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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E ATIVIDADE ANTICOAGULANTE DE POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA ALGA MARROM Padina gymnospora.
Cybelle Teixeira Marques 1   (autor)   cybelle_tm@yahoo.com.br
Maria da Glória de Lima Santos 1   (colaborador)   
Fernando Roberto Ferreira Silva 1   (colaborador)   
Celina Maria Pinto Guerra 1   (colaborador)   
Kaline C. de Lucena 1   (colaborador)   
Caroline A. C. Xavier 1   (colaborador)   
Hugo Alexandre de Oliveira Rocha 1   (co-orientador)   
Luiz Roberto D. de Abreu 1   (co-orientador)   
Edda Lisboa Leite 1   (orientador)   
1. Depto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
Algas marrons (Phaeophyceae) são conhecidas por produzirem diferentes polissacarídeos: alginatos, laminarinas e fucoidans ou fucanas. Este último é uma molécula extremamente heterogênea e ramificada, possuindo como principal característica a α-L-fucose sulfatada em C3, C2 e/ou C4. Além deste, outros açúcares como xilose, galactose, manose e ácido glucurônico podem fazer parte do polímero. Várias atividades biológicas foram atribuídas as fucanas, tais como, atividade anticoagulante, antitrombótica, antiinflamatória, antitumoral, antivirótica e anticoncepcional. Apesar de muitos estudos terem sido realizados, existem poucos relatos à cerca da estrutura fina destes polímeros, o que facilitaria bastante o entendimento de suas ações biológicas. As atividades antitrombótica e anticoagulante das fucanas de algas marrons estão entre as atividades mais estudadas, sendo que esta última foi demonstrada ser dependente da AT-III (antitrombina III) e do HCII (cofator II da heparina) ou pela formação de um complexo HCII-fucana-trombina. Neste trabalho, temos como objetivo promover a caracterização parcial da estrutura de fucanas da alga marrom Padina gymnospora, bem como, analisar sua atividade anticoagulante.
METODOLOGIA:
A alga utilizada neste estudo foi coletada na praia de Búzios, litoral sul do RN, seca, triturada, despigmentada e, submetida a uma proteólise sob ação da enzima maxatase. Após este processo os polissacarídeos foram fracionados utilizando volumes crescentes (0,3-2,6v) de acetona. As frações foram submetidas à eletroforese em gel de agarose no tampão 1,3-diaminopropano acetato 0,05M, pH 9,0. Decorrido o tempo previsto para a migração eletroforética, os compostos foram precipitados no gel de agarose com CTV 1%. Em seguida o gel foi seco sob uma corrente de ar quente e corado com azul de toluidina 0,1%, sendo o excesso do corante removido por uma solução de ácido acético 1% em etanol 50%. Os compostos ricos em sulfato desenvolvem uma coloração roxa característica (metacromasia) e aqueles cujas cargas são fornecidas apenas pelas carboxilas necessitam de uma imersão em acetato de sódio 0,2M pH 5,8 desenvolvendo uma coloração roxa avermelhada. Essas frações também foram submetidas a hidrólise (HCl 2N, 2h,100°C) e com o material obtido após este procedimento foram realizadas cromatografias em papel Whatman N°1 nos sistemas de solvente: Ácido Isobutírico : Hidróxido de Amônio (5:3) e Butanol: Piridina: Água (2:3:1,5). Para se quantificar os açúcares, foram realizados métodos calorimétricos específicos: xilose, ácidos urônicos, fucose, açúcares totais e sulfato. A atividade anticoagulante das frações obtidas foi realizada através do tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT).
RESULTADOS:
As frações 0,5 e 1,1v apresentaram um maior rendimento com 59,62% e 25,78%, respectivamente. Todas as frações submetidas à eletroforese e coradas com azul de toluidina apresentaram metacromasia. A presença de ácidos algínicos nas frações (0,3v e 0,5v), foi constatada através coloração em meio acídico em tampão acetato de sódio pH 5,0. As frações 1,5v e 2,6v mostraram um perfil eletroforético bastante homogêneo em relação às demais. As análises químicas mostraram que as frações obtidas continham 0,7 a 1,2% de proteínas; 21,0 a 41,4% de açúcares totais e 8,9 a 31,2% de sulfato. Os cromatogramas das frações os demonstraram que os polissacarídeos continham xilose, fucose, ácido glucurônico e manose. Esta heterogeneidade foi anteriormente relatada em estudos realizados com diferentes espécies de algas. Estas características, somadas à configuração espacial do polímero e ao grau de sulfatação são bastante importantes para as atividades biológicas desempenhadas por estes polissacarídeos. Os resultados obtidos dos testes aPTT, mostraram que as frações 0,3v e 0,5v não apresentaram atividade anticoagulante, e que as frações 1,1v, 1,5v e 2,6v eram dotadas desta atividade na ordem de 154s, 163s e 82s, respectivamente, quando utilizados 80μg da respectiva fração.
CONCLUSÕES:
Através da metodologia utilizada foram extraídos diferentes grupos de polissacarídeos os quais, nas frações iniciais (0,3v e 0,5v), mostraram-se altamente contaminados com ácidos algínicos. As frações precipitadas em concentrações maiores de acetona (1,5v e 2,6v) mostraram perfis eletroforéticos homogêneos e livres de contaminantes como pigmentos, proteínas e alginatos. Os açúcares totais foram observados em maiores quantidades nas frações 0,5v e 1,1v, com 33,5% e 41,4%, respectivamente. Por outro lado, as frações 0,5v e 2,6v apresentaram maiores teores de sulfato, sendo 31,2% para a primeira e 17,5% para a segunda. Os testes de atividade anticoagulante realizados através do aPTT indicam que esses polissacarídeos atuam na via intrínseca da cascata de coagulação.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Fucanas; Polissacarídeos; Atividade Anticoagulante.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004