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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
NATUREZA: REPRESENTAÇÕES E PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE 6ª SÉRIE DAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE BOTUCATU, SP.
Mariana Saragiotto da Silva 1   (autor)   msaragiotto@yahoo.com.br
Lucia Maria Paleari 1   (orientador)   lpaleari@ibb.unesp.br
1. Depto. de Educação, Instituto de Biociências, Unesp - Botucatu, SP.
INTRODUÇÃO:
Na Antigüidade, o Homem, dependente da Natureza, obtinha diretamente dela recursos para sua sobrevivência, relação que o levava ao respeito e visão sacralizada. Nos séculos VI e V A.P. os gregos interpretavam-na como um organismo vivo e inteligente, devido à constatação dos movimentos próprios dotados de regularidade, que ela apresentava. Até então o Homem assumia-se como parte integrante da Natureza, visão que começou a ser questionada na Idade Média com o surgimento do Cristianismo, cujo Deus criara a Natureza para benefício e dominação do Homem. Essa concepção utilitarista perdurou por toda a Idade Média e foi reforçada com o pensamento mecanicista iniciado por Galileu Galilei no séc. XVIII. Colocado em cheque apenas no início do século XIX, com o surgimento de teorias evolucionistas, ainda se revela como marca proeminente nos dias atuais e responsável pela postura arrogante, apartada e dominadora da Natureza. Tendo em vista esse contexto sócio-histórico, seria possível que crianças de 6ª série, em meio ao processo de formação pessoal e intelectual, apresentasse uma outra visão da Natureza, mais próxima das sociedades antigas? Qual a concepção de Natureza mais marcante entre elas e qual a sua possível origem?
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado com 210 alunos de 6ª série de 4 escolas da Rede Pública de Ensino de Botucatu, SP. O tamanho mínimo de amostra, definida ao final por meio de sorteio, foi calculado a partir do número total de alunos matriculados nas 12 escolas, estaduais e municipais da cidade, utilizando-se um intervalo de confiança de 95% para um índice de precisão de 7%. A coleta de dados foi feita de início a partir de desenhos que cada criança elaborou, após solicitação para que representassem a Natureza. Posteriormente, os alunos responderam a um questionário que continha 3 questões abertas e um teste de múltipla escolha. Para a análise tanto dos desenhos como dos questionários, as respostas dos alunos foram agrupadas em categorias previamente estipuladas.
RESULTADOS:
Os principais resultados obtidos indicaram que, 77,6% (2=703,200; p=0,001) dos alunos têm uma visão bucólica de Natureza, representada por lugares perfeitos, intocados e distantes do cotidiano deles. Somente 5,3% (2=703,200; p=0,001) incluíram o Homem na paisagem. Porém, destes, em resposta ao questionário, 84,9% (2=230,56; p=0,001) incluem o Homem no mundo natural, por atribuírem-lhe a função de preservação e de manipulação da Natureza.
CONCLUSÕES:
Concluímos que os alunos de 6ª série de Botucatu já têm incorporada a visão do Homem como um ser à parte do ecossistema, percebendo-o como fonte de recursos e como algo dependente de ação protetora humana, o que reflete as tendências do próprio ensino desenvolvido nas escolas, que é de forte cunho humanista em detrimento do científico. É necessário suprimir essa desigualdade e introduzir conhecimentos científicos com propriedade e profundidade para que os estudantes compreendam adequadamente a complexidade da problemática ambiental e possam sustentar discussões e práticas ambientais salutares, condizentes com os anseios humanos de vida e felicidade, mas percebendo-se como seres integrados e interdependentes do ambiente.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Natureza; Interação Homem-ambiente; Ensino de Ciências e Biologia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004