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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
INFLUÊNCIA DO VOLUME DE ÁGUA DE FITOTELMOS ARTIFICIAIS NA COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS NO MORRO DO IMPERADOR, JUIZ DE FORA, M.G.
Patrick Cláudio Nascimento Valim 1   (autor)   Patrick Cláudio Nascimento Valim
Gilson Alexandre de Castro 1   (orientador)   gilalex@zaz.com.br
1. Depto. de Zoologia, ICB, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
INTRODUÇÃO:
O fitotelmata, pequeno corpo de água acumulada pelas folhas ou flores de plantas ou em buracos nas árvores, é usado no estudo de vários processos ecológicos importantes, especialmente de dispersão, colonização, interação de espécies e efeito fundador. Estes processos combinados produzem uma comunidade estruturada e equilibrada em número de espécies. Os organismos buscam o ambiente fitotélmico por motivos diversos: para cumprir uma etapa da reprodução ou de crescimento, para se abrigar contra o ressecamento, para fugir de predadores ou para obter alimento e água.
Os fitotelmos são comumente encontrados em florestas tropicais, ocorrem tanto ao nível do solo quanto em estratos superiores, e o volume de água por eles armazenados pode variar enormemente. Fitotelmos artificiais (copos plásticos contendo folhas caídas e água das chuvas) são usados para estudos em campo por providenciarem um microhabitat que tipicamente atrai a mesma fauna encontrada em um fitotelmata natural.
O Morro do Imperador é um dos poucos fragmentos florestais do município, resquício da Mata Atlântica. Como todo fragmento florestal urbano, sofre as conseqüências das pressões antrópicas, como exploração, redução de sua área de ocupação e efeito de queimadas.
Este estudo visa entender a influência do volume de água de fitotelmos artificiais na comunidade de macroinvertebrados do Morro do Imperador, Juiz de Fora, Minas Gerais.
METODOLOGIA:
No dia 21 de setembro de 2003, foram estabelecidas 6 repetições localizadas aleatoriamente no interior da mata do Morro do Imperador (Juiz de Fora), cada uma composta por 2 recipientes plásticos com capacidade de armazenamento de 200 ml. (8 cm. de diâmetro x 5 cm. de comprimento) e 500 ml. (9,5 cm. de diâmetro x 9 cm. de comprimento), e ambos localizados no solo e a 1 metro de altura, suspensos por uma haste de madeira (5 cm. de diâmetro) em posição vertical. Os recipientes dentro da repetição foram dispostos nos vértices de um quadrado com 4 m2. Os potes plásticos continham água destilada até a borda e um pedaço de madeira (0,5 x 2 x 14 cm.) para permitir a oviposição de insetos colonizadores. As águas das chuvas e detritos acumularam-se naturalmente.
As amostras de água foram coletadas quinzenalmente, durante 3 meses, com auxílio de uma pipeta, a cada imersão foi feito um borbulhamento para que ocorresse uma mistura de todo o material contido no recipiente. Os animais maiores foram coletados com pinça e preservados em álcool 70% e os animais menores (organismos com no mínimo 0,5 mm), com conta-gotas ou pincel úmido e preservado da mesma forma, em vidros numerados de acordo com o recipiente de origem.
A observação e triagem das amostras realizaram-se sob estereomicroscópio, em placas de Petri no Laboratório de anelídeos do Departamento de Zoologia, no Instituto de Ciências Biológicas da UFJF.
RESULTADOS:
Foram encontrados 86 espécimes de 35 morfoespécies de macroinvertebrados nos fitotelmos artificiais. Destas, 65 % foram representadas por um único indivíduo.
Os fitotelmos com 200 ml. de água armazenada apresentaram maior abundância de espécimes do que os com 500 ml.
CONCLUSÕES:
O grande número de morfoespécies representadas por um único indivíduo deve-se a alta proporção de espécies coletadas que não possuem íntima relação com os ambientes fitotélmicos, como
por exemplo, formigas (Formicidae), vespas (Vespidae) e minhocas (Oligochaetas).
Os fitotelmos que continham menor quantidade de água abrigaram uma comunidade de macroinvertebrados mais abundante, isto devem-se ao fato dos potes maiores estarem mais expostos a luz, o que lhes confere uma instabilidade no volume de água e altas temperaturas, criando um micohabitat inóspito para a sobrevivência de várias espécies de insetos. E os fitotelmos de 500 ml. apresentarem maior crescimento de algas e acúmulo de detritos o que também impossibilitou um aumento na abundância absoluta de macroinvertebrados.
Instituição de fomento: UFJF, ICB, Depto. de Zoologia
Palavras-chave:  fitotelmos; macroinvertebrados; mata Atlântica.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004