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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
RESTRIÇÕES NA UTILIZAÇÃO DE MICROCRUSTÁCEOS DE RAÍZES DE Salvinea auriculata Aubl COMO BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO POR PETRÓLEO EM LAGOS DE VÁRZEA NA AMAZÔNIA CENTRAL.
Adssandro Breno Castelo Branco Dácio 1   (autor)   adssandro@bol.com.br
Thierry Ray Gasnier 1   (orientador)   tgasnier@ufam.edu.br
Flaviane Aparício Maia 1   (co-orientador)   flavi_ane@hotmail.com
1. Departamento de Biologia, Universidade Federal do Amazonas-UFAM
INTRODUÇÃO:
Maia et al. (2003) compararam o potencial de organismos que vivem em raízes de plantas aquáticas Salvinea auriculata como bioindicadores de qualidade de água em lagos de várzea no Rio Solimões, na Amazônia, onde existe intenso transporte de petróleo por navios. Considerando que quase todos os organismos apresentaram forte variação temporal na abundância, o que dificulta o estabelecimento de padrões atemporais, estes autores sugerem que os microcrustáceos, que tiveram a menor variação temporal, seriam os bioindicadores mais apropriados neste sistema.
A ausência de sazonalidade é uma característica desejável em um bioindicador, mas, adicionalmente, é necessário que sua abundância seja significativamente influenciada pelo fator de risco ambiental.O objetivo deste trabalho foi verificar o grau de sensibilidade dos microcrustáceos existentes em raízes de Salvinea auriculata ao petróleo.
METODOLOGIA:
Foram feitas três coletas de Salvinea auriculata entre fevereiro de 2003 e novembro de 2003, no lago Ressaca (W: 03° 46´ 41´´ S:62° 21´ 58´´), localizado no trecho Coari - Manaus, durante o Projeto Piatam II (Potenciais impactos e riscos ambientais da indústria de petróleo e gás do Amazonas). A macrófita aquática foi recolhida manualmente, acondicionada em recipientes contendo aproximadamente 350ml de água do próprio lago e Salvinea auriculata submetidas às seguintes quantidades de petróleo: 0 ml (controle), 0,1 ml, 1ml e 10 ml. Amostras da fauna foram retiradas após 10´, 60´, 6h, 24 h, 3 dias, 10 dias e 30 dias e preservadas em álcool 80% para posterior triagem e identificação sob estereomicrocópio O índice de abundância utilizado foi o mesmo de Maia et al. (2003), calculado com a seguinte fórmula: IAC= log (Cladocera+1)+ log (Conchostraca+1)+ log (Copepoda+1)+ log (Ostracoda+1).
RESULTADOS:
O tempo sob as diferentes concentrações de petróleo teve pouca ou nenhuma influência sobre a abundância de micro-crustáceos. Houve redução estatisticamente significativa na abundância de crustáceos, mas apenas sob alta concentração de petróleo. Em novembro de 2003 não conseguimos encontrar Salvinea auriculata em quantidade suficiente para experimentos, mesmo procurando em vários lagos.
CONCLUSÕES:
É possível que os microcrustáceos sejam extremamente resistentes ao petróleo, o que inviabilizaria o seu uso como bioindicadores para eventuais acidentes. Neste caso, será necessário escolher outro bioindicador. É possível que os microcrustáceos tenham morrido por intoxicação por petróleo, mas tenham permanecido presos às raízes. Esta alternativa é mais provável, pois havia aparentemente mais animais em decomposição nas amostras com petróleo. Neste caso, é necessário um ajuste no método que exclua os animais mortos antes da triagem. A falta de S. auriculata seria um impedimento sério para o uso destes bioindicadores no caso de um acidente com petróleo. Foi a primeira vez que isto ocorreu em quase três anos de estudo da fauna de suas raízes. Acreditamos que o substrato mais apropriado para este tipo de análise ainda é S. auriculata, mas será importante estudar outros substratos para a eventualidade de elas estarem ausentes na época e local de um acidente. A utilização dos microcrustáceos como bioindicadores é mais complexa do que imaginávamos a princípio. Entretanto, as evidências de que são mais resistentes ao petróleo do que o desejável em um bioindicador não é definitivo, de forma que seria prematuro descartá-los como bioindicadores.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Poluição; Petróleo; Amazônia.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004