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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
ENFOQUE FISIOTERAPÊUTICO EM ALTERAÇÕES POSTURAIS PRESENTES EM CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR DE UMA ESCOLA DA CIDADE DE GUARULHOS – SP
Tatiane Aparecida Lourenço Barbosa 1   (autor)   
Taís Carenzi 1   (autor)   karenzi@bol.com.br
Cristiane Domenichelli 1   (autor)   crisdomenichelli@terra.com.br
Andrea Marques Berbel 1   (orientador)   dreaberbel.uol.com.br
1. Depto. de Fisioterapia, Centro Universitário Nove de Julho - UNINOVE
INTRODUÇÃO:
Nos dias atuais verificamos um grande número de adultos acometidos por afecções na coluna vertebral, representadas, principalmente, por quadros álgicos. Diversos estudos vêm relacionando o aparecimento ou exacerbação de tais afecções com posturas adotadas desde a infância, em especial durante o período escolar.
Um dos fatores observados freqüentemente no ambiente escolar é a inadequação de posturas adotadas, que leva a um desequilíbrio na musculatura global do corpo, produzindo alterações posturais. Assim, é de extrema importância a vigilância atenta de pais e profissionais capacitados, a fim de corrigir a tempo qualquer alteração postural e evitar deformações permanentes.
Desta forma, o presente trabalho objetivou, primeiramente, detectar possíveis alterações posturais presentes em um grupo de 378 escolares entre 7 e 14 anos de uma escola da cidade de Guarulhos – SP. Em seguida, procurou-se analisar quais os fatores presentes no ambiente escolar que poderiam influenciar na postura das crianças, como a maneira de sentar-se nas cadeiras escolares, a forma com que as mochilas são carregadas e o excesso de peso do material transportado.
Com base no grande número de alterações posturais encontradas, foi elaborado um material educativo de orientações direcionado às crianças para auxiliar na prevenção destas alterações, visando promover qualitativamente o pleno desenvolvimento e bem-estar físico das crianças.
METODOLOGIA:
Durante um período de 12 meses foram realizadas avaliações posturais em 378 crianças (n=378), alunos do SESI 398, da cidade de Guarulhos, visando detectar possíveis alterações posturais nos indivíduos pertencentes a este grupo.
Primeiramente, foi solicitada autorização aos pais e/ou responsáveis, através de um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual autorizavam seus filhos a participarem da pesquisa.
Em seguida, foi aplicado um questionário ao público pesquisado, que fazia parte de uma ficha de avaliação postural previamente elaborada, para obtenção de dados pessoais e onde foi anotada a altura, o peso da criança e do material escolar.
Após sua aplicação foi realizada a inspeção dos alunos (trajados com roupas de banho) em três vistas (anterior, lateral e posterior), com auxílio de simetrógrafo, sem mensuração do grau ou perimetria das alterações encontradas.
Após o término das avaliações, o resultado obtido foi relacionado à influência que a problemática ergonômica escolar poderia causar nas alterações encontradas. Assim, durante 18 meses a partir do início das avaliações, foi observada e anotada a rotina dos alunos na escola, em relação à maneira e ao tempo em que passam sentadas nas carteiras escolares e ao método de transporte do material escolar.
Ao término desta pesquisa, foi elaborado um material educativo objetivando a orientação aos próprios alunos e pais ou responsáveis, da importância de se prevenir tais alterações ou mesmo suas exacerbações.
RESULTADOS:
Considerando-se o grande número de alterações posturais encontradas neste grupo de crianças, procurou-se relacionar, através de observação, como os aspectos ergonômicos das escolas poderiam influenciar na exacerbação dessas alterações.
Desta maneira, destacou-se a maneira incorreta de como as crianças sentam-se nas carteiras escolares, a forma em que as mochilas eram transportadas, ou seja, na maioria dos casos em apenas um ombro, sobrecarregando um hemicorpo e a distribuição desigual no transporte do material escolar que levava a um excesso de peso carregado nos braços ou nas costas. O peso do material escolar pesquisado variou entre 3 e 8 kg.
Criou-se então, para as crianças participantes da pesquisa, um manual ilustrado explicativo para ajudá-las na prevenção do aparecimento ou agravamento das alterações posturais durante o período de permanência em ambiente escolar.
Assim, ficou claro que a saúde da criança em idade escolar é de responsabilidade multidisciplinar, devendo ser analisada por profissionais de diversas áreas, principalmente no que diz respeito à adoção de posturas corretas em sala de aula.
CONCLUSÕES:
Após um período de 18 meses de realização das avaliações posturais e observações periódicas da relação aluno-ambiente escolar, foi possível observar a influência que o meio interno (desenvolvimento fisiológico) e o meio externo (ergonomia das salas de aula, excesso de peso do material e a sua forma de transporte) exercem sobre um mau prognóstico para os quadros de alterações posturais.
Os resultados encontrados em nosso trabalho, deixam evidente que é necessária a implantação de programas que visam a promoção da saúde e bem-estar físico da criança e adolescente no ambiente escolar, atuando de forma preventiva sobre as influências do meio externo mencionadas acima, como geradoras ou exacerbadoras de possíveis alterações posturais.
Uma possibilidade de intervenção profilática seria a elaboração de manuais de orientação destinados às crianças em fase escolar e sua aplicação supervisionada, a fim de proporcioná-las melhor qualidade de vida.
Acreditamos que através do processo ensino-aprendizagem, a população se conscientize da importância do cuidado com a postura, evitando-se problemas futuros.
Palavras-chave:  Desvios posturais; Coluna vertebral; Ergonomia escolar.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004