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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DO GLIFOSATO E AMPA DERIVATIZADOS
Émerson Montagner 1   (autor)   emerson.montagner@bol.com.br
Tomaz Alves de Souza 1   (colaborador)   tomaz.as@zipmail.com.br
Marcia Helena de Rizzo da Matta 1   (orientador)   marciarm@nin.ufms.br
1. Departamento de Química, CCET, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS
INTRODUÇÃO:
O GLIFOSATO

O glifosato é um herbicida classificado como não seletivo, sistêmico, pós-emergente, que representa 60% do mercado mundial de herbicidas não seletivos contabilizando um total de 1,2 bilhões/ano de dólares com vendas do produto.
O grande sucesso do glifosato no mercado mundial deve-se a sua elevada eficiência na eliminação de ervas daninhas, com a vantagem de ter uma baixa toxicidade aos que o manipulam.
O modo primário de ação do glifosato é a inibição competitiva da 5-enolpiruvilchiquimato-fosfato sintase (EPSPS). Esta enzima é parte da via do chiquimato que está envolvida na produção de aminoácidos aromáticos e outros compostos aromáticos em plantas. Quando o glifosato é aplicado nas plantas, estas não conseguem produzir os aminoácidos aromáticos essenciais para a sua sobrevivência e não conseguem se desenvolver ou morrem.
Este herbicida apresenta uma baixa toxicidade aguda para mamíferos. Em ratos, a sua DL50 oral é de 4.870mg/Kg e em camundongos de 1.570mg/Kg. A sua DL50 dérmica em coelhos é estimada como sendo superior a 5.000mg/Kg.
O seu principal metabólito, AMPA, induz ratos a diminuírem peso, diminui peso no fígado e provoca acesso de divisão celular nos rins e na bexiga.
Com a introdução da soja transgênica, estima-se que o consumo do glifosato atinja 200 milhões de litros/ano nos próximos anos.
METODOLOGIA:
Uma amostra com 250 µg/L de glifosato e AMPA foi seca sob fluxo de nitrogênio e derivatizada dentro de uma ampola de vidro adicionando-se 800 µL de anidrido trifluoroacético (TFAA) e 400 µL de trifluoroetanol (TFE) A ampola foi fechada em bico de Bunsen e mantida a 100ºC por 1 hora e 30 minutos. Após a aclimatação, a amostra foi evaporada sob fluxo de nitrogênio e redissolvida em 1 mL de acetato de etila e transferida para um frasco com tampa e, após decorrido um tempo de três horas após a derivatização, a amostra foi levada para análise em um Cromatógrafo Gasoso de Alta Resolução GC 37A acoplado a Espectrômetro de Massas QP-5000 (SHIMADZU). Esta amostra foi dividida em duas partes, uma parte foi armazenada em geladeira, enquanto a outra foi armazenada em freezer, a fim de testar-se a estabilidade do composto derivatizado nos dois locais de armazenamento. Estas amostras foram injetadas em triplicata, após um período de 3, 24, 48, 72, 96 e 360 horas após a derivatização. Plotou-se gráficos a fim de verificar-se o decaimento da área relativa aos compostos derivatizados nos dois meios de armazenamento e também com o intuito de verificar-se qual o melhor meio de armazenamento.
RESULTADOS:
Através dos gráficos, pode notar-se claramente que, 24 horas após a derivatização, obtém-se a área máxima tanto para glifosato quanto para o AMPA nos dois meios de armazenamento; a partir daí as áreas dos picos relativos ao glifosato e AMPA derivatizados começam a decair. O composto derivatizado se decompõe rápido nos primeiros dias, porém a medida que o tempo passa a taxa de decomposição vai diminuindo até um ponto onde o composto apresenta uma degradação lenta em relação aos primeiro 4 dias.
Como após 24 horas obtém-se o maior valor de área em ambas formas de armazenamento, portanto recomenda-se que amostras de glifosato e AMPA sejam analisadas 24 horas após a derivatização. Este aumento pode ser decorrente do fato de que o composto derivatizado precise de um tempo maior que 3 horas para atingir o equilíbrio. Este equilíbrio estará mais deslocado no sentido dos produtos derivatizados, após um tempo de aproximadamente um dia, visto que a reação de derivatização é uma reação de equilíbrio.
Com base nos gráficos também pode-se afirmar que para o armazenamento por um período maior que o de uma semana não há diferença significativa entre as áreas de glifosato e AMPA derivatizados, sejam eles armazenados na geladeira ou no freezer. Porém o pico de maior área (após 24 horas) tanto para glifosato derivatizado quanto para AMPA derivatizado é maior quando estes são armazenados na geladeira, portanto recomenda-se que as amostras derivatizadas de glifosato e AMPA sejam armazenadas em geladeira.
CONCLUSÕES:
Para se obter o máximo de área, a amostra de glifosato e AMPA derivatizados devem ser armazenadas em geladeira e analisadas 24 horas após a derivatização com anidrido trifluoroacético e trifluoroetanol. O glifosato e o AMPA derivatizados após um tempo de uma semana, diminui sua velocidade de degradação, tanto sendo armazenado na geladeira como no freezer. Sendo assim, sugere-se que a curva de calibração, as amostra fortificadas e/ou reais sejam analisadas preferencialmente, com o mesmo período de tempo decorrido após a derivatização, de preferência em 24 horas.
Instituição de fomento: CNPq
Palavras-chave:  Glifosato; AMPA; Degradação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004