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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
CONSTRUÇÃO ESTATÍSTICA: DESCOMPASSOS E CONFUSÕES NA ELABORAÇÃO DE UMA PESQUISA
Ana Caroline Pires Miranda 2   (autor)   acpmiranda@ig.com.br
Carla Georgea Silva Ferreira 3   (autor)   calageorgeaf@ig.com.br
Lenir Moraes Muniz 4   (autor)   lenirmm@bol.com.br
Carlos Benedito Rodrigues da Silva 1   (orientador)   carlosbene@terra.com.br
1. Depto. de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Curso de Ciências Sociais, Universidade Federal do Maranhão
3. Curso de Ciências Sociais, Universidade Federal do Maranhão
4. Curso de Ciências Sociais, Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:
Apesar dos resultados das pesquisas estatísticas serem apresentados como realidades óbvias e inquestionáveis, pretendemos argumentar nessa análise que as pesquisas estatísticas são, também, um processo de construção constante, no qual se fazem presentes diferentes percepções sobre a realidade. Sem dúvidas, uma pesquisa que envolve diferentes atores sociais, envolve também diferentes concepções, interpretações, contextos e perspectivas, que acabam por gerar no processo de construção uma certa tensão e alguns desencontros, embora os resultados finais das pesquisas estatísticas, por serem expressos numericamente, sugiram consenso, homogeneidade, objetividade e cientificidade. O objetivo deste estudo, portanto é analisar uma pesquisa especifica desenvolvida com crianças quilombolas no Maranhão através do UNICEF e problematizar algumas questões apresentadas como resultado da análise estatística.
METODOLOGIA:
Dessa forma, nossa análise se fundamentou na crítica aos questionários utilizados como instrumentos de coleta de dados na referida pesquisa. Tomamos como referência Bourdieu (1983), Merllié (1996) e Schuarztman (1996), que discutem os entraves apresentados pelas pesquisas estatísticas e os possíveis erros que a quantificação de certos discursos podem acarretar.
RESULTADOS:
Com esta pesquisa percebemos que os instrumentais utilizados nas análises estatísticas não são adequados para explicitar as relações que se estabelecem no cotidiano das comunidades, pois existem várias subjetividades que não se deixam captar pela leitura dos dados. Institutos Internacionais como o Unicef concentram os seus esforços na busca de padrões e modelos que tornem compatíveis os dados produzidos em diferentes países. Tal procedimento implica, quase sempre, em negligenciar diferenças étnicas e culturais de determinadas regiões, influenciando decisivamente nos resultados da pesquisa, pois, dados sobre pobreza, trabalho infantil, alimentação entre outros, precisam ser analisados de acordo com cada realidade específica.
CONCLUSÕES:
Na pesquisa analisada, observamos que, o Unicef, na tentativa de tornar legível a “realidade” das comunidades negras rurais do Maranhão, utilizou para a elaboração dos questionários, parâmetros e categorias estranhas a essa realidade, o que nos leva a concluir que, a atividade de quantificar e garantir uma certa homogeneidade e padronização aos discursos - característica inerente às pesquisas estatísticas - está imersa em dificuldades, pois envolve uma multiplicidade de categorias que precisam ser analisadas a partir de contextos e articulações específicas, sob pena de ocorrer em equívocos comprometedores.
Instituição de fomento: Núcleo de Estudos Afro Brasileiros - NEAB
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Estatística; UNICEF; Pesquisa.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004