IMPRIMIRVOLTAR
F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 1. Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
O PASSADO ATRAVÉS DE FRAGMENTOS: UMA VISÃO DE CABO DE SANTO AGOSTINHO
Camila Antunes de Carvalho 1   (autor)   carvalhocamila@hotmail.com
1. Depto. de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas - UFAL
INTRODUÇÃO:
O território brasileiro foi cobiçado por várias nações que disputaram suas riquezas e aqui deixaram marcas desde o período colonial. Muitas destas se encontram, atualmente, em ruínas. Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco não foge deste contexto, sendo um dos mais antigos núcleos ocupados por estes povos. A pesquisa tem o intuito de perceber o diálogo entre paisagem, urbanismo e arquitetura, destacando a influência de uma tipologia recorrente nas povoações do Brasil nos séculos XVI e XVII: os fortes. A ênfase foi colocada nos portugueses e nos holandeses, os últimos por sua importância no período em estudo deixando um precioso conjunto iconográfico e por conceder visibilidade às vilas e cidades construídas pela iniciativa dos próprios portugueses. Esta cidade foi selecionada para estudo por possuir um grande número de iconografias disponíveis e por ter sido uma das cidades retratadas por Frans Post, artista holandês que veio para o Brasil na comitiva do Conde Maurício de Nassau. Objetiva-se aprofundar questões já suscitadas no estudo de outras vilas e cidades da antiga capitania de Pernambuco, e colaborar para acessar os princípios de um possível “modelo” de implantação de vila e cidade no contexto colonial nordestino. Busca contribuir ainda para uma valorização do patrimônio histórico e no exercício de conscientização para preservação do mesmo.
METODOLOGIA:
O Trabalho foi iniciado a partir de uma visita a Cabo de Sto Agostinho, procurando entendê-lo no presente através da sua dimensão de passado. A partir da documentação elaborada e coletada in loco, fotos e croquis, confeccionou-se um “diário de bordo”, relatório de viagem onde constavam as impressões do lugar guiado por aspectos sensoriais. Foi iniciado, então o trabalho com a bibliografia, iniciando uma investigação própria sobre a história urbana de Cabo de Santo Agostinho. As fontes escritas (originais dos séculos estudados) são outra ferramenta de estudo, além de dados atuais (fotos e mapas). Este trabalho foi seguido do manuseio das fontes iconográficas (mapas holandeses e portugueses e vistas do pintor holandês Frans Post, ambos dos séculos XVI e XVII) referentes à cidade estudada, principal fonte de estudo da pesquisa. A contraposição com fontes bibliográficas vem alicerçando a investigação e contribuindo para a análise dos dados obtidos.
RESULTADOS:
Inicialmente, Cabo de Santo Agostinho teve sua posse ligada aos portugueses, sendo discutida por alguns historiadores a versão que a atribui este fato ao navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón. Este batizou a terra de Cabo de Santa Maria de La Consolación. Cabo teve em seu território um grande número de engenhos, e ainda hoje se encontram sinais da vida açucareira. Reúne ainda uma série de edificações dos séculos XVI e XVII, como a Vila de Nazaré, com Igreja de mesmo nome; o Convento Carmelita; o Forte Castelo do Mar; o Velho Quartel, também conhecido como Reduto de São Jorge; o próprio núcleo urbano; a Capela do Espírito Santo; entre outros, incluindo os sítios naturais, que são mais antigos. Muitos dos sítios foram confiscados pelos holandeses. Atualmente instalada na Região Metropolitana do Recife, a cidade possui uma área de intensa vida urbana e também importantes sítios históricos. Apenas quatro dos seus sítios históricos são tombados, sendo um a nível federal, e esta pesquisa aponta novos monumentos, muitos em ruínas, que merecem a mesma importância. Os fortes têm uma atenção especial neste contexto histórico, já que se encontram em grande quantidade os resquícios de um complexo preparado para a defesa daquele lugar tão significativo.Grande parte deste conjunto encontra-se hoje em ruínas.
CONCLUSÕES:
Com o estudo dos principais sítios históricos de Cabo de Santo Agostinho, é possível entender a origem e o cotidiano da vida social, política e cultural desta cidade. As ruínas se destacam em meio àquela paisagem natural e têm um significado amplo. Elas são o espelho da ação do homem e da natureza no edificado, apresentando características do passado em fragmentos. Concedem a possibilidade, então, de um outro tipo de olhar sobre elas na condição de monumento histórico. As ruínas ainda são pouco exploradas como patrimônio e a pesquisa pretende contribuir na questão de sua preservação e de outras marcas edificadas significantes do Cabo, dando suporte a ações de educação e turismo, mantendo vivas a memória social e as referências que conduzem a vida em sociedade.
Instituição de fomento: Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Memória; Ruínas; Cabo de Santo Agostinho.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004