IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA COMUNIDADE ZOOPLANCTÔNICA NA BAÍA DO COQUEIRO, PANTANAL-MT
Simoni Loverde Oliveira 1   (autor)   loverde@terra.com.br
Ibraim Fantin-Cruz 3   (autor)   ibraimfantin@uol.com.br
Vangil Pinto-Silva 2   (orientador)   vangil@terra.com.br
1. Profa. Msc. do Depto. de Ciências Biológicas , Instituto de Ciências Exatas e Naturais - UFMT-R
2. Prof. Dr. do Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
3. Graduando do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
Planícies de inundação são ecossistemas caracterizados pelo predomínio de distúrbios periódicos, proporcionados pela alteração no nível hidrológico, que demonstram uma grande complexidade em suas características abióticas e bióticas. Os períodos de águas altas e águas baixas impõe expressivas flutuações nos níveis d’água e nas variáveis limnológicas, conseqüentemente, modificam a composição e a densidade das comunidades ali presentes. Dentre essas comunidades, encontra-se a comunidade zooplanctônica, representada principalmente pelos rotíferos, cladóceros e copépodos.
Em ambientes aquáticos, o zooplâncton desempenha importante papel na organização das comunidades, visto que representa o elo de transferência de matéria e energia nas cadeias alimentares. Atuando no granzing do fitoplâncton e bactérias além da predação de outros organismos zooplanctônicos, bem como larvas de peixes, ou na filtração de uma ampla gama de tamanhos de partículas em suspensão que servem de alimento. Neste sentido, o zooplâncton participa tanto da rede trófica tendo o fitoplâncton como base, como na rede trófica na qual as bactérias estão na base. As alterações na estrutura e dinâmica da comunidades zooplanctônicas são fenômenos de grande relevância não somente para a própria comunidade como também para o metabolismo de todo o ecossistema.
Este trabalho tem por objetivo analisar as variações físico-químicas da água e na densidade dos grupos zooplanctônicos nas estações amostrais durante o ciclo sazonal.
METODOLOGIA:
A baía do Coqueiro está inserida no Pantanal de Poconé no município de Nossa Senhora do Livramento, MT (16o15’2”S; 56o22’12”W). A baía apresenta forma alongada, com aproximadamente 4000m de comprimento e 900m de largura.
Foram realizadas campanhas mensais no período de abril/02 a maio/03, em três estações de amostragem. Os dados de temperatura do ar e precipitação foram obtidos, junto ao 9o Distrito de Meteorologia. As variáveis limnológicas que foram determinadas são: temperatura da água e condutividade elétrica com condutivímetro MC 126-Metter, profundidade e transparência medido com Disco de Secchi de 30 cm de diâmetro, oxigênio dissolvido com oxímetro MO128-Mettler, pH: com pHmetro MP120-Metter, alcalinidade total foi determinado por titulação potenciométrica até pH 4,35 e turbidez por um turbidimentro 2100 PHACA do tipo Nefelométrico.
As coletas de zooplanctôn foram realizadas com uma bomba manual de sucção, sendo filtrados 100 litros de água em rede zooplanctônica com 61µm de abertura de malha. As amostras foram fixadas imediatamente em solução de formol 4%. As contagens foram realizadas em câmara Sedwick-Rafter a partir de sub-amostras de 1ml da amostra total até que se atingisse um total de 250 indivíduos por amostra, desde que o valor do coeficiente de variação seja igual ou inferior a 20%. Os Copepodas adultos e copepoditos são identificação em nível de ordem, já os náuplios não foram identificados. Os Cladoceras em subordem, e gênero para Rotíferas.
RESULTADOS:
As maiores precipitações ocorreram em dezembro/02 (203,2mm) e janeiro/03 (297,5mm) e a menor em junho/02 (0,5mm). O nível da coluna d’água teve elevação a partir de janeiro/03. Os maiores valores de temperatura, profundidade e transparência da água foram obtidos em fevereiro e março (cheia) e os menores em novembro e dezembro (estiagem), já a turbidez variou inversamente à transparência.
O pH da água nas estações apresentou em média valores inferiores a 7,0. Os maiores valores médios de alcalinidade foram observados na estação EI (14,7mg/l) e os menores na estação EIII (9,8mg/l). A estação EI apresentou em média maior porcentagem de oxigênio dissolvido (42%) e a estação EIII a menor (12%).
O grupo Rotifera contribuiu com 67% na densidade total do zooplâncton, seguido por Copepoda (18%) e Cladocera (15%).
Nas estações EI e EII os Rotiferas dominaram de agosto a dezembro representados pelos gêneros Lecane, Brachionus e Filinia. Os Copepodas, especialmente os náuplios, se destacaram em maio e julho/02 e maio/03 (vazante-estiagem). As menores densidades (<25ind/m3) foram registradas em abril/02, março e abril/03 (cheia-vazante).
No geral, a estação EIII teve as menores densidades durante todo o ciclo sazonal, com valores inferiores a 6 ind.m3, a maior densidade foi obtida em novembro (2.385 ind./m3, estiagem). O gênero Brachionus destacou-se em agosto/02 nesta estação, por contribuir com 83% do zooplâncton total.
CONCLUSÕES:
Através da análise de precipitação constatou-se dois períodos distintos um chuvoso (dezembro e janeiro) e um seco (junho e julho). O nível da coluna d’água na baía teve elevação a partir do mês de janeiro/03, indicando acumulação da água oriunda da bacia de drenagem.
Os valores de profundidade, temperatura, transparência e turbidez da água apresentaram padrões distintos nos períodos de cheia e estiagem do Pantanal. A água da baía pode ser considerada levemente ácida a circuneutra. A condutividade elétrica apresentou padrões distintos entre as estações amostradas. A estação EIII teve as menores taxas de oxigênio dissolvido, onde os valores não ultrapassaram a 39% de saturação.
A baía apresentou maior densidade zooplanctônica na época de estiagem, provavelmente devido a disponibilidade de nutrientes para os organismos que servem de fonte alimentar, e pela reduzida profundidade da coluna d’água onde o sedimento pode ser facilmente revolvido, aumentando a oferta de alimentos para o zooplâncton. A elevada densidade de Rotíferos, observado na baía na época da estiagem, pode ter relação com a grande concentração de material em suspensão, indicada neste estudo, pela alta turbidez. Já no período de cheia a densidade foi reduzida em função da diluição da água. A estação EIII diferentemente das demais, apresentou densidades inferiores a 30 ind.m3 na maior parte do ciclo sazonal. Os Copepodas e Cladoceras ocorreram com maior freqüência de maio à julho/02 e maio/03 nas estações EI e EII.
Instituição de fomento: FAPEMAT/NEPA/CAPES/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Zooplâncton; Limnologia; Pantanal.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004