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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
RELAÇÕES DISCIPLINARES: A TRÍADE INSTITUCIONAL E O "MENINO DO S.I.M."
Ailton de Souza Aragão 1   (autor)   ailtonsa@hotmail.com
Augusto Caccia Bava Júnior 2   (orientador)   augusto@fclar.unesp.br
1. Pós-Graduando em Sociologia, Faculdade de Ciências e Letras  FCL-UNESP - Araraquara
2. Prof. Dr. do Depto. de Sociologia, Faculdade de Ciências e Letras  FCL-UNESP - Araraquara
INTRODUÇÃO:
O estudo foi realizado no Serviço de Integração de Menores (SIM), situado no município de Pompéia, interior do Estado de São Paulo. A presente tem como preocupação central, demonstrar as relações de poder que se desenvolvem entre SIM, as escolas freqüentadas pelos adolescentes e os respectivos grupos familiares. Verificando aí uma hierarquia de discursos e poder, quanto ao ingresso no mercado de trabalho, a partir dos cursos profissionalizantes oferecidos pela instituição assistencial.Funcionando em regime parcial - que intercala um período do dia na escola e outro na entidade -, a instituição atendia diariamente 30 adolescentes, oferecendo-lhes cursos profissionalizantes.
METODOLOGIA:
Os dados para a pesquisa foram obtidos através da observação participante do cotidiano da instituição e complementados pela análise dos prontuários de 20 adolescentes que freqüentam regularmente as atividades na entidade. Tais documentos trazem informações acerca das condições sócio-econômicas dos respectivos grupos familiares, as avaliações comportamentais dos adolescentes e os boletins escolares contendo as notas e a freqüência escolares. Utilizamos ainda os depoimentos de diretores escolares quanto ao desempenho dos alunos do SIM na escola e a importância deste para o melhor aproveitamento escolar. O depoimento de alguns familiares também colaboraram para apreendermos as avaliações dos mesmos quanto a freqüência de seus filhos, netos, sobrinhos na entidade.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos demonstram que o SIM caracteriza-se por um poder que foi sendo construído ao longo de sua trajetória, que lhe outorga uma certa autoridade ante a escola e as famílias. Assim, a freqüência ao SIM não expressa apenas um possível encaminhamento ao mercado de trabalho local, mas também a existência de uma hierarquia vigilante, na qual o SIM exerce um poder sobre os adolescentes no ambiente escolar bem como sobre suas respectivas famílias, que reforçam, em âmbito privado, os discursos institucionais.
CONCLUSÕES:
Na hierarquia demonstrada, destaca-se que o grupo familiar é visto como incapaz para uma correta socialização do adolescente, desse modo, as instituições  SIM e escola  são legitimados para interferirem nos espaços privados. Ou seja, os valores e comportamentos considerados adequados à vida social são socialmente legítimos, uma vez que as instituições dispõem dos saberes necessários para a integração dos menores. No que respeita às famílias, essas também passam por um processo de re-socialização, pois têm que fazer as vezes da instituição assistencial quando o adolescente está fora dela, portanto, exerce uma atitude de vigilância acerca das expectativas que são esperadas dos adolescentes. Diante dessa escala de poder, o SIM ocupa uma posição privilegiada por transitar em ambas instituições pelo fato de dispor de instrumentos de controle considerados eficazes para a integração social. Assim, tanto o adolescente como seu grupo familiar são considerados apenas como destinatários da assistência e não como sujeitos capazes de contribuir nesse processo.
Palavras-chave:  tríade institucional; Adolescentes; controle social.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004