IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
LEVANTAMENTO DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES NO PARQUE DO BACABA, NOVA XAVANTINA-MT
Teresa Cristina da Silveira Anacleto 1   (autor)   teresacristinaa@yahoo.com
1. Depto. de Ciências Biológicas, Univ. Federal de Goiás - UFG
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas, o estado de Mato Grosso passou pelo intenso processo de ocupação da terra, devido à expansão agropastoril. Desde 1980 já foram criados 23 novos municípios no Estado e a malha viária acompanha esse processo. Estradas e cidades representam fontes de degradação no que se refere à ciclagem de nutrientes, energia, fluxo de água e à composição de espécies. Em Nova Xavantina, a soja e a pecuária bovina são responsáveis pela fragmentação do Cerrado e, conseqüentemente, pela perda de hábitat, que compromete a composição da fauna silvestre. O Parque do Bacaba é uma área natural de 450 ha, pertencente à Força Aérea Brasileira - FAB, e está cercado por pastagens e uma rodovia federal, a BR 158. A proteção dessa área deve-se principalmente à instalação do Campus da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, em Nova Xavantina, com a comunidade acadêmica que indiretamente auxilia na vigilância da área, inibindo ações de caçadores e detectando e combatendo focos de incêndios. Considerando a vulnerabilidade dessa área natural e a carência de inventários biológicos na região, este estudo produziu uma lista dos pequenos mamíferos que ocorrem em três fitofisionomias do Parque do Bacaba.
METODOLOGIA:
As coletas foram realizadas na mata de galeria, no cerrado e no cerradão, no período de fevereiro a agosto de 2002. A metodologia consistiu de coletas com armadilhas live trip: Tomahawk (n=10) e Sherman (n=50), e ratoeiras (60), instaladas em transectos de 250m, distantes 10m uma da outra. Nas áreas abertas as armadilhas ficaram no chão e na mata ciliar as armadilhas Sherman e Tomahawk ficaram dispostas alternadamente, no chão ou em galhos de árvores (altura =2 m), amarradas com tiras de borracha (câmara de ar). Como isca foi preparada uma mistura contendo pedaços de banana, bacon, mandioca e pasta de amendoim. As armadilhas eram iscadas no final da tarde e vistoriadas ao amanhecer do dia seguinte. Os animais capturados nas armadilhas live trap foram sedados com inalação de éter, anotados dados biométricos, pesados e, após acordarem, soltos no local da captura. Os animais capturados mortos foram depositados na coleção científica da UNEMAT - Nova Xavantina.
RESULTADOS:
Foram coletados 26 indivíduos distribuídos em quatro gêneros (Bolomys, Thrychomys, Marmosa e Didelphis). As armadilhas Sherman representaram eficiência de captura de 57%. (Bolomys lasiurus e Thrychomys apereoides são espécies abundantes e comuns em ambientes distintos, mas limitaram-se ao cerrado, inclusive com recaptura de Thrychomys apereoides. Marmosa murina foi a espécie mais abundante desta amostragem, representou 65% das capturas e ocorreu nos três ambiente, com recaptura. A espécie Didelphis albiventris é dotada de cauda preênsil, locomove-se em partes arbóreas altas, guardando distância do solo, no entanto foi capturada no cerrado e também no cerradão, em armadilhas deixadas no chão. No cerrado foi registrada a maior riqueza (4 espécies) e no cerradão a maior abundância (10 indivíduos).
CONCLUSÕES:
Esse estudo mostra que a composição das comunidades de pequenos mamíferos do Parque do Bacaba ainda se mantém heterogênea, considerando o limitado espaço de tempo da pesquisa e o fato da área estar cercada por pastagens e rodovia. O grau de isolamento do Parque do Bacaba é desconhecido e as populações que coexistem nesse fragmento podem estar transpondo os obstáculos encontrados nas áreas do entorno e migrando para o Parque. Provavelmente, as alterações antrópicas irão gradativamente isolar essas populações, aumentando o risco de extinção. Recomendam-se levantamentos mais intensivos, com pontos de coleta no interior e no entorno do Parque, e considerando-se as variações sazonais.
Instituição de fomento: Universidade do Estado de Mato Grosso/PRPPG
Palavras-chave:  Cerrado; Fragmentação; Mato Grosso.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004