IMPRIMIRVOLTAR
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística
Os anglicanismos nos meios publicitários
Cristiano Soares de Lima 1   (autor)   cristianjo_z3@hotmail.com
Maria Denilda Moura 2   (orientador)   denilda@fapeal.br
1. Cristiano Soares de Lima
2. Maria Denilda Moura
INTRODUÇÃO:
Estariam os estrangeirismos descaracterizando totalmente o Português Brasileiro (doravante PB)? Estaríamos perdendo completamente a nossa cultura e incorporando fielmente uma outra? Acreditamos que não. Por nenhuma língua existente ser pura ou estática, como alguns puristas afirmam ser, ela estará susceptível à mudança, ao intercâmbio lingüístico, o que acreditamos não ocasionar a perda de nossa língua ou cultura. Dessa forma, esta pesquisa objetiva analisar como ocorrem as expressões estrangeiras em textos publicitários e se elas estão descaracterizando ou não a estrutura da Língua Portuguesa (doravante LP). Nossa hipótese é a de que o emprego de palavras ou frases estrangeiras seja um caso isolado numa frase ou texto, sem que cause deformação na estrutura frasal portuguesa. Ao contrário, se aparecem mais palavras estrangeiras que vernáculas, vemos que o escritor do texto ou o falante deveria ter algum objetivo, algum propósito pré-estabelecido. Acreditamos que fatos como esse podem estar servindo de pretexto para o recente decreto que proíbe o uso de estrangeirismos por falantes brasileiros ou pela publicidade em geral.
METODOLOGIA:
Para a realização da pesquisa, nosso ponto de partida serão textos publicitários retirados da mídia em geral. A análise será desenvolvida na perspectiva da sociolingüística variacionista, que considera a língua como heterogênea. Procuraremos, também, observar o que dizem os gramáticos normativos, sobre o fenômeno.
RESULTADOS:
Para a análise de nossa pesquisa, selecionamos três frases retiradas do nosso corpus, que consideramos englobar a discussão de nosso trabalho:Dove, o after shave feminino; Foi a maior sensação nas passarelas de Paris. Vai ser visto desfilando pelo lobby do Hotel Unique; Se você não agüenta mais internet lenta, você precisa conhecer Speed UOL. Vemos que na primeira frase aparecem mais palavras estrangeiras que vernáculas, porém, excetuando-se o nome do produto, as outras (after e shave) poderiam ser substituídas por seus correspondentes portugueses (pós-depilar) sem causar problemas à estrutura frasal portuguesa. Na segunda frase, constata-se o uso de duas palavras estrangeiras (lobby e Unique). Naquela vemos que somente a palavra “Unique” não poderia ser substituída por “único” ou “sem igual”, visto ser o nome próprio do estabelecimento. Na terceira frase, o estrangeirismo se dá em “Speed”, que acreditamos não poder ser substituído por seu correspondente português, visto fazer parte do nome do “produto” a ser vendido, o que não prejudica a frase. Dessa forma, notamos que palavras que constituem nomes próprios não poderiam ser substituídas por seus correspondentes em português, enquanto que palavras que não se inserem nesse caso poderiam ser substituídas, caso houvesse correspondentes. Com isso, constatamos que esses estrangeirismos ocorrem de forma isolada, sem que haja deformação da estrutura frasal.
CONCLUSÕES:
Dessa maneira, de acordo com as reflexões aqui apresentadas, vemos que, apesar de encontrarmos na LP, muitos casos em que as palavras estrangeiras não podem ser substituídas por seus respectivos termos portugueses, ainda assim essas palavras não acarretam problema para a estrutura portuguesa, visto que nessas frases não posicionamos o substantivo antes do predicado, assim como faz a Língua Inglesa, ou teríamos a seguinte construção: “Dove, the female after shave”. Como dizia Horácio: “Em língua, a suprema lei é o uso.” E segundo Cipro Neto e Infante, vemos que eles afirmam: “Atente para o fato de que os empréstimos lingüísticos só fazem sentido quando são necessários. É o que ocorre quando surgem novos produtos ou processos tecnológicos.” Fato esse que foi constatado nos resultados aqui apresentados.
Instituição de fomento: SESu
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Estrangeirismos; Publicidade; Anglicismo.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004