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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
EUGLENOPHYCEAE DA BAÍA DO COQUEIRO, PANTANAL DE MATO GROSSO.
Simoni Maria Loverde Oliveira 1   (autor)   loverde@terra.com.br
Sandra Francisca Marçal 2   (autor)   sandrabio@pop.com.br
Vangil Pinto Silva 3   (orientador)   
1. Instituto de Ciências Exatas e Naturais/UFMT
2. Instituto de Biociências/UFMT
3. Instituto de Biociências/UFMT
INTRODUÇÃO:
Entre as pequenas formas de vida que freqüentam os corpos de água lênticos, principalmente aqueles que possuem alto teor de matéria orgânica e escasso movimento de suas águas, as euglenofíceas constituem um grupo numérica e ecologicamente importante. Possuindo entre seus integrantes organismos heterogêneos.
A maioria das euglenofíceas são dulcícolas, existindo também gêneros de águas salobras e marinhas. Estes organismos são encontrados preferencialmente em pequenas lagoas, e poças, sistemas comuns no Pantanal, podem desenvolver blooms, dando a água coloração verde intensa.
Apesar do grande interesse que esses organismos despertam, são poucos os estudos que se tem
realizado na América do Sul. Para o estado de Mato-Grosso os trabalhos envolvendo esse grupo
são ainda mais escassos.
Dessa maneira, tem-se como objetivo apresentar a lista de táxons e analisar a ocorrência, riqueza,
abundância, dominância e freqüência de ocorrência das euglenofíceas na baía do Coqueiro,
contribuindo para o conhecimento desse grupo no Estado de Mato-Grosso.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na baía do Coqueiro, Pantanal de Poconé, município de Nossa Senhora do Livramento, MT. Corresponde a uma lagoa permanente, de forma alongada, com 4000 m de comprimento e 800m de largura, no período de estiagem. Na enchente e cheia liga-se ao rio Piraim através do Corixão.
Foram realizadas campanhas mensais de abril a agosto de 2002 (vazante/estiagem), em três estações: estação I (16º23’00,1”S e 56º17’53,4”W) na região limnética, a estação II (16º22’28,2”S e 56º17’54,7”W) na região limnética mais profunda da baía e a estação III (16º21’31,3”S e 56º17’02,9”W), na região litorânea próxima às macrófitas Eichhornia azurea e E. crassipes.
As amostras foram coletadas com rede de 25µm, passando-se 10 arrastos verticais na coluna d’
água e em seguida fixadas com Transeau. Foi analisado um total de 15 lâminas/amostra, em microscópio óptico BH2. Para as identificações dos táxons foram feitos desenhos em câmara clara e microfotografias. Segui-se o sistema de classificação de Bourrely (1970).
A ocorrência foi estimada através da presença/ausência de cada táxon nas amostras, e riqueza específica pelo número de táxon/amostra. A freqüência em % é a relação entre a ocorrência das diferentes espécies e o numero total de amostras.
Considerou-se abundantes espécies cuja ocorrência numérica supera o valor médio do numero total de indivíduos das diferentes espécies na amostra, e dominantes, as que a ocorrência numérica supera 50% do numero total de indivíduos.
RESULTADOS:
Registrou-se os seguintes representantes da classe Euglenophyceae: Euglena, Phacus , Lepocincles, Strombomonas e Trachelomonas, distribuidos em 32 espécies e 12 gêneros pertencentes a ordem Euglenales, família Euglenaceae.
A riqueza específica nas estações amostradas variou desde a ausência no período de vazante do Pantanal (maio de 2002) até 26 táxons na estiagem (junho/2002).
A espécie Lepocincles ovum destacou-se pela maior abundância, especialmente na estiagem, sendo também a que mais ocorreu, aparecendo em 10 amostras. A espécie Euglena acus foi a que mais contribuiu para a abundância de espécies na EIII/agosto. O gênero Trachelomonas apresentou 13 táxons (29%), seguido pelo gênero Phacus que contribuiu com 11, (27%) dos táxons.
Quanto à freqüência de ocorrência; 4,55% dos táxons foram considerados constantes sendo eles Lepocincles ovum e Trachelomonas sp.; 50% foram considerados comuns dentre os quais podemos citar Euglena acus, E. oxyurus, Phacus longicauda, P. onys, Lepocincles sp., Trachelomonas tuberculata, T. armata e 45,45% raros, como Euglena limnophila, Lepocincles piriformis, L. salina, Phacus caudatus, P. helicoides, Strombomonas argentinensis, S. maxima , Trachelomonas robusta e T. hystrix.
CONCLUSÕES:
Na baía do Coqueiro, nos períodos de vazante e estiagem do Pantanal foram registrados 44 táxons da classe Euglenophyceae, tendo sido identificados 32 ao nível específico e 12 ao nível genérico.
Os resultados demonstram que ocorre aumento da riqueza e abundância das espécies de Euglenophyceae no período de estiagem do Pantanal, e reduzida abundância e riqueza de táxons durante a vazante. As espécies Lepocincles ovum e Euglena acus foram dominantes na estiagem e na vazante não houve dominância por nenhum táxon. O gênero Trachelomonas foi o mais representativo com 29% dos táxons.
A espécie Lepocincles ovum foi a que mais ocorreu, aparecendo em 10 amostras sendo dessa maneira considerada constante; 50% dos táxons foram considerados comuns entre eles destaca-se Euglena acus, e 45,45% raros, tais como Lepocincles piriformis, L. salina, Phacus caudatus, P. helicoides, Strombomonas argentinensis, S. maxima , Trachelomonas robusta e T. hystrix.
Instituição de fomento: FAPEMAT/ CAPES/CNPq/NEPA
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Euglenophyceae; ocorrência; Pantanal.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004