a importância dos becos para o desenvolvimento da cidade, nos aspectos arquitetônico e histórico-cultural. A relevância deste trabalho é conhecer e preservar a história que emana de nossos antepassados.
METODOLOGIA:
O embasamento teórico do trabalho consiste em pesquisas bibliográficas e documentais com base em livros históricos que remetem ao século do descobrimento e desenvolvimento da cidade em questão, até os dias atuais, bem como minuciosa análise a Códigos de Postura Municipais que regeram a época. Analisou-se também o traçado urbano através da leitura de mapas de diferentes épocas, além de observações in loco e discussões junto a estudiosos do referido assunto como: arquitetos, historiadores e afins.
RESULTADOS:
Identifica-se como fator determinante para a implantação dos becos a necessidade de acesso direto ao mar, vencendo as dificuldades topográficas acentuadas com escadarias. Além disso, o perfil estreito do logradouro permitia maior controle no combate a possíveis invasores, o que fortifica a teoria de que os becos eram estratégias militares de defesa.
CONCLUSÕES:
Mediante o estudo realizado, viu-se que: desde a gênese, os becos tornaram-se imprescindíveis, visto que serviam de passagem para transeuntes no acesso ao mar; possuíam ação socializadora, agrupando moradores e refugiando e abrigando escravos fugidos (o que a difere das ruas, pois estas serviam apenas de passagem e contemplação); serviu de observatório para os soldados militares que tinham a visão das embarcações que chegavam sem, no entanto, serem vistos; as escadarias em pedras de cantaria venciam facilmente as dificuldades topográficas existentes em alguns dos becos, o que as tornam significativas e necessárias no contexto geral; a toponímia dos becos é marcante devido a seus sugestivos nomes. Por estes e outros tantos fatores é importante mostrar à sociedade o valor desse patrimônio e incutir em cada uma delas a necessidade de preservá-lo.
Palavras-chave:  gênese dos becos; toponímia; preservação histórico-cultural.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004