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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
PENTAMIDINA NO TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR EM MATO GROSSO - INDICAÇÕES E RESPOSTA TERAPÊUTICA.
Márcia Hueb 1   (orientador)   mhueb@terra.com.br
Andrea Jaime Mendanha 1   (autor)   mend.aj@zipmail.com.br
Mariana Miguel Fraga 1   (autor)   mariana_fraga@yahoo.com
Luciano Correa Ribeiro 1   (autor)   lucorrea@terra.com.br
Cláudia Parente Cherin 1   (autor)   cacauuzinha@hotmail.com
Maíra B. Quadros 1   (autor)   mbquadros@yahoo.com.br
1. Depto. de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT
INTRODUÇÃO:
São revistos os casos de leishmaniose cutânea (LC) ou mucosa (LM) que foram tratados com Pentamidina no serviço de referência para leishmanioses do HU Júlio Müller (UFMT), no período de 18 meses. No estado há predominância de L. braziliensis, sendo então o tratamento com antimonial pentavalente o de primeira escolha. Objetivo: Descrever a indicação de tratamento e a resposta terapêutica com a Pentamidina para estes casos.
METODOLOGIA:
Os casos foram analisados retrospectivamente por revisão de prontuário. No total foram 40 pacientes avaliados. Foi utilizada a dose de 4 mg/Kg por aplicação, variando o total de doses.
RESULTADOS:
De 40 pacientes, 39 eram do sexo masculino, tendo a idade variado de 10 a 78 anos (média de 35); 35 eram procedentes de MT. Quanto ao tempo de doença, a média foi de 5 meses, com variação de 25 dias a 20 anos. Quanto a forma clínica, 26 (65%) portavam LC, 8 (20%) LM, 2 (5%) forma cutâneo-mucosa e 4 (10%) forma disseminada. A localização preferencial das lesões cutâneas foi em cabeça e pescoço (70%). Dez pacientes (25%) utilizaram a Pentamidina como 1ª. escolha, em decorrência de alterações em exames complementares; para os 30 restantes a Pentamidina foi utilizada no retratamento. Um total de 10 doses foi utilizado em 27 pacientes (67,5%); outros 10 utilizaram 5 doses, e 3, 15 ou mais doses. Hiperglicemia transitória ocorreu em 15%, artralgia em 12,5%, sendo todos os outros efeitos adversos relatados em freqüência inferior a 10%. Ao término do tratamento, 35 pacientes tinham cicatrização parcial de suas lesões e 4 cicatrização completa. Do total, 8 pacientes não compareceram à avaliação agendada para 90 dias após o término; dos restantes 32, 3 ainda estão em seguimento, 20 tiveram cura clínica, 5 não responderam e 4 tiveram melhora parcial.
CONCLUSÕES:
A Pentamidina pode ser considerada como alternativa para o tratamento da leishmaniose tegumentar, mesmo em área de predomínio de L. braziliensis, tendo mostrado boa ação terapêutica com baixa freqüência de efeitos colaterais. A Anfotericina B é considerada a droga de segunda escolha para a LC quando não há resposta ao antimonial, mas apesar de apresentar ótima ação terapêutica se associa a elevada freqüência de efeitos colaterais e é de difícil aplicação e seguimento, necessitando com freqüência de acompanhamento hospitalar com o paciente internado; a opção pela Pentamidina como segunda escolha nestas situações poderia ser considerada, tendo em vista uma melhor operacionalidade. A principal indicação para a Pentamidina nos casos apresentados foi a falha terapêutica com o antimonial; observa-se que a estes apresentavam lesões preferencialmente em cabeça e pescoço, indicando uma provável dificuldade de cicatrização das lesões nesta localização, quando comparada a outras localizações de lesão, inclusive mais freqüentes como membros inferiores. Também os pacientes com LM, forma clínica associada freqüentemente a resposta terapêutica inferior, tiveram suas lesões cicatrizadas com o uso da Pentamidina.
Palavras-chave:  leishmaniose; tratamento; pentamidina.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004