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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O USO DO VÍDEO NA EDUCAÇÃO: UM INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM E LAZER
Edileuza Ribeiro Sodré 1   (autor)   edileuzasodre@bol.com.br
Eudna Pereira da Silva 1   (autor)   eudnapereira@bol.com.br
Maria Helena da Silva Carneiro 1   (orientador)   mhsilcar@unb.br
1. Departamento deMétodos e Técnicas - MTC, Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
É importante que professores e alunos possuam acesso à leitura crítica de imagens, tanto fixa quanto em movimento, pois essa linguagem é um instrumento que auxilia a inserção do indivíduo na sociedade contemporânea. O vídeo, por exemplo, é um recurso que pode subsidiar o processo educacional, pois explora diversas linguagens que seduzem e fascinam os alunos e os faz aprender no entretenimento. Pois as mensagens emitidas podem desenvolver múltiplas atitudes preceptivas e intelectuais nos alunos. Rosado, (1993) afirma que a mensagem audiovisual leva o indivíduo a buscar a compreensão, a exploração e a elaboração do sentido da mensagem. Nesse sentido, a compreensão da mensagem ocorre quando o aluno-telespectador interpreta, modifica e apropria-se dela, tendo como suporte para a atribuição de sentido a sua bagagem conceitual. Essa diversidade de interpretação e contextualização forma uma base para a construção do conhecimento e viabiliza a construção de uma teia de significados. Assim, a escolha de trabalhar com o recurso audiovisual, dando enfoque ao vídeo, partiu da necessidade de conhecer e compreender sua utilização no contexto escolar, pois acreditamos que o seu uso é relevante ao processo educacional. A presente pesquisa tem por finalidade indagar se os professores da Educação Infantil e das Séries Iniciais ao utilizarem a linguagem audiovisual, mais especificamente o vídeo, atentam para a articulação entre aprendizagem e lazer que esse veículo pode proporcionar.
METODOLOGIA:
O grupo estudado compôs-se de três salas de aula de escolas distintas, sendo uma particular e duas públicas e de escolha aleatória. A faixa etária dos alunos variava entre cinco e nove anos, cursando o jardim II, jardim III e 3ª série do Ensino Fundamental. A coleta dos dados foi realizada em duas fases: inicialmente foi feita uma observação minuciosa de como o professor trabalhava com os alunos a questão dos vídeos, fossem eles didáticos ou filmes e programas infantis. Em um segundo momento, tendo o texto produzido com a observação como base, foi dado início a uma entrevista semi-estruturada com as professoras e alguns alunos. Esta foi gravada e transcrita para posterior análise. Para tanto, foi elaborada uma grade de análise constituída a partir do exame crítico do texto falado dos entrevistados.
RESULTADOS:
Na análise dos dados pôde-se notar que a maioria dos sujeitos da pesquisa, professores e alunos, possuem uma visão bastante restrita dos meios audiovisuais, pois o consideram apenas como forma de diversão e entretenimento. Os vídeos de filmes e programas infantis eram usados pelas professoras como forma de premiação pelo “bom comportamento dos alunos”. Foi possível averiguar que o vídeo, apesar de trazer diversos aspectos pedagógicos a serem trabalhados, é visto pelas professoras como mera forma de entretenimento para os alunos e de descanso para elas, já que nesse momento os alunos estão com a atenção voltada inteiramente para o vídeo. As três professoras vêem no vídeo didático um instrumento pedagógico, mas sua exploração é restrita ao seu conteúdo, não abordando assim suas diversas linguagens que convergem para transmitir uma mensagem. Com relação aos filmes e programas infantis, as três professoras os utilizam com freqüência, pelo menos uma vez na semana, mas não abordam o seu conteúdo. Portanto, perdem a oportunidade de explorar assuntos relevantes apresentados por esse veículo que chama a atenção das crianças. Como a finalidade educacional do audiovisual passa, necessariamente, pelo uso que o professor faz desse recurso, pode-se afirmar que, na atuação dos sujeitos pesquisados essa finalidade não foi alcançada, pois os professores, de modo geral, não atentam para a articulação entre aprendizagem e prazer que esse veículo pode proporcionar.
CONCLUSÕES:
A partir da análise dos dados pode-se concluir que os alunos vêem no vídeo, seja ele didático, filme ou programas infantis, um momento de lazer, e como tal lhes proporciona prazer e chama sua atenção. As professoras entrevistadas ao trabalhar com o vídeo didático o exploram como instrumento pedagógico que viabiliza o esclarecimento e enriquecimento de questões, e relaciona o prazer advindo das imagens e sons com a aprendizagem de conteúdos científicos. Entretanto, quando se fala dos filmes em geral e dos programas infantis, elas têm em mente que se pode aproveitar alguns aspectos abordados pelo tema, mas raramente o fazem, pois preferem simplesmente “deixar os alunos se divertirem um pouco”. Essa visão é ruim para o processo de aprendizagem dos alunos, pois passa a idéia de que aprendizagem e lazer são coisas distintas e que não coexistem no mesmo espaço. Essa visão é contrária a de Rosado (1993) e da SEED (1998) que afirmam que a inserção do vídeo no contexto escolar coloca, obrigatoriamente, em articulação estes dois universos distintos: o audiovisual (de lazer e prazer) e o da escola (da aprendizagem do conhecimento científico), ou seja, associa a aprendizagem ao lazer.
Palavras-chave:  Audiovisual; Prazer; Aprendizagem.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004