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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
A FORMAÇÃO E A PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR
Ana Maria Lakomy 1   (autor)   alakomy@nitnet.com.br
Marcia Simão Linhares Barreto 1   (autor)   marciasimaob@bol.com.br
Antonio Pio 1   (colaborador)   marciasimaob@bol.com.br
1. Mestrado em Educação, Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO
INTRODUÇÃO:
O estudo busca refletir sobre o saber docente e a prática pedagógica do professor-pesquisador comprometido com a formação de professores e com a renovação da profissão docente no ensino superior. Esta reflexão está relacionado com um fenômeno global e internacional chamado profissionalização do ensino que discute, de modo específico, os saberes que professores utilizam para desempenharem suas tarefas e atingir os objetivos propostos. Argumenta-se, desta forma, que a pedagogia do ensino universitário deve ser baseada em princípios de incerteza, imprevisibilidade, e contestação, impondo desafios para lidar com as complexidades do mundo moderno. Daí, o movimento de profissionalização buscar renovar os fundamentos epistemológicos da prática do professor. Dessa forma, a crise vivida pela educação brasileira, embora passe por diferentes problemas estruturais, encontra-se em grande parte, ligada à formação do professor. Embora se reconheça que o curso de formação de professores não é o único fator que leve a competência profissional, considera-se que ela seja a mola propulsora para mudanças. Portanto, cabe às instituições que oferecem curso de formação de professores, garanti-la com qualidade, contribuindo para que os docentes sejam instrumentalizados com saberes, competências e habilidades para mediatizar a formação de cidadãos capazes de responder aos desafios colocados pela realidade e nela intervir.
METODOLOGIA:
A pesquisa utilizou a técnica de “Análise de Envoltória dos Dados”, uma metodologia com amplas possibilidades de utilização em diversos campos da atividade humana. Ela apresenta as seguintes características: não faz julgamentos a priori sobre os valores das ponderações de inputs e outputs que levariam ao melhor nível de eficiência possível e dispensa sistemas de preços ou pré-especificações da função de produção. É, portanto, uma metodologia quantitativa e qualitativa adequada para uma reflexão dos saberes docentes no ensino superior já que permite que valores relativos sejam transformados em valores absolutos. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário fechado aplicado em professores de vários cursos de graduação em Pedagogia, Matemática, Direito, Psicologia, Informática e Fisioterapia e pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado) de diversas instituições do ensino superior, tanto públicas (Federal e Estadual) como particulares localizadas no Rio de Janeiro e em Niterói. Através do instrumento de pesquisa buscou-se dados sobre docência do ensino superior segundo faixa etária e níveis de titulação – graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Também procurou questionar a percepção da imagem do professor-pesquisador na conjuntura do ensino superior atual.
RESULTADOS:
A pesquisa realizada mostra uma maior concentração de professores na faixa etária de 35 a 40 anos com curso de Especialização latu senso (11,54%). Somente 1,28% dos docentes pesquisados na mesma faixa etária possuem pós-doutorado. Este quadro indica, portanto, um reduzido percentual de professores-pesquisadores no ensino superior, produtores de saberes e práticas pedagógicas voltadas para uma realidade em mudança. Verifica-se que a maioria dos docentes inseridos na faixa etária de 30 a 40 anos manifestaram média satisfação quanto a sua imagem como professores universitários na atual conjuntura do ensino superior. Isto é, 10,67% da amostra pesquisada demonstraram contentamento com a valorizaçao do professor universitário, sua carga horária, proventos e condições para pesquisa.
CONCLUSÕES:
Os dados coletados mostram que a maioria dos docentes pesquisados possuem pouca tradição em pesquisa podendo, assim, exercer uma prática pedagógica cartesiana e desvinculada de uma relação íntima entre teoria e prática na produção e aplicação do conhecimento. Nota-se que estes docentes possuem cursos de Especialização latu senso com pequeno envolvimento na àrea da pesquisa tendo, portanto, uma atuação profissional voltada para saberes teóricos e com pequena articulação com aspectos práticos característicos das várias areas de atuação. O cenário aponta para contradições no processo de profissionalização da docência e na formação de docentes no ensino superior capazes de formar cidadão aptos para lidarem com as complexidades teórico-práticas no mundo moderno. Tendo em vista que os saberes discutidos parecem encontrar-se desvinculados da prática pedagógica e profissional, considera-se que os docentes, apesar de participarem das pesquisas, não são pesquisadores mas profissionais técnicos no ensino superior. Argumenta-se, portanto, que ensino superior, enquanto agência formadora de docentes e profissionais, não têm garantido uma formação de cidadãos capazes de responder aos desafios colocados pela realidade e nela intervir de forma crítica e reflexiva. Parece, portanto, tratar-se de um contexto paradoxal considerando que se pede aos professores para se profissionalizarem sem, entretanto, oferecer condições e exigência para que isso ocorra.
Palavras-chave:  ensino superior; formação de professores; profissionalização docente.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004