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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
BURACOS DE CAMÕES: HABITAÇÕES COLETIVAS EM SÃO LUÍS DO SÉCULO XX
Maria Eugenia dos Santos Borges 1   (autor)   meugeniasb@ig.com.br
Luís André Medeiros 1   (autor)   
Carlos André Arrais de Oliveira 1   (autor)   
Manoel de Jesus Barros Martins 1   (orientador)   
Márcia Milena Galdez 1   (co-orientador)   
1. Depto. de História, Universidade Federal do Maranhão-UFMA.
INTRODUÇÃO:
Quando as primeiras fábricas se instalaram no Maranhão em fins do século XIX, a população ludovicense se adensou pelo crescente número de migrantes que chegaram à cidade em busca de melhores condições de vida. Nos jornais da época aumentaram as referencias sobre as habitações coletivas: cortiços e baixos-sobrados. Nesses ambientes, misturavam-se objetos, espaços e, principalmente, histórias de seus habitantes, consagrando imagens de desordem e de sujeira, através da imprensa local, que denominava essas habitações como verdadeiros " Buracos de Camões". Estas constituem-se no objeto de nosso trabalho. Propondo-se a (re)construir as memórias desse tipo de habitação.
METODOLOGIA:
O presente trabalho tem como fontes fundamentais entrevistas realizadas com moradores e ex-moradores de um cortiço localizado na Rua do Mocambo e de um baixo-sobrado sito na rua São Pantaleão, em São Luís no Maranhão, além da análise bibliográfica de autores como: Ecléa Bosi, Lucília de Almeida, Montenegro e Santo Agostinho. O incurso pela História Oral faz-se com o cuidado de ressaltar que o passado tal qual é representado nas lembranças dos entrevistados, não corresponde a uma cópia do vivido, mas sim adentrando-se nesse campo com a percepção de que o passado é reconstruído, recriado no ato de rememoração, ou seja, nas memórias, passado e presente se superpõe.
RESULTADOS:
As entrevistas forneceram imagens, muitas vezes opostas, sobre o mesmo espaço, na medida em que tomavam como referencial a situação presente, reinterpretando as vivências do passado. O cotidiano do cortiço e do baixo-sobrado construído pelos moradores destoa em parte das representações de sujeiras veiculadas pelos órgãos da imprensa no início do século passado. Em alguns dos casos são relembradas as distribuições das tarefas para manter o asseio do local através do revezamento de moradores. Também é rememorada pelos entrevistados a falta de privacidade que representava viver nessa modalidade de habitação, principalmente pela presença de estranhos, tornando-se este um dos motivos de preocupação dos trabalhadores com filhos, que encontraram como alternativa deixá-los sob a tutela de vizinhos, estabelecendo assim uma relação de dependência e cooperação entre os moradores.
CONCLUSÕES:
O presente trabalho pôs-nos em contato com um espaço rico em experiências que podem ser revisitadas por análises que, no entanto, mantêm-se em aberto a espera de estudiosos. As visitas as habitações estudadas nos auxiliaram na reconstrução das memórias ao mesmo tempo que nos permitiu, simbolicamente, acompanhar esses moradores e ex-moradores nessas viagens, por vezes turbulentas, ao passado, observamos suas reações ao serem confrontados com fatos e lembranças que representam para estes, motivos para alegrias, tristezas, nostalgias sobre um passado comum.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Cotidiano; Vivências; Habitações.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004