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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 1. Administração Educacional
A ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL E OS COORDENADORES DE CURSO: FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS DO GESTOR ACADÊMICO NAS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR À LUZ DA DIALÉTICA PEDAGÓGICO-ADMINISTRATIVA.
Liégina Aparecida Carvalho Praseres 1   (autor)   liegina@yahoo.com.br
Flávia Maria Gomes Parente Alves 1   (autor)   flavialves@hotmail.com
Esclepíades de Oliveira Neto 2   (orientador)   esclepiades@bol.com.br
1. Depto. de Educação e Filosofia, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
2. Centro Universitário do Maranhão - UNICEUMA
INTRODUÇÃO:
A Gestão Educacional vem sendo objeto de várias reflexões teóricas e estudos empíricos tanto no âmbito da Pedagogia quanto da Administração. A depender do enfoque que se imprime aos estudos do referido tema – seja à luz da principiologia educacional, seja com base nos aspectos gerenciais – as concepções teóricas e as ações práticas relativas à Gerência da Educação tomam matizes completamente diversos.
Assim, como bem demonstra SERGIOVANNI & CARVER, enquanto os valores burocráticos imprimem um caráter negocial às políticas aplicadas nas Empresas de Ensino, o que as fazem mais sintonizadas com a Administração; por outro lado, os valores profissionais resistem, na repercussão do saber da Pedagogia e seus postulados, imprimindo uma feição educacional que não pode se descartar em Instituições desta natureza.
As políticas de gestão da educação sobrevivem sobre estes dois vieses, dentro de uma dialética pedagógico-administrativa que constrói o empreendimento do saber dentro do País, em todos os seus níveis.
Nesse contexto, tornou-se relevante analisar especificamente o papel dos Coordenadores de Curso de uma Instituição de Ensino Superior particular maranhense, enquanto gestores acadêmicos, identificando as funções e competências destinadas ao equilíbrio dos sistemas de valores burocrático e profissional coexistentes – e muitas vezes conflitantes – na investigação do papel do Professor-Gestor dentro do desenvolvimento das políticas de gerência escolar nas IES´s privadas.
METODOLOGIA:
A abordagem do tema proposto foi feita a partir do método hipotético-dedutivo, sendo o contexto da descoberta o fruto do conhecimento e observação da lógica de gestão educacional de uma IES privada maranhense.
A primeira etapa do trabalho, desde a formulação do problema até a definição das hipóteses, estruturou-se com base nas técnicas de pesquisa bibliográfica, dividida em dois campos principais: primeiro, a caracterização dos discursos administrativo e pedagógico sobre a administração educacional e investigação das possíveis influências de ambos na atuação do gestor acadêmico; segundo, a conceituação das funções e competências consideradas indispensáveis ao gestor acadêmico e suas possíveis relações com as linguagens acima descritas.
A segunda etapa do trabalho, dentro do contexto da justificação, estruturou-se com base nas técnicas de pesquisa empírica, com a aplicação de entrevistas e questionários junto aos Coordenadores de Curso de uma IES privada maranhense, na busca pela testagem das hipóteses formuladas na primeira etapa, procurando-se depurar as reais funções e competências reputadas como necessárias pelo gestor acadêmico com base na dialética pedagógico-administrativa proposta.
Utilizaram-se, como teoria de base relativa à Gestão Educacional, os trabalhos de SERGIOVANNI & CARVER, BENNO SANDER, ÉDSON FRANCO E CELSO ANTUNES, dentre outros.
RESULTADOS:
Explorando espaço amostral de 75% dos Coordenadores de Curso da IES analisada, aplicou-se questionário elaborado por EDSON FRANCO, no intuito de identificar funções inerentes ao Gestor Educacional, distribuindo-as em quatro áreas distintas: funções políticas, gerenciais, acadêmicas e institucionais.
Estas áreas, posteriormente, foram re-agrupadas em dois grupos: as duas primeiras funções relacionadas à competência administrativa, as duas últimas à competência pedagógica.
Nas funções políticas, 78% dos Coordenadores enfatizaram que devem ser representantes de seu Curso, enquanto 60% responderam que devem ser reconhecidos na área de conhecimento do Curso.
Nas funções gerenciais, 65% dos Coordenadores sentem-se mais responsáveis pela indicação da aquisição de livros, materiais e assinatura de periódicos necessários para o Curso. 52% dão mais importância à função de admissão e dispensa de docentes.
Nas funções acadêmicas, 75% dos Coordenadores destacam a elaboração e execução do Projeto Pedagógico do Curso. 32% dão ênfase à elaboração das atividades complementares.
Nas funções institucionais, 58% dos Coordenadores sentem-se responsáveis pelo sucesso de seus alunos nos Exames de Ordem, Testes Profissionais e assemelhados.
Nota-se que, dentre os entrevistados, as competências administrativas são mais enfatizadas que as pedagógicas, posto que as funções políticas e gerencias receberam índices de prioridades sensivelmente superiores ao atribuídos às funções acadêmicas e institucionais.
CONCLUSÕES:
Constatou-se que as funções políticas (voltadas para a atuação do Coordenador dentro das relações estabelecidas entre a IES e o entorno no qual ela funciona) e gerenciais (voltadas à ação do Coordenador no nível burocrático inerente à instituição educacional) encontram-se atualmente em evidência, sendo que os próprios gestores acadêmicos imprimiram maior relevância a estas funções, mais atreladas a competências administrativas, indicando a preponderância dos valores burocráticos nas políticas de Gestão de Educação.
Por outro lado, as funções acadêmicas (de natureza técnica educacional, referentes ao processo de ensino aprendizagem) e institucionais (ligadas à estrutura e funcionamento do ensino superior e às políticas internas de avaliação) sofreram certo revés, indicando desprestígio aos valores profissionais e às competências pedagógicas, em face do perfil atual dos gestores acadêmicos.
Em síntese, vê-se um certo desequilíbrio na dialética pedagógico-administrativa norteadora da administração educacional, dando-se atualmente mais ênfase à postura do Coordenador Gestor, em detrimento do Coordenador Professor.
Entende-se, por fim, que o real papel do Coordenador de Curso é buscar a negociação equilibrada entre os valores burocrático e profissional, procurando dispor tanto das competências administrativas quanto das pedagógicas, na busca pelo desenvolvimento da educação, em seus fundamentos pedagógicos, sem esquecer da marcha empreendedora necessária ao crescimento da mesma.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Administração Educacional; Coordenador de Curso; Funções e Competências.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004