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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
CO-INFECÇÃO HIV/LEISHMANIA: ASPECTOS CLÍNICOS E IMUNOLÓGICOS DE DEZESSEIS CASOS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA PARA LEISHMANIOSE DO HUJM/UFMT
Marcia Hueb 1   (orientador)   mhueb@terra.com.br
Mariana Miguel Fraga 1   (autor)   mariana_fraga@yahoo.com
Andrea Jaime Mendanha 1   (autor)   mend.aj@zipmail.com.br
Luciano Correa Ribeiro 1   (autor)   lucorrea@terra.com.br
Cláudia Parente Cherin 1   (autor)   cacauuzinha@hotmail.com
Maira B. Quadros 1   (autor)   mquadros@yahoo.com.br
1. Depto. de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Federal de Mato Grosso- UFMT
INTRODUÇÃO:
A infecção pelo HIV possibilita o surgimento de várias infecções oportunistas. A associação de leishmaniose visceral (LV) com a doença pelo HIV tem sido amplamente descrita na literatura mundial. Observou-se nesses pacientes que a evolução clínica da leishmaniose visceral poderia ser modificada, bem como sua resposta ao tratamento convencional. Em relação à associação leishmaniose tegumentar e infecção por HIV são poucos os casos relatados na literatura, sendo escasso o conhecimento da relação desta doença com a imunodeficiência, sua evolução clínica e resposta terapêutica quando essas duas doenças se associam. Objetivo: Descrever os dados dos primeiros casos de co-infecção Leishmania/HIV de pacientes com leishmaniose tegumentar acompanhados no Serviço de Referência para Leishmanioses (SRL/UFMT), considerando a avaliação do impacto das alterações imunológicas geradas pelo HIV na expressão clínica da leishmaniose, bem como a avaliação da resposta terapêutica nestes casos.
METODOLOGIA:
O estudo iniciou-se em junho de 2003. Procedeu-se a análise retrospectiva dos pacientes acompanhados antes de junho de 2003, sendo revisados os dados de prontuário médico, e a análise prospectiva daqueles incluídos posteriormente a esta data, com preenchimento de ficha cadastral detalhada. Todos os pacientes foram atendidos no ambulatório do SRL/UFMT. Foram realizados exames clínicos e laboratoriais indicados e ECG. Os pacientes que não estavam internados compareciam diariamente ao hospital para receberem medicação, sendo submetidos semanalmente às consultas durante esta fase e posteriormente sempre que indicado até completa resolução do caso.
RESULTADOS:
Foram analisados 16 casos de co- infecção, havendo predomínio do sexo masculino (87,5%) e a idade variando de 28 a 57 anos, com média de 35,6 anos. Houve 3 casos de leishmaniose cutânea , 6 casos de mucosa, 5 casos de cutâneo- mucosa e 2 casos de disseminada. Quanto à situação imunológica dos pacientes, apenas um paciente teve contagem CD4 acima de 500, quatro com CD4 entre 200 e 500 e seis menor que 200. Dos dois pacientes com leishmaniose disseminada, um apresentava CD4 de 74 (a menor contagem) e outro de 451 (a segunda maior contagem). Quanto ao exame parasitológico, observou-se que todos os pacientes com leishmaniose mucosa foram positivos. Em relação a intradermorreação de Montenegro (IRM), dos onze testados, seis foram reatores e cinco não- reatores. Dos reatores, o que apresentou o maior valor de IRM (20mm) apresentava-se com a maior contagem de CD4 (553 células). O Glucantime® foi prescrito como droga de primeira escolha em todos os pacientes e a resposta inicial foi geralmente satisfatória, porém houve maior número de recidivas (7 casos), sendo indicado assim, drogas de segunda linha (pentamidina e anfotericina B). Sete apresentaram cicatrização completa das lesões (entre eles o paciente de menor CD4), 4 ainda encontram-se em avaliação, seja em tratamento ou observação até 3 meses após o término do tratamento e 5 tiveram resposta indefinida ao tratamento, 3 por óbito durante o tratamento e 2 por perda de seguimento no serviço.
CONCLUSÕES:
Na série aqui apresentada, não se observou correlação entre a forma clínica ou gravidade da leishmaniose e contagem de células CD4 ou estágio evolutivo da doença pelo HIV; também não se identificou correlação entre a situação imunológica e a resposta às diferentes drogas. Doze de nossos pacientes apresentaram alguma lesão mucosa, apontando uma tendência nestes casos. Em diferentes estudos observou-se que estas lesões ocorrem em 5% ou menos dos pacientes com LT. O encontro de parasitas é incomum nas lesões mucosas, mas observou-se que todos os aqui relatados tiveram exames positivos, sendo este dado talvez de importância na suspeição de co-infecção. A não resposta a IRM nos 5 pacientes relatados está provavelmente associada à deficiência da resposta imune celular. Apesar da série aqui apresentada ser a maior que se conheça de co-morbidade AIDS/ HIV e leishmaniose tegumentar, é provável que a ausência de correlação esperada entre gravidade da LT e condição imunológica dos pacientes tenha ocorrido pelo pequeno número de observações. Assim, a continuidade do seguimento destes e de outros casos poderão acrescentar ao conhecimento desta condição.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Leishmaniose; HIV/ AIDS; co- infecçâo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004