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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE BATATA AO PULGÃO Myzus persicae (SULZER) (HOMOPTERA: APHIDIDAE).
Fernando Mesquita Lara 1   (autor)   fmlara@fcav.unesp.br
Arlindo Leal Boiça Júnior 1   (colaborador)   aboicajr@fcav.unesp.br
André Luiz Lourenção 2   (colaborador)   andre@iac.sp.gov.br
1. Depto. de Fitossanidade, FCAV, Universidade Estadual Paulista - UNESP
2. Seção de Entomologia, CEC, Instituto Agronômico - IAC
INTRODUÇÃO:
Entre os problemas limitantes à cultura da batata (Solanum tuberosum), destacam-se as doenças e os insetos, que requerem gastos elevados com controle químico, tornando seu cultivo muito dispendioso. Das pragas que freqüentemente atacam a cultura, os pulgões se sobressaem por causarem danos diretos com a sucção da seiva e danos indiretos, transmitindo viroses. O pulgão Myzus persicae tem sido relatado como uma das mais importantes pragas da cultura da batata. As variedades resistentes podem ser utilizadas para o controle desse inseto; no entanto, existe a necessidade de uma série de estudos que levem a uma seleção dos melhores materiais. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou avaliar a resistência a M. persicae em genótipos de batata, comerciais e em fase de melhoramento, e também a possível ocorrência de antibiose como tipo de resistência, em Jaboticabal, SP, na FCAV/UNESP, utilizando-se a Fazenda de Ensino e Pesquisa e os Laboratórios de Resistência de Plantas a Insetos, do Departamento de Fitossanidade.
METODOLOGIA:
Avaliaram-se os genótipos Ágata, Aracy, Duvira, Ibitu Açu, 288.776-3 e 288.814-7, que foram semeados em vasos, em vários plantios, durante o mês de maio de 2003. O primeiro ensaio foi realizado com chance de escolha, no interior de uma casa-de-vegetação, num delineamento inteiramente casualizado (DIC), com seis repetições. Esses vasos ficaram próximos aos com criação de pulgões para sofrerem uma infestação “natural” e bem alta. Após 30 dias do plantio (dap) efetuou-se o levantamento em 15 folíolos por planta. No segundo ensaio, também com chance de escolha, discos de 2cm de diâmetro, obtidos de folíolos dos genótipos com 40 dap, foram distribuídos ao acaso no interior placas de Petri (10 repetições). No centro delas foram liberados 60 pulgões adultos ápteros. Após duas, 12 e 24 horas foram contados os pulgões em cada disco. O ensaio foi mantido em BOD (25 ± 2ºC, 80 ± 5% UR). O terceiro e quarto ensaios foram efetuados sem chance de escolha, com oito repetições (DIC). No terceiro, aos 23 dap, cada planta foi infestada com 15 pulgões ápteros adultos. Efetuaram-se três levantamentos (30, 40 e 50 dap), contando-se o número de pulgões em 15 folíolos/planta. No quarto, avaliou-se a influência dos genótipos sobre a reprodução de M. persicae (antibiose). Dois pulgões adultos foram aprisionados na parte inferior das folhas dos genótipos, em pequenas gaiolas de plástico. Após uma semana, contava-se o número de descendentes. Foram realizados ensaios com plantas aos 33, 40, 47 e 55 dap.
RESULTADOS:
No primeiro ensaio, com chance de escolha, os genótipos Ibitu Açu e 288.776-3 (2,52 e 3,10 pulgões/folíolo) foram os menos colonizados, enquanto 288.814-7 foi muito atacado (8,88 pulgões/folíolo). Ágata, Aracy e Duvira revelaram resultados intermediários. A análise do número de pulgões que se instalaram nos discos de folíolos, após certo tempo da liberação (ensaio dois), revelou que houve tendência de aumento desse número, com o passar do tempo, exceção feita ao ocorrido no genótipo Aracy, em que esse número foi diminuindo (de 5,0 para 2,8 e para 1,8) e no Duvira, em que os números permaneceram praticamente constantes. No terceiro ensaio observou-se que no genótipo Ibitu Açu a população do inseto foi baixa aos 30 dap e sua evolução foi menor que nos demais genótipos nos levantamentos posteriores (40 e 50 dap). Em 288.814-7 a população desenvolveu-se muito bem, atingindo 43,34 pulgões/folíolo aos 50 dap, enquanto em Ibitu Açu essa média foi de 10,83. Os resultados intermediários observados em 288.776-3, semelhantes aos de Ágata, Aracy e Duvira, deixam dúvidas sobre sua resistência observada no teste com chance de escolha e constatada também em ensaios realizados pelos autores em anos anteriores. Os resultados do quarto ensaio mostraram que a reprodução do pulgão foi baixa em Ibitu Açu (1,99 pulgões/fêmea) e elevada em Duvira (3,86) , 288.776-3 (4,16) e 288.814-7(4,09).
CONCLUSÕES:
Em ensaio com chance de escolha, a técnica de infestação “natural” dos genótipos, através da colocação dos vasos próximos aos vasos de criação dos pulgões no interior de casa de vegetação, revela-se funcional e prática. A resistência do genótipo Ibitu Açu a M. persicae está confirmada e essa resistência é do tipo antibiose, não havendo nenhuma associação com o tipo antixenose. A citada resistência de 288.776-3 não é do tipo antibiose, uma vez que os pulgões se reproduziram muito bem nesse genótipo. Os genótipos 288.814-7 e Duvira são bem suscetíveis ao pulgão.
Instituição de fomento: CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave:  Solanum spp; Antibiose; Antixenose.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004