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C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
ABSTINÊNCIA E SENSIBILIDADE AOS EFEITOS CONVULSIVANTES DO PENTILENOTETRAZOL APÓS EXPOSIÇÃO CRÔNICA A CAFEÍNA EM RATOS.
Antonio Roberto Teixeira 1   (autor)   antonio@unb.br
Carlos Hirokatsu Watanabe Silva 1   (colaborador)   wshirokatsu@yahoo.com.br
Cristina Ferreira Pessôa 1   (colaborador)   antonio@unb.br
1. Depto. de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasilia - FM/UnB
INTRODUÇÃO:
Cafeína é a substância psicoativa mais consumida por seres humanos. Dependência física e conseqüente síndrome de abstinência a esta substância têm sido demonstradas em seres humanos e em roedores. Reduções da atividade locomotora têm sido reconhecidas como demonstrativas de abstinência após exposição crônica a cafeína em roedores. Efeitos da cafeína incluem diminuição do limiar de convulsão, da proteção de anticonvulsivantes a convulsões induzidas por eletrochoque, e interferência nos efeitos convulsivantes do pentilenotetrazol (PTZ). A literatura apresenta dados conflitantes quanto ao envolvimento do sistema gabaérgico nos efeitos agudos e crônicos da cafeína. O presente trabalho investigou a ocorrência de abstinência, e de sensibilidade aos efeitos convulsivantes do pentilenotetrazol, após exposição crônica a cafeína em ratos.
METODOLOGIA:
Ratos Wistar (N=293), machos, adultos, em grupos independentes (n=8-20/grupo) foram utilizados em Experimentos de Abstinência e de Convulsões. Os animais tiveram acesso ilimitado a água (controles) e a dois esquemas de adição a cafeína (dependentes) 1.0 mg/ml (Esquema I) e 2.0 mg/ml (Esquema II) como única fonte de líquido durante 14 dias consecutivos. Testes comportamentais foram conduzidos no 15o dia, quando os dependentes estavam 24 horas abstinentes a cafeína. Nos Experimentos de Abstinência, os animais foram testados em Labirinto em Y, e locomoção horizontal (segmentos entrados) e vertical (levantar) foram medidas durante 5 minutos. Nos Experimentos de Convulsões, os animais foram injetados intraperitonealmente com pentilenotetrazol em doses 30.0, 45.0, 60.0 e 90.0 mg/kg após um período de 5 minutos de habituação ao aparelho de teste. Foram então observados durante 5 minutos para registro de tempo de latência da primeira convulsão, ocorrência de convulsões clônicas, tônico-clônicas, mortes, urina e fezes. Resultados de locomoção foram analisados por Teste-t, e os do tempo de latência da primeira convulsão por Análise de Variância seguida de Teste Tukey. Ocorrência dos tipos de convulsões, urina, fezes e mortes foi analisada pelo teste do Chi-Quadrado seguido do Teste de Fisher para comparação entre pares de amostras. Em todos os testes estatísticos, o nível de significância adotado foi de p<0.05.
RESULTADOS:
Nos Experimentos de Abstinência, em comparação aos controles com acesso a água, ocorreram reduções estatisticamente significantes da locomoção horizontal e vertical nos dois esquemas de adição a cafeína. Nos Experimentos de Convulsões, o tempo de latência foi diminuído após 30.0 e 45.0 mg/kg de PTZ e aumentado por 60.0 e 90.0 mg/kg no Esquema I; foi aumentado por todas as doses de PTZ no Esquema II. Resultados sem significância estatística. No Esquema I, convulsões clônicas foram aumentadas por todas as doses de PTZ; tônico-clônicas foram aumentadas após 30.0 mg/kg e diminuídas por 45.0, 60.0 e 90.0 mg/kg. No Esquema II, clônicas foram aumentadas por 30.0, 45.0 e 90.0 mg/kg e diminuídas por 60.0 mg/kg; tônico-clônicas diminuídas após 30.0, 45.0 e 90.0 mg/kg e aumentadas por 60.0 mg/kg. Resultados não-significantes. Ausência de mortes nos controles após 30.0 mg/kg de PTZ foi inalterada por adição a cafeína. No Esquema I, mortes foram aumentadas após 45.0 e 60.0 mg/kg e diminuídas por 90.0 mg/kg; no Esquema II, foram diminuídas após todas as doses. Resultados não-significantes. Ocorrência de urina no Esquema I foi diminuída após 30.0 mg/kg e aumentada por 45.0, 60.0 e 90.0 mg/kg; no Esquema II, foi diminuída após todas as doses. Resultados não-significantes. Ocorrência de fezes foi aumentada por todas doses de PTZ nos dois Esquemas de adição a cafeína; significâncias estatísticas obtidas após 30.0 e 45.0 mg/kg no Esquema I e após 90.0 mg/kg no Esquema II.
CONCLUSÕES:
Abstinência, caracterizada por diminuição da atividade locomotora exploratória, foi confirmada após exposição crônica aos dois esquemas de adição a cafeína. Apesar da ausência de resultados estatisticamente significantes, foram obtidos indicativos de subsensibilidade e supersensibilidade aos efeitos convulsivantes do PTZ, ocorrência de urina e de mortes dependendo do nível de dose testada e do Esquema de adição a cafeína. Obteve-se facilitação dos efeitos do PTZ sobre a defecação, atingindo níveis estatísticos significantes variando com a dose utilizada e o nível de adição a cafeína em ratos.
Instituição de fomento: Universidade de Brasilia
Palavras-chave:  Cafeina; Pentilenotetrazol; Abstinência.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004