IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana BRASÍLIA: ESPAÇO, SÍMBOLO E AÇÃO André Lopes Pacheco Ormond 1   (autor)   aormond82@hotmail.com Annie Karen Fares das Chagas 2   (autor)   anniechagas@yahoo.com.br Michele Nascimento 1   (autor)   mngeo@uol.com.br Ana Clara Torres Ribeiro 3   (orientador)   ana_ribeiro@uol.com.br 1. Graduando do Depto. de Geografia, Universiade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 2. 02 Graduanda da Escola de Comunicação Social - Habilitação Jornalismo - ECO/UFRJ 3. 03 Profa Dra do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional - IPPUR/UFRJ INTRODUÇÃO: O presente trabalho objetiva a análise do espaço simbólico na Região Metropolitana de Brasília. Trata-se de proposta de estudo interdisciplinar, na qual a ação social é valorizada como ponto de partida teórico-analítico para a interpretação de fenômenos relacionados ao território (re)construído pelas práticas sociais. Assim, em torno de metodologia para a análise da ação em desenvolvimento no Laboratório da Conjuntura Social: tecnologia e território (LASTRO), do IPPUR/UFRJ, aliam-se geógrafos e jornalistas na tentativa de melhor compreender os processos de representação e estigmatização dos lugares, a sua apropriação por atores políticos e a leitura do espaço em movimento difundida pela grande imprensa. Neste sentido, a observação e classificação diária dos protestos e reivindicações, noticiados pelo Correio Braziliense, subsidiam a formulação de hipóteses referidas à relação entre motivação / objetivo da ação e localização de práticas, sendo valorizada a apropriação estratégica de conteúdos simbólicos do espaço no epicentro político do país. O trabalho expressa a intenção de difundir conhecimentos relativos à ação social e à micro-conjuntura urbana detidos pelo laboratório, que envolvem o uso da denominada cartografia da ação, o reconhecimento analítico de conflitos sociais, os nexos simbólicos da ação social e estudos de escala dos fenômenos tratados. METODOLOGIA: O trabalho apresenta o estudo da apropriação estratégica do espaço por distintos atores políticos, através de notícias classificadas no Banco de Ações e Processos Sociais do LASTRO. Este é um estudo dirigido às ofertas simbólicas de cada lugar, reconhecidas através de bibliografia especializada, e do denominado, por Milton Santos, território praticado. Trata-se do confronto entre a motivação / objetivo da ação e a sua visibilidade, alcançada através da mídia. Neste estudo, valoriza-se a forma-conteúdo da ação e a intervenção dos mediadores, sobretudo daqueles que alteram os elos entre fato e representação / imagem. A pesquisa que sustenta o presente estudo apóia-se no estudo sistemático de fatos-relatos. Este estudo obedece às metas analíticas maiores do laboratório. Entre estas metas, encontra-se o exame de rupturas do cotidiano metropolitano e a compreensão das incertezas que envolvem a ação social. Assim, os fenômenos considerados no trabalho surgem do cruzamento de dados relativos às manifestações sociais e à apropriação do espaço, sendo identificadas rupturas escalares da ação. A análise da ação incorpora, além de sua motivação/objetivo, características dos sujeitos da ação e de seus opositores, relacionando-as a mudanças em representações do espaço social.. Por fim, registra-se que o estudo também se apóia na reflexão crítica da imprensa, o que pressupõe o uso de informações sobre a história institucional da fonte de informação (Correio Braziliense) e a análise sistemática dos conteúdos simbólicos dos fatos-relatos reunidos no Banco de Ações e Processos Sociais. RESULTADOS: No trabalho, observa-se a apropriação do espaço simbólico por numerosos atores sociais. Esta observação inclui a reconstrução analítica dos trajetos urbanos da ação; dos rituais adotados em protestos e reivindicações; das formas de ocupação do espaço (por ex: passeatas, acampamentos); da temporalidade da ação; dos recursos simbólicos acionados na ação; do diálogo entre estes recursos e aqueles oferecidos pela metrópole. A apropriação do espaço tende a expressar racionalidades em ato, ou seja, a busca de vínculos entre ação e o seu contexto, o que envolve o acúmulo de experiências políticas de diferentes atores políticos; a articulação entre motivação / objetivos e escolha do espaço-tempo da ação; a amplificação ou redução dos impactos da ação por suas conexões com elementos do imaginário urbano. Observa-se que, com freqüência, a busca por visibilidade subverte sentidos da ação, em virtude da presença de mediadores e de expectativas sociais referidas ao lugar. Brasília constitui um estimulante desafio para a pesquisa desenvolvida pelo LASTRO-IPPUR/UFRJ, na medida em que, nesta metrópole, concentram-se reivindicações correspondentes a diferentes escalas da vida política do país. Por esta razão, o trabalho trata, com igual nível de detalhamento, tanto as reivindicações locais quanto aquelas que são, concretamente, da escala nacional. Trata-se de diferentes cartografias que, uma vez articuladas, permitem apreender determinantes espaciais da ação e, também, processos que atualizam a vida metropolitana. CONCLUSÕES: A ação social desenvolve-se, por determinado tempo, em pontos específicos do espaço metropolitano, relacionando as características dos atores políticos.a expectativas depositadas na própria ação. Por outro lado, a ação encontra-se parcialmente orientada pelo desenho urbano e pela capacidade detida, por diferentes atores, de decodificá-lo e acioná-lo a seu favor. Trata-se, afinal, de uma complexa lógica espacial, que resulta de vínculos históricos entre paisagem, poder e cultura. O conhecimento desta lógica viabiliza, ainda que de forma transitória, a construção de territórios insurgentes. Elementos do espaço urbano são desigualmente valorizados pela mídia, o que afeta a visibilidade da ação, assim como a própria interpretação de sua legitimidade. Desta maneira,, mesmo que os objetivos da ação não impliquem na busca de ressonância na mídia, os nexos com o espaço urbano modificam os seus impactos na imprensa, estimulando ou não o envolvimento de outros atores, a construção de alianças políticas e as manifestações de solidariedade. O espaço simbólico é examinado, neste trabalho, em distintas dimensões. Entre estas, salienta-se: as necessidades expressivas dos atores políticos; os desvios de sentidos da ação decorrentes da simbologia dos lugares; as diferentes reações à ação associadas e à quebra de expectativas em usos simbolicamente reforçados do espaço urbano; o acionamento de representações / imagens dos lugares em estratégias discursivas. Instituição de fomento: Cnpq Trabalho de Iniciação Científica Palavras-chave:  Espaço; Símbolo; Ação. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004