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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
ATIVIDADE ANTICOAGULANTE E ANÁLISE DE INFRA VERMELHO DE UMA FRAÇÃO POLISSACARÍDICA EXTRAÍDA DE Hypnea musciformis
Celina Maria Pinto Guerra 1   (autor)   celinaguerra@digizap.com.br
Fernando Roberto F. Silva 1   (colaborador)   
Cybelle Teixeira Marques 1   (colaborador)   
Maria da Glória de L. Santos 1   (colaborador)   
Victor Adib Feitosa 1   (colaborador)   
Tarciana Carvalho G. de Azevedo 1   (colaborador)   
Hugo Alexandre de O. Rocha 1   (colaborador)   
Edda Lisboa Leite 1   (orientador)   
1. Departamento de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
As algas marinhas fazem parte de um grupo de organismos que são classificados de acordo com o seu tipo de pigmento fotossintetizante em: clorofíceas (verdes), rodofíceas (vermelhas) e feofíceas (marrons). Estes organismos estão presentes em todo o planeta, tendo a sua importância primordial na liberação de cerca de 90% do oxigênio produzido na terra. As algas também são fonte de polissacarídeos com importantes funções na industria farmacêutica e alimentícia. Diversos estudos têm demonstrado que estes compostos têm ação anti-viral, anti-bacteriana, anti-tumoral ou anti-coagulante, merecendo por isto particular atenção.
A alga marinha vermelha H. musciformis, objeto deste estudo, possui na matriz de suas células galactanas sulfatadas as quais possuem função estrutural. Esses polissacarídeos são utilizados em larga escala pelas indústrias farmacêutica e alimentícia, por sua ação estabilizante e espessante. Estes compostos são formados por resíduos de galactose e anidrogalactose unidos por ligações α-1,3 ou α-1,4, sendo classificados de acordo com a configuração absoluta do último resíduo, sendo D para carragenanas e L para ágar. Como objetivo deste trabalho interessa-nos caracterizar quimicamente as galactanas desta espécie de alga e verificar a sua ação como anticoagulante.
METODOLOGIA:
A alga marinha H. musciformis foi coletada no litoral sul do RN em marés baixas, devidamente acondicionadas em recipientes térmicos e posteriormente trazida ao laboratório, onde foi submetida a procedimentos de lavagem, secagem em estufa aerada e pulverização. Foram utilizados 20g do pó do tecido para realização de tratamentos de despigmentação e delipidação com acetona. O pó cetônico obtido foi submetido à proteólise com a enzima proteolítica maxatase. Após o tempo necessário para que a ação da enzima fosse eficiente, obteve-se o cru de polissacarídeos de onde foram extraídas as galactanas sulfatadas utilizando-se volumes crescentes de acetona (0,3 a 3,0v), resultando em seis frações de polissacarídeos.
RESULTADOS:
A fração escolhida para os nossos estudos foi a F1 pelo seu alto rendimento. Esta fração foi eluída em 1,0v de acetona. O perfil eletroforético de F1 mostrou-se metacromático quando os polissacarídeos foram corados com azul de toluidina; isto é um indicativo de compostos sulfatados. As dosagens químicas demonstraram teores de sulfato da ordem de 19%, açúcares totais 65,06%, e proteínas 0,1%. A análise por espectroscopia de infra-vermelho apresentou absorção a 930 cm-1 sendo característico de anidrogalactose e 1260 cm-1 relacionado ao grupo sulfato. A absorção observada a 848 cm-1 é característica de ι-carragenana. Alguns compostos sulfatados apresentam atividade anticoagulante, uma vez que são aniônicos e podem interagir com a ATIII. Alguns compostos sulfatados apresentam atividade anticoagulante, já que são aniônicos e podem interagir com a ATIII. Para verificarmos a atividade anticoagulante da fração F1 utilizamos o tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) e o tempo de protrombina (TP). O resultado obtido da aPTT foi da ordem de 110s, utilizando-se 200μg do composto, este ensaio teve como padrão de referência a heparina. Não foi observada ação anticoagulante no TP, o que demonstra que este polímero age na via intrínseca da cascata.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados apresentados podemos confirmar a presença de galactose e anidrogalactose, o que está de acordo com a classificação das carragenanas. Além disso, o grau de sulfatação compostos e a parcial solubilidade em água indicam tratar-se de uma carragenana do tipo ι. Os experimentos com atividade anticoagulante (aPTT e PT) mostraram que esse composto atua na via intrínseca e não da via extrínseca.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Carragenanas; Polissacarídeos; Atividade anticoagulante.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004