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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS DAS ESCOLAS ESTADUAIS URBANAS DO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA-MT SOBRE O SIGNIFICADO DE ENSINAR
Marilaine de Castro Pereira Marques 1   (autor)   E-mail: marilaine@vsp.com.br
Mauricéa Nunes 1   (orientador)   mauricea@terra.com.br
1. Instituto de Educação, Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
Não é novidade que diferentes concepções de ensino e aprendizagem coexistem no contexto educacional e que por sua vez influenciam os trabalhos pedagógicos. Cientes destas questões resolvemos pesquisar, como os professores de Ciências das escolas estaduais urbanas de Alta Floresta-MT, verbalizam o significado de ensinar. As pesquisas sobre o pensamento docente têm crescido significativamente nas últimas décadas, tendo em vista que saber como estes representam para si os aspectos do processo ensino-aprendizagem é uma ferramenta importante, quando se pretende entende e propor mudanças para a realidade do professor. Dentre os autores que pesquisam este tema, podemos destacar Bicudo e Espósito(1997), Lüdque e André(1986), Pereira(2000), Moreira(1999), Maldaner(2000), Marques e Nunes(2003) e outros. Nem sempre discurso e prática andam juntos, todavia, pesquisar o que os professores dizem é uma forma de abordar peculiaridades desta dinâmica. Deste modo, este trabalho poderá fomentar a relevância de se estudar a subjetividade que envolve os docentes.
METODOLOGIA:
A população amostral foi constituída por 20 docentes habilitados pela UNEMAT de Alta Floresta-MT e que lecionam nas últimas séries do ensino fundamental. A pesquisa transcorreu no período de março/2002 a março/2003, sob a abordagem qualitativa interpretativa de acordo com Lüdke e André(1986). O instrumento de coleta de dados foi o questionário constituído por questões abertas. Primeiramente fizemos contato com os gestores das escolas onde atuam os docentes que abordamos, posteriormente conversamos com os próprios docente e aplicamos os questionamentos. Alguns dos escolhidos do universo amostral não manifestaram receptividade para participar do trabalho, mas, todos contribuíram com o propósito da pesquisa com seus posicionamentos amistosos ou refratários. Cada docente foi identificado pela letra P e mais um número entre de 1 a 20. Os relatos escritos dos docentes foram sistematizados em Tabelas para facilitar as análises e discussões. Alguns destes relatos carregavam mais de uma concepção, mas, para realizarmos a exposição das categorias, cada depoimento foi contado uma única vez, usando a concepção mais imperativa. Julgamos relevante configurar um Quadro com as concepções identificadas nos depoimentos, para que servisse de referencial na estruturação dessas categorias, que se referiram às concepções: tradicional, freireana, humanista e cognitivista.
RESULTADOS:
Na pedagogia intitulada tradicional, o professor é quem tem o saber, portanto ele o transmite ao aluno que tem por função aprender e reproduzir o que o docente lhe ensina, conforme explica Giraldelli Jr.(2000). P1 foi um dos 17% dos pesquisados que proferiram definições de ensino de acordo com esta concepção. Para ele, ensinar significa “transmitir de forma que seja entendida pelo aluno, o conhecimento que está recebendo”. Os professores que se identificaram com as concepções humanistas, atingiram um percentual de 28%. De acordo com esclarecimentos de Rogers(1969), a abordagem humanística considera o aluno como pessoa, que é livre para fazer escolhas. A fala de P5 veio ao encontro desta concepção, porque esclareceu que ele não ensina nada e que procura facilitar a aprendizagem. Segundo Moreira(1999), nas concepções piagetianas o processo educacional tem o papel de provocar situações desequilibradoras para que o aluno construa as noções e operações intelectuais e afetivas. Os vocábulos auxiliar, construção e busca, são indicativos de que 32% dos pesquisados para dar suas respostas tiveram que pensar à luz desta posição filosófica, de forma consciente ou não. Para Pereira(2000), a abordagem sociocultural de educação, fundamentada principalmente nas idéias de Paulo Freire, concebe o homem como ser histórico, capaz de refletir sobre o ambiente e intervir na realidade. Os pesquisados que ofereceram seus depoimentos nesta perspectiva, falaram que ensinar é “preparar o aluno para o mundo e ajudar o aluno a repensar o mundo”.
CONCLUSÕES:
Quando dissemos que os professores se identificaram com uma ou outra abordagem pedagógica, foi exclusivamente em relação ao discurso e não a prática mais abrangente, que envolve o cotidiano destes profissionais. As definições sobre o que significa ensinar foram diversificadas, sendo estas ancoradas nos pressupostos das pedagogias humanistas, libertadoras, tradicionais e cognitivistas. As respostas que se identificaram mais com as proposições de Piaget, atingiram os maiores percentuais. Não estamos querendo afirmar que estes professores não possuem em seus discursos características propostas por outros teóricos, porque como já mencionamos anteriormente, há uma diversidade de tendências nos relatos do grupo aqui em discussão e no contexto educacional. No entanto, foi notória a quantidade de ternos oriundos da teoria piagetiana que apareceram nos depoimentos. Os docentes abordados foram habilitados pela mesma instituição, lecionam para o ensino fundamental em Alta Floresta-MT, no entanto, o grupo apresentou concepções diversificadas sobre ensinar. Cada ser pensa e age de forma particular, neste sentido, os pensamentos dos pesquisados indicaram mais que definições, visto que trouxeram a tona algumas perspectivas nas quais eles podem exercer a docência.
Palavras-chave:  Ensino de Ciências; Concepção docente; Significado de ensinar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004