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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
UM ESTUDO PRELIMINAR DO DISCURSO DA MULHER E ALGUMAS IMPLICAÇÕES NA CONSTITUIÇAO DE MÚLTIPLOS SUJEITOS.
Sebastiana Pereira Vieira 1   (autor)   sebastianapv@hotmail.com
1. Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – Departamento de Lingüística - Campus de Guajará-Mirim
INTRODUÇÃO:
A linguagem usada pela mulher pode revelar a forma como ela se vê, como é vista pelos outros, a visão que tem da forma como é vista e ainda como gostaria de ser vista pelos outros. Neste trabalho, buscou-se pesquisar, sob uma perspectiva semântico-pragmática, as falas de mulheres solteiras, casadas, separadas e viúvas, pertencentes a diferentes segmentos sociais, com o objetivo de demonstrar que mesmo tendo que conviver com as tentativas constantes de um sistema que coíbe seus esforços para fazer valer a ocupação de seu espaço, a mulher dribla as imposições que lhe são determinadas. Ela se constrói no meio da comunidade e incorpora a ideologia de dominação masculina ao seu discurso para compor sua defesa enquanto ser discriminado.
METODOLOGIA:
Foi feito um estudo das falas de diversas mulheres, sob uma perspectiva semântico-pragmática, dando uma atenção especial para as questões da constituição da linguagem e dos sujeitos no processo social. Os dados coletados através de conversas informais, entrevistas pesquisas em livros revistas e mídias eletrônicas foram analisados à luz dos estudos de Epstein, Bourdieu, Bakhtin, Frege e Ferrarezi. Procurou-se identificar os traços semânticos e discursivos que apontam para a constituição dos sentidos na fala da mulher, enquanto sujeito, e de sua consciência ou, não, das representações de seus papéis dentro da sociedade.
RESULTADOS:
As falas das mulheres revelam vários sujeitos, os quais nem sempre correspondem às visões que se tem delas. Atuam habilmente no mercado de “trocas lingüísticas” (Bourdieu) garantindo sua sobrevivência dentro de sua comunidade, oferecendo os “produtos de si mesmas”. Através desses discursos as mulheres trazem a tona os diversos sujeitos que estão presentes em cada um de seus papéis sociais e se utilizam das palavras enquanto signos neutros, dando a elas, significações particulares. Seu discurso mostra a construção de uma resistência calcada em ambigüidades de uma linguagem equivoca – “própria do paciente no jogo do poder”. (Epstein) “ e também revela uma cultura que se inter-relaciona com um pensamento e um sistema lingüístico que representa o mundo e seus eventos” (Ferrarezi).
CONCLUSÕES:
Através do estudo da complexidade e riquezas de detalhes das falas da mulher podemos observar que estas refletem valores sócio-culturais nelas implicados e que a mulher lança mão dos vários recursos de que dispõem, procurando construir sua identidade alcançando legitimidade diante dos obstáculos que lhe são impostos. Pois estas se adaptam a situações diversas sobreviver na área de conflitos chamada “eu” e ainda diante do dominador, no processo de conquista da sua liberdade. Esta análise semântico-pragmática das construções discursivas femininas pode abrir novos caminhos para o estudo cientifico da constituição das múltiplas consciências, uma vez que tais discursos são construídos a partir de suas múltiplas vivências e para atender suas diversas necessidades dentro de cada papel por elas representados.
Palavras-chave:  Linguagem; Mulher; Semantico-Pragmática.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004