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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
PRÁTICAS ESCOLARES E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE.
Roberta Zacché Iglesias 2, 3   (autor)   rozacche@bol.com.br
Maria Elizabeth Barros de Barros 1, 3   (orientador)   betebarros@uol.com.br
Sonia Pinto de Oliveira 1, 3   (co-orientador)   soniapdo@escelsa.com.br
1. Profa. Dra. do Depto. de Psicologia , Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
2. Graduando da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES
3. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Subjetividade e Política - UFES
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa buscou compreender a organização do trabalho e suas articulações com a saúde dos docentes, visando possibilitar ao educador uma formação que considera seu saber da experiência como objeto imprescindível na modificação das situações de adoecimento no trabalho docente. No contemporâneo vivemos um processo de intensificação do trabalho nas escolas, que são vivenciados com sofrimento pelos educadores, os quais relatam insatisfação com o trabalho, desmotivação, desgaste psíquico e falta de reconhecimento profissional. Entretanto, o trabalho não é apenas sofrimento. Não há como retirar do trabalho o seu poder de criação, o que fornece significado a própria vida. Trabalho não é apenas executar o prescrito. Na execução das tarefas percebemos que cada trabalhador se apropria de uma maneira singular do que lhe foi proposto. Nosso objetivo foi identificar as estratégias que os educadores, de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Vitória, criam para enfrentar as nocividades do trabalho, coletivizar as experiências e formar professores que pesquisem cotidianamente a organização de trabalho na escola. Dessa forma, a relevância desse trabalho está no fato de ampliar conhecimentos teóricos/práticos sobre o trabalho docente e, principalmente, colocar em análise as situações que produzem adoecimento na escola na perspectiva da sua transformação.
METODOLOGIA:
Utilizamos como estratégia metodológica a Análise Coletiva do Trabalho que visa analisar as situações concretas que se efetivam no cotidiano dos trabalhadores e, nessa pesquisa em questão, numa escola pública municipal de Vitória. A vivência institucional e as oficinas de formação foram estratégias utilizadas. As oficinas foram realizadas mensalmente com os educadores do turno matutino da escola em questão_ entendemos por educadores todos profissionais que estão envolvidos na educação dos alunos - professores, pedagogo, coordenador, diretor e serventes. Os temas das oficinas foram Comunidade Ampliada de Pesquisa, Saúde, Trabalho e algumas que se fizeram necessárias no decorrer da pesquisa sobre Planejamento e Currículo. A forma de funcionamento das oficinas foi marcada por três momentos: num primeiro era realizada a leitura individual de um texto introdutório produzido pela equipe de pesquisadores da UFES, depois os educadores eram divididos em pequenos grupos para discutir o tema proposto e, por último, discussão no grande grupo. As oficinas foram gravadas em áudio e transcritas. Escolhemos essa metodologia por apostarmos que a coletivização dos saberes permite a invenção de novas formas de se pensar a organização do trabalho, na medida em que se pode perceber que não se trata de uma luta individual. Os instrumentos usados foram textos, gravador, fitas cassete e computador.
RESULTADOS:
A necessidade de melhorar o ambiente físico da escola, a mobilização junto à comunidade extra-escolar, criação de mais espaços para troca de experiências e melhor conhecimento/compreensão do trabalho dos outros profissionais foram alguns resultados obtidos a partir do processo de pesquisa. Dentre as estratégias produzidas como efeitos do projeto, surgiu a sugestão de reuniões bimestrais com todos os profissionais do turno, visando a tomada de decisões na escola. O resultado mais marcante obtido a partir da realização da pesquisa foi a visibilidade que passou a ter as reais condições de trabalho daquela escola, além de instrumentalização dos educadores com um material conceitual e metodológico que poderá ser utilizado como um dispositivo para reivindicar melhorias dessas condições junto à Secretaria Municipal de Educação.
CONCLUSÕES:
A partir dessa pesquisa podemos concluir que o trabalho do educador tem se marcado pelo individualismo, que constitui a sociedade capitalista em que vivemos, dificultando por muitas vezes a mobilização dos trabalhadores para tomar decisões coletivas. Entretanto, diferentes formas de resistência a esse processo de individualização e isolamento foram observadas. Consideramos que pesquisas nesse campo precisam ser intensificadas uma vez que podem se constituir em importantes estratégias de resistências aos modos hegemônicos de funcionamento das escolas, que têm produzido sofrimento, conforme relato dos trabalhadores/as.
Palavras-chave:  Organização do trabalho docente; Saúde; Educação.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004