IMPRIMIRVOLTAR
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
DISTRIBUIÇÃO ECOLÓGICA DA ICTIOFAUNA DA CABECEIRA DO RIO MIRANDA - MS: PROJETO PIRACEMA
DANIELI ZUNTINI 1, 3   (autor)   danielizuntini@universiabrasil.net.br
FÁBIO EDIR DOS SANTOS COSTA 1, 2   (orientador)   fabioescosta@uol.com.br
SIMONE PEREIRA MARQUES 1, 4   (colaborador)   sipemarques@zipmail.com.br
WAGNER VICENTIN 1, 3   (colaborador)   fusarka@hotmail.com
1. Centro de Pesquisas em Biodiversidade - Laboratório de Ictiologia - UEMS
2. Prof. Dr. - Centro de Pesquisas em Biodiversidade - Lab. Ictiologia - UEMS
3. Bolsista de Iniciação Científica / PIBIC - UEMS
4. Estagiária - Centro de Pesquisas em Biodiversidade - Lab. Ictiologia - UEMS
INTRODUÇÃO:
O Pantanal é a maior área úmida situada na Bacia do Rio Paraguai no coração da América do Sul, com aproximadamente 365.000 km2. Um fator quase sempre omitido é a relação das áreas de cabeceiras do Pantanal com a parte de planície. A Planície Pantaneira caracteriza-se pelo recebimento das águas vindas das cabeceiras (planalto) limpas, com poucos nutrientes e com baixa carga de sedimentos. A região de cabeceiras do Pantanal não é apenas uma área de grande biodiversidade, com alto endemismo, mas é também mais frágil que a Planície. A lei de Pesca em Mato Grosso do Sul, estabelece tamanhos mínimos de captura, período de defeso reprodutivo, cota para a pesca esportiva e o zoneamento da atividade pesqueira, definindo áreas, períodos e locais para a pesca esportiva, profissional e de subsistência. Porém, faz-se necessário estudos de monitoramento da pesca em todo o Estado de MS, visando fornecer subsídios aos órgãos competentes, para o melhor gerenciamento desta importante atividade, principalmente no que diz respeito ao estabelecimento de cotas de captura, tamanho mínimo de captura dos indivíduos e determinação do período de defeso da piracema. A presente proposta visa realizar um levantamento de dados da ictiofauna nas cabeceiras do rio Miranda, principalmente no que diz respeito ao monitoramento biológico da alimentação, reprodução e distribuição dos indivíduos, visando subsidiar ações de monitoramento e gerenciamento dos recursos pesqueiros na região.
METODOLOGIA:
A cabeceira do rio Miranda, no trecho compreendido entre os municípios de Bonito, Jardim – MS, local de estudo, caracteriza-se por estar localizada numa bacia de sedimentação, sendo suas águas neste trecho de grande velocidade (ambientes lóticos), porém de coloração clara, devido à baixa quantidade de matéria orgânica e sedimentos em suspensão. As espécies foram amostradas com o uso de tarrafas, de malhas 1,5 a 7,5 cm entre nós adjacentes, durante o período de abril/2000 a setembro/2003. Com base nos dados amostrados, foram estabelecidas a composição quali-quantitativa e identificadas as espécies residentes, temporárias e esporádicas e determinados os grupos específicos associados, de acordo com as condições ambientais.
RESULTADOS:
Foram capturados um total de 2.421 indivíduos, distribuídos em 39 espécies. Deste total, as 14 espécies mais abundantes representaram respectivamente 90,3% e 98,0% em número e em peso dos indivíduos coletados; sendo estas: Prochilodus lineatus, Pseudoplatystoma corruscans, Brycon microlepis, Pimelodus maculatus, Paulicea luetkeni, Salminus maxillosus, Astyanax assuncionensis, Oxydoras Kneri, Hypostomus sp, Leporinus elongatus, Pseudoplatystoma fasciatum, Piaractus mesopotamicus, Leporinus friderici e Mylossoma orbignyanum. As espécies com maior intensidade reprodutiva na região foram: L.elongatus, M.orbignyanum, S. maxillosus, P.mesopotamicus, P.luetkeni e P.maculatus, as quais apresentaram um mínimo de 50% dos indivíduos amostrados em estádio gonadal maduro (C). Já as espécies que apresentaram alta atividade alimentar, foram as seguintes: A.bimaculatus, P.lineatus, L.elongatus, P.mesopotamicus, B.microlepis, O.Kneri, M.orbignyanum, L.friderici, P.maculatus e Hypostomus sp., com altas taxas do Grau de Repleção estomacal.
CONCLUSÕES:
A distribuição é influenciada principalmente por fatores que operam ao nível populacional, determinando a abundância absoluta das espécies a qualquer momento no ambiente. Estes fatores podem ser de origem externa ou interna, bem como originados pela ação antrópica ou causas naturais. Cada espécie responde diferentemente a estes fatores e resulta em uma constante troca de abundância relativa dentro da presente população. O local de estudo caracteriza-se por ser uma importante área de alimentação e reprodução dos Characiformes presentes, sendo que estes apresentam uma predominância em número de indivíduos durante os meses de março a novembro. Já para as espécies de Siluriformes, a área caracteriza-se como um importante sítio de reprodução, em especial durante os meses de novembro a fevereiro, quando este grupo lidera a abundância das espécies em biomassa, em relação aos Characiformes. Nos demais meses, a ocorrência deste grupo corresponde a apenas 20% em média das capturas em peso e em número. Quando se compara o comportamento das duas espécies mais abundantes, Prochilodus lineatus (Characiformes) e Pseudoplatystoma corruscans (Siluriformes), fica evidente a partilha de recursos entre as espécies pertencentes às duas Ordens, alternando-se a presença dos respectivos grupos no local, em especial no que diz respeito à ocupação do habitat disponível para fins de atividades reprodutivas e alimentares.
Instituição de fomento: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Mato Grosso do Sul - Fundect. – Convênio 0052/02
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Ecologia de Peixes; Ictiologia; Pantanal.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004