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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
REPRESENTAÇÕES E APROPRIAÇÕES SOBRE O ENSINO TRADICIONAL POR PROFESSORES ALFABETIZADORES DA ESCOLA PÚBLICA
Mauro Torres Siqueira 1   (autor)   maurosique@yahoo.com.br
Djanira Soares de Oliveira e Almeida 1   (orientador)   soaresfranca@netsite.com.br
1. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquista Filho"
INTRODUÇÃO:
Desde muito tempo que professores e pesquisadores tentam encontrar o melhor caminho para levar ao aprendizado. Um dos campos de conhecimento que recebeu grande contribuição destas pesquisas foi a alfabetização. Hoje há um grande esforço para capacitar os professores alfabetizadores, para que adquiram conhecimentos sobre as fases do desenvolvimento da escrita na criança (segundo a psicogênese língua escrita de Ferreiro e Teberosky), sobre novas técnicas e meios que levem a participação efetiva do aluno, para que este tenha a possibilidade de construir seu conhecimento, suas hipóteses, de acordo com o seu desenvolvimento na escrita. Estas novas idéias são complexas e exigem alto grau de empenho do professor, tanto nas leituras como na preparação de suas aulas. Exigência esta que não raro não é cumprida, visto que os professores muitas vezes ocupam seu tempo livre em outro emprego para complementar a renda da família. Outras vezes, quando esses professores tentam trabalhar com uma prática pedagógica alternativa acabam se frustrando, por não terem um suporte teórico para implementação da mesma. Isso degringola, muitas vezes, na aplicação de práticas de ensino tidas como tradicionais para alcançar os objetivos almejados.
METODOLOGIA:
Nossa pesquisa tem abordagem qualitativa, isto é, envolve descrições detalhadas de situações, eventos, comportamento observados e citações diretas das pessoas envolvidas acerca de suas, experiências, atitudes, crenças e pensamentos. Coletamos dados sem tentar enquadrar os resultados em categorias pré-determinadas e padronizadas, logo os resultados que obtivermos não são passíveis de serem quantificados. Assim realizamos entrevistas semi-estruturadas com nossos sujeitos (professores alfabetizadores) com o objetivo de apreender representações plurais do ensino tradicional, mais próximas ou distantes do referencial teórico Herbart e seus seguidores, sobretudo. Na análise dos discursos nos valemos do método genético-dogmático, consideramos os motivos externos e internos manifestos nos discursos dos sujeitos e procuramos interpretá-los de acordo com esses motivos. Para discutir representações e apropriações diferenciadas nos amparamos no referencial teórico de Moscovici e Chartier.
RESULTADOS:
Pudemos notar entre os professores entrevistados que, embora haja uma pressão para que usem novas maneiras de ensinar como o construtivismo ou o sócio-construtivismo, eles se sentem inseguros para trabalhar com essas novas metodologias, pois os resultados são menos rápidos do que estavam acostumados na prática de ensino tradicional. Na verdade nota-se ser unanimidade entre os professores a opção por várias práticas de ensino no processo de alfabetização, não acreditam que um único método, muitas vezes produzido abstratamente, longe das salas de aulas, possa responder as suas necessidades de alfabetizador. E apesar da pressão que sofrem com a tendência de proletarização da categoria, ainda conseguem manter sua independência dentro da sala de aula. Notamos que essa pressão para a padronização do trabalho docente se faz mais presente na esfera municipal de ensino, onde as instituições controladoras estão mais próximas, mas ainda assim ainda é possível notar a autonomia que os professores se outorgam dentro de sua sala de aula, isso em todas as esferas do sistema de ensino, até mesmo na esfera municipal.
CONCLUSÕES:
Essa pesquisa procura investigar os resquícios e permanências do ensino tradicional na prática de professores alfabetizadores de crianças no município de Franca, considerando para tanto as representações que esses sujeitos têm da teoria e da prática do ensino tradicional, situando-as no quadro mais geral da educação. Assim, analisando a realidade educacional da alfabetização na referida cidade, pudemos notar que muitos dos professores que se auto-intitulam construtivistas, continuam tendo como referencial a maneira pela qual foram alfabetizados e instruídos. Ainda que se esforcem para serem inovadores em sua sala de aula, muitos não conseguem se distanciar do referencial de ensino tradicional. O método silábico, mal visto por alguns professores, continua sendo prática corrente entre muitos outros. Considerando estes aspectos, pode se concluir, primeiro, que mesmo produzindo-se muitas inovações no campo educacional poucas destas chegam até os docentes alfabetizadores, que o fazer de cada docente se constrói na sua prática diária, e não numa relação abstrata entre sujeito e conhecimento e terceiro, que o professor se sente, em muitos casos, inseguro diante das novas práticas de ensino e quando as aplicam, comumente não atingem os resultados esperados, e acaba abandonando-as ou mesclando as mesmas com sua principal representação do que seja a aula, ou seja, o referencial tradicional de ensino.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave:  Ensino Tradicional; Representações; Alfabetização.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004