IMPRIMIRVOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
A CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO/TÊXTIL DE MATO GROSSO DO SUL
Eliana Lamberti 1   (autor)   lililamberti@yahoo.com.br
Ido Michels 2   (orientador)   idomichels@uol.com.br
1. Depto. de Administração e Economia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS
2. Depto. de Economia e Administração, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul -UFMS
INTRODUÇÃO:
Inicialmente, a cotonicultura foi desenvolvida na região Nordeste do país. Como num movimento de migração, seguiu para os Estados do Paraná e São Paulo, que desenvolviam o plantio sob o modelo tradicional. Atualmente, a região Centro-Oeste é a maior produtora de algodão do país, sendo responsável por, aproximadamente, 75% da produção brasileira. Nessa região, a cotonicultura encontrou solo mais adequado e passou a ser desenvolvida dentro de um padrão tecnológico avançado. A Região Centro-Oeste, nas últimas duas décadas vem apresentando mudanças no setor de agronegócios, despontando na produção algodoeira. O desempenho de tal cultura na região Centro-Oeste pode ser avaliado pelo crescimento tanto da área cultivada como pela produtividade resultado do modelo de produção adotado caracterizado por grandes extensões de terra, com a presença intensiva de capital, colheita mecanizada e desenvolvendo parcerias empresariais. É neste contexto que centra-se a relevância do presente estudo da cadeia produtiva do algodão/têxtil no sentido de descrever o seu comportamento no Estado de Mato Grosso do Sul, ao longo dos últimos anos, apontando fragilidades e vantagens, como também fornecer instrumentos para a construção de um cenário propício ao seu pleno desenvolvimento. O presente trabalho procura esclarecer a dinâmica que a Cadeia Produtiva do Algodão/Têxtil desenvolve em Mato Grosso do Sul a partir da análise dos elos existentes no Estado, com ênfase no elo da produção do algodão.
METODOLOGIA:
Para descrever o processo produtivo do algodão/têxtil de Mato Grosso do Sul teve-se a preocupação de pesquisar todos os elos da cadeia, existentes ou não no Estado (insumos, produção da matéria-prima, fiação, tecelagem e confecção), fato que levou ao entendimento da ausência de certos elos no cenário estadual. A abordagem considerou os aspectos históricos (de forma breve, para entender a situação presente), a tecnologia empregada, a política de marketing, as relações de mercado envolvidas ,além da participação no mercado. A análise da cadeia produtiva do algodão, não apenas em seu aspecto econômico, mas também no social, enquanto gerador de emprego e renda, exige que se considere cada detalhe de sua estrutura, demandando investigação das condições externas à produtividade (leis e políticas de incentivos) e internas (processo produtivo, política administrativa). Inicialmente, fez-se o levantamento das informações através de fontes secundárias (diferentes órgãos públicos ou não), posteriormente por meio de fontes primárias. A pesquisa direta baseou-se em um questionário específico que foi aplicado junto aos agentes dos diferentes elos da cadeia produtiva (produtores agrícolas, empresários do setor industrial e comercial). Assim, foi possível desenhar seus aspectos particulares como: origem do produtor; a prática produtiva utilizada; a participação no mercado regional; o nível de verticalização da produção; a política de redução de custos adotada e o nível tecnológico.
RESULTADOS:
A participação do algodão na agricultura do Estado em comparação com as demais culturas (principalmente soja, milho e cana-de-açúcar) ainda é pequena, mas não por isso menos importante. O atrativo maior centra-se na vantagem de que apesar da cotonicultura exigir um alto nível tecnológico, oferece uma rentabilidade considerada elevada. A rentabilidade alcançada, segundo a Taxa Interna de Retorno (TIR) pode ser de até 20%, A produção do algodão em Mato Grosso do Sul acontece de forma distinta e em regiões específicas do Estado podendo ser definidas: Região Sul e Região Norte. Atualmente, a cotonicultura envolve em Mato Grosso do Sul cerca de 85 grandes produtores localizados principalmente no norte do Estado e outros 500 produtores, em sua maioria de pequeno porte, localizados no Sul. Essa atividade agrícola gera aproximadamente 5.000 empregos diretos no Estado e estima-se um faturamento anual em torno de R$ 154 milhões. A região norte apresenta-se com grandes propriedades, cuja produção acontece por meio de uso intensivo de tecnologia, possibilitando uma produtividade maior . A região sul, por sua vez, desenvolve a cotonicultura em moldes diferentes, com pequenos produtores (pequenas propriedades) e uso não tão intensivo de máquinas e equipamentos, no entanto estão organizados e respaldados por meio de uma cooperativa. A forma como é conduzida a produção em cada região é tão oposta quanto a posição geográfica que ambas ocupam dentro do espaço de Mato Grosso do Sul.
CONCLUSÕES:
O algodão produzido em Mato Grosso do Sul é beneficiado em quase toda a sua totalidade, registrando um inicial processo de transformação e importante agregador de valor, que irá abastecer os mercados das regiões Sul e Sudeste, onde as fases posteriores da transformação irão acontecer. No sentido de expandir a produção é pertinente a avaliação do desenvolvimento de pesquisas que são fundamentais, não apenas para o desenvolvimento de um produto transgênico mas para propiciar benefícios financeiros ao produtor. É possível apontar as principais dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva: custos elevados em decorrência da política de juros elevados; falta de pesquisadores especializados; fragilidade dos mecanismos de defesa da agricultura; financiamentos oficiais insuficientes; dificuldade de acesso aos financiamentos; ausência de política de marketing para o algodão do Estado. Diante do exposto, a organização produtiva e econômica, seja na forma de cooperativa ou outra forma de associação, torna-se alternativa viável para superar os obstáculos e, principalmente, proporcionando poder de barganha no ato da comercialização, possibilitando a congregação dos produtores de forma a estimular uma política de marketing da qualidade do algodão. Além disso, ações públicas que podem dinamizar o setor envolvem: programas de facilitação ao crédito, mecanismo eficiente de marketing e divulgação da qualidade do algodão e qualificação dos atores dos elos da produção e transformação.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  cadeia produtiva; políticas públicas; competitividade tecnológica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004