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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
DESENVOLVIMENTO PÓS-EMBRIONÁRIO DE Chrysomya megacephala (FABRICIUS,1794) (DIPTERA: CALLIPHORIDAE) CRIADA EM DIETAS ARTIFICIAIS À BASE DE ALBUMINA EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES.
Paloma Martins Mendonça 1   (autor)   palomamartins@uol.com.br
José Mario d'Almeida 1   (orientador)   dalmeida13@aol.com
Margareth Maria de Carvalho Queiroz 1   (co-orientador)   mmcqueiroz@ioc.fiocruz.br
Celma Marinho da Silva Gomes 1   (colaborador)   celmar@ioc.fiocruz.br
1. Departamento de Biologia, Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ
INTRODUÇÃO:
Muitas espécies de insetos vêm sendo criadas em dietas artificiais à base de agar, a maioria pertencente às ordens de importância agrícola (Panizzi & Parra, 1991). De acordo com Singh & Moore,1985, são citadas dietas para mais de 1300 espécies de insetos na literatura, dentre elas, 279 referem-se aos dípteros. No entanto, são poucos os trabalhos com dípteros califorídeos (Leal et al.,1982). A utilização dessas dietas apresenta como principal vantagem a uniformidade nutricional e biológica da colônia ao longo das gerações (Parra, 1990). Como a maioria dos muscóides desenvolve-se em matéria orgânica em decomposição, essas dietas artificiais viabilizariam as pesquisas, devido à ausência do odor da putrefação.
De acordo com Avancini & Prado,1986, as proteínas, em dietas naturais ou artificiais, são relevantes para a oogênese e para o desenvolvimento larvar. A albumina é uma proteína ainda pouco estudada na nutrição dos insetos, principalmente em dípteros muscóides.
Segundo Guimarães et al.,1979, as moscas da espécie Chrysomya megacephala foram introduzidas no Brasil na década de 70 e atualmente encontram-se distribuídas por todo o território, desempenhando papel como vetor de microrganismos patogênicos (Queiroz et al.,1999), causando miíases facultativas (Guimarães et al.,1983).
Este trabalho visa avaliar o desenvolvimento pós-embrionário de C. megacephala em dietas artificiais preparadas com diferentes concentrações de albumina.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado no Laboratório de Biologia e Controle de Insetos Vetores/IOC/FIOCRUZ/RJ. Os dípteros utilizados eram oriundos da colônia de C. megacephala do laboratório. Essa colônia foi estabelecida com a captura de adultos no campus do Instituto, com armadilhas descritas por Ferreira,1978, utilizando peixe como isca. Os ovos obtidos foram transferidos para uma placa de Petri e após a eclosão, as larvas foram colocadas em potes contendo as dietas, descritas por Leal et al.,1991, com algumas modificações.
Albumina 2%: 2g albumina, 0,21mL óleo vegetal, 2,21mL vitaminas e sais minerais, 0,3g nipagin, 94,08mL água destilada, 1,2g agar
Albumina 4%: 4g albumina, 0,21mL óleo vegetal, 2,21mL vitaminas e sais minerais, 0,3g nipagin, 92,18mL água destilada, 1,1g agar
Albumina 6%: 6g albumina, 0,21mL óleo vegetal, 2,21mL vitaminas e sais minerais, 0,3g nipagin, 90,28mL água destilada, 1,0g agar
Albumina 8%: 8g albumina, 0,21mL óleo vegetal, 2,21mL vitaminas e sais minerais, 0,3g nipagin, 88,38mL água destilada, 0,9g agar
Albumina 10%: 10g albumina, 0,21mL óleo vegetal, 2,21mL vitaminas e sais minerais, 0,3g nipagin, 86,48mL água destilada, 0,8g agar
O controle foi a carne bovina moída.
Foram efetuadas 3repetições/75larvas. Os potes com as dietas foram colocados dentro de outros com serragem e mantidos em câmara climatizada. O abandono das dietas foi observado diariamente e as pupas foram pesadas 48h após o abandono.
RESULTADOS:
Os parâmetros utilizados na avaliação da eficiência das dietas foram a duração e viabilidade do estágio larval, pupal e do período de larva a adulto, peso das pupas, tamanho dos adultos e razão sexual. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey-Kramer. A razão sexual foi testada em relação à freqüência esperada, pelo teste do X2.
A carne bovina moída, utilizada como controle, foi a dieta mais eficiente para a criação de C. megacephala e não houve desenvolvimento nas dietas com concentração de 2% e 10% de albumina.
Com relação à duração do estádio larval, não houve diferenças significativas entre as dietas de concentração 4%, 6% e 8%, que apresentaram um alongamento desta fase quando comparadas ao controle. Entretanto, a diferença entre essas dietas e o controle foi significativa. Quanto à duração do estágio pupal, não foram observadas diferenças, porém a viabilidade do controle foi alta, bem como das dietas de concentração 4% e 8%.
O grupo controle apresentou a menor duração no período de larva a adulto e a maior viabilidade, diferindo significativamente das dietas artificiais.
As pupas mais pesadas e os adultos maiores foram do grupo controle e as pupas mais leves e os adultos menores foram da dieta de concentração 6%. Pode-se observar que não ocorreram desvios significativos na razão sexual esperada (0,5), o que é um indicador de estabilidade dentro da população.
CONCLUSÕES:
De um modo geral, o desempenho das dietas à base de albumina não foi muito bom. Entretanto, é importante considerar que as larvas de C. megacephala, em condições naturais, são necrófagas e que este foi o primeiro contato que tiveram com esses meios. Sendo assim, é necessário aprofundar esses estudos o que facilitará a execução dos trabalhos, que têm sua realização prejudicada pela necessidade de salas especiais, devido ao odor das dietas naturais e a presença de microrganismos que podem ser patogênicos ao homem.
Instituição de fomento: PIBIC/FIOCRUZ/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Chrysomya megacephala; Dietas Artificiais; Albumina.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004