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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
DIATOMÁCEAS DO GÊNERO Aulacoseira : TAXONOMIA E CONSIDERAÇÕES ECOLÓGICAS
Simoni Maria Loverde Oliveira 1   (autor)   loverde@terra.com.br
Janielly Carvalho Camargo 2   (autor)   janiellycamargo@bol.com.br
1. 1- Instituto de Ciências Exatas e Naturais/UFMT
2. 2- Instituto de Biociências/UFMT.
INTRODUÇÃO:
As diatomáceas são organismos abundantes, importantes na produção primária e largamente distribuídos geograficamente, ocupando habitats distintos e diversos. São determinadas pela interação entre luz, nutrientes, profundidade, turbulência da água e outras características físicas e químicas. São boas bioindicadoras, muito utilizadas para a avaliação da qualidade da água principalmente em ambientes lóticos. Elas apresentam grande habilidade de sobrevivência, sendo competitivas em condições de baixa luminosidade e com disponibilidade de nutriente.
As espécies desse gênero são caracterizadas pela presença de frústulas cilíndricas unidas em cadeias filamentosas, eixo perivalvar bem desenvolvido, ausência de rafe, presença de poros ornamentando as valvas e coroa de espinhos marginais ou de ligação. Pertencem à classe Bacillariophyceae, à ordem Centrales e à família Thalassiosiraceae. No geral, essas espécies são cosmopolitas e planctônicas, possuem em comum a preferência pelos ambientes eutróficos, com pH próximo a neutro e túrbidos. Este trabalho teve por objetivo fazer o estudo taxonômico das espécies do gênero Aulacoseira , encontradas na baía do Coqueiro, Pantanal mato-grossense, salientando as condições ambientais.
METODOLOGIA:
A baía do Coqueiro está localizada no Pantanal de Poconé (Pirizal), município de Nossa Senhora do Livramento, MT (16º 15` 12``S; 56º 22`12``W). É uma lagoa permanente, de forma alongada, na estiagem tem aproximadamente 4000 m de comprimento e 800m de largura. Na cheia mantém-se ligada ao rio Piraim através do Corixão.Foram realizadas campanhas mensais no período de abril de 2002 a maio de 2003, em três estações de amostragem. A estação I (16º23’00,1” S e 56º17’53,4”W) na região limnética sob influência do Corixão, a estação II (16º22’28,2”S e 56º17’54,7”W) na região limnética mais profunda da baía e a estação III (16º21’31,3”S e 56º17’02,9”W), na região litorânea próxima as macrófitas ( Eichhornia azurea e E. crassipes ). As amostras foram coletadas através de dez arrastos verticais com o auxílio de uma rede de plâncton, com malha 25µm. A preservação foi realizada com a solução de transeau (1:1) conforme Parra & Bicudo (1995). As lâminas permanentes para identificação dos táxons seguiram o método de SIMONSEN (1974) adaptado. O trabalho de identificação das algas foi realizado em microscópio óptico, equipado com câmara clara.
RESULTADOS:
Aulacoseira ambigua (Grunow) Sim. var.ambigua.
Comp. médio: 15,3µm (9,6-20,8µm). Diâm. médio: 12,8µm (9,6-16µm). Poros em 10µm: 8-9. Espinhos curtos do mesmo tamanho: 1,6 µm.
Aulacoseira distans (Ehr.) Sim..
Comp. médio: 24,6µm (16-32µm). Diâm. médio: 8,4µm (6,4-9,6µm). Poros em 10µm: 6-7.
Aulacoseira italica (Ehr.) Sim.
Comp. médio: 26,5µm (22,4-32 µm). Diâm. médio: 5,8µm (4,8-6,4µm). Poros em 10µm: 8-9.
Aulacoseira granulata (Ehr.) Sim. var. angustissima (O. Müll.) Sim.
Comp. médio: 25,9µm (20,6-32µm). Diâm. médio: 4,8µm, sem variações. Poros em 10µm: 5-6. Espinhos nas células terminais: 10,8µm (8-14,4µm).
Aulacoseira granulata (Ehr.) Sim. var. granulata (Ehr.) Ralfs.
Comp. médio: 24,7µm (19,2-28,8µm). Diâm. médio: 7,7µm (6,4-11,2µm). Poros em 10µm: 6-8. Espinhos nas células terminais: 12µm (11,2-14,4µm).
Aulacoseira pseudogranulata (Cl. - Eul.) Sim.
Comp. médio: 26,2µm (24-28,8µm). Diâm. médio: 4,8µm, sem variações. Pontuações inconpíscuas. Um espinho longo em cada célula terminal: 11µm (9,6-12,8µm).
A baía do Coqueiro é um ambiente raso, sujeito à influência do sistema lótico e as variações de nível d’água do Pantanal, além de sofrer a ação dos ventos que facilmente desestratificam a coluna d’água. Tais condições ambientais garantem a resuspensão das frústulas silicosas das espécies de Aulacoseira. Além disso, no ambiente ocorre disponibilidade de luz na coluna d’água na maior parte do ciclo sazonal, água com pH circuneutro e disponibilidade de nutrientes.
CONCLUSÕES:
Um total de seis táxons: Aulacoseira ambigua var. ambigua, Aulacoseira distans, Aulacoseira italica, Aulacoseira granulata var. angustissima ,Aulacoseira granulata var. granulata, Aulacoseira pseudogranulata, foram reconhecidos na baia do Coqueiro no Pantanal mato-grossense. Para a separação das espécies, foram utilizados: comprimento médio, diâmetro médio das frústulas, número e tamanho de espinhos e número de poros. A ocorrência das espécies de Aulacoseira pode ser explicada pelo fato de se beneficiarem de ambientes sujeitos a perturbações (turbulência, turbidez) e com disponibilidade de nutrientes.
Instituição de fomento: FAPEMAT/ CAPES/ NEPA
Palavras-chave:  Bacillariophyceae; Aulacoseira; Pantanal.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004