IMPRIMIRVOLTAR
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ESTUDO PRELIMINAR DA VERTENTE DA PARTE NORDESTE DO MAIOBÃO
Flavia Roberta Cerveira Tavares 1   (autor)   vinha00@yahoo.com.br
1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA
INTRODUÇÃO:
Os sistemas morfológicos são os sistemas menos complexos de se estudar, pois visam analisar a forma apresentada pelo fenômeno através de suas diversas variáveis como altura, comprimento, largura, dentre outros (CHRISTOFOLETTI,1980). O presente trabalho analisa um elemento importante enquanto sistema morfológico na caracterização geomorfológica de qualquer paisagem: as vertentes. Por se tratar de um sistema aberto, há constantes trocas de fluxo de matéria e energia com outros sistemas. Deste modo, procurou – se fazer um estudo preliminar da vertente do MAIOBÃO, caracterizando a entrada e saída desses fluxos. A área está localizada na parte nordeste do Conjunto Habitacional Maiobão, Município de Paço do Lumiar (parte leste da ilha do Maranhão) a 2°28’ 12’’ e 2° 32’ 58’’ de latitude sul e 44° 10’ 18’’ e 44° 03’ 14’’ de latitude oeste. Situado entre as rodovias MA 201 e 202 que fazem ligação com São Luís. Delimita – se ao Norte com Sítio Grande e Maioba, ao Sul com Tambaú e Mala, a Leste com os conjuntos Paranã e Upaon-açu, e a Oeste com Lima Verde. Nesse sistema, as principais fontes de energia são a radiação solar e a gravidade. Em relação à matéria, a precipitação configura – se como elemento principal, somando-se a ele o vento, os solos, o asfaltamento das ruas (nesse caso), a vegetação, sendo a ação antrópica com elemento também dinâmico nesse processo.
METODOLOGIA:
Desenvolveu-se um estudo de caráter quantitativo e qualitativo, cujos dados foram colhidos através de observação in loco com registros fotográficos, num período de quatro meses. Foram feitas entrevistas e conversas informais com moradores da área. Realizaram-se estudos bibliográficos, tendo como referência estudos de Christofoletti (1979, 1980, 1999), Guerra (1978, 1998), Salomão (1999) e; Almeida Filho e Ridente Junior (2001), análise de material cartográfico do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro – GERCO/MA da ilha do Maranhão nos seguintes parâmetros: geológico, geomorfológico, morfológico, hidrológico, uso e ocupação do solo; cartas plamaltimétricas da Diretoria do Serviço Geográfico do Exército – DSG/ME, de 1980, na escala de 1:10000, com curvas de nível em intervalos de 5m (folhas 16 e 25) e da Companhia de Água e Esgoto do Maranhão – CAEMA, de 1988, na escala de 1:2000, com curvas de nível de 1m (folhas AX-14, AX-15, AY-15); uso do GPS para delimitação da área não cartografada (Conjunto Upaon-açu).
RESULTADOS:
A vertente estudada possui altura (H) de 33,6m, com altitude máxima de 55,4m. Seu comprimento horizontal (L) mede 1012m. A partir desses parâmetros calculou – se o comprimento retilíneo da superfície da vertente (LR) que é de 1012,55m, que neste caso foi utilizado por não haverem rupturas bruscas de declividade. O ângulo médio (Ø) é de 2°. Com aproximadamente 3,84Km², a vertente tem 66% de sua área ocupada por residências e ruas, o que vai refletir num aumento significativo do volume escoamento superficial das águas pluviais. A área restante 34% é ocupada predominantemente por gramíneas e arbustos. A precipitação é a principal entrada de matéria, junto com a gravidade. Mas outro elemento se configura como entrada no sistema, a água superficial proveniente de outra vertente próxima, situada ao Sul. Os fluxos de energia e matéria na área configuram-se com ação das águas de escoamento superficial concentrado, facilitado pela impermeabilização somada a uma deficiente rede de drenagem urbana, através de processos erosivos que removem grande quantidade de sedimentos que são carreados para o carrego, assoreando-o, o que é a saída desses elementos. Parte deles são retidos por alguns obstáculos, entulhando algumas ruas. Outros elementos de saída de fluxos se refletem na evaporação, infiltração e sistema de drenagem precário.
CONCLUSÕES:
Pôde-se perceber grande número de impactos ocasionados por ações antrópicas sem planejamento na área como: desenvolvimento de processos erosivos (erosão acelerada) criando ravinas nas ruas, podendo, posteriormente, transformar-se em voçorocas; interrupção de tráfego por efeito da erosão ou deposição de sedimentos, assoreamento da rede de drenagem, transporte de poluentes agregados aos sedimentos, desenvolvimento de focos de doenças pela prática de aterro com lixo e despejo de esgoto, dentre outros, trazendo consigo a desvalorização imobiliária, intranqüilidade da população e a necessidade de novos investimentos governamentais. Contudo, existem inúmeras alternativas no solucionamento desses problemas que perpassam desde a criação e aplicação de instrumento de tutela ambiental, estudos que propiciem o uso racional do solo, conservação e implantação / ampliação do sistema de drenagem urbana e planejamentos para ocupação de áreas urbanas.
Palavras-chave:  geomorfologia; vertente; energia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004