IMPRIMIR VOLTAR G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE SUAS MUDANÇAS DE PRÁTICAS A PARTIR DE CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS EM CURSOS DE FORMAÇÃO CONTINUADA Paulo César Geglio 1   (autor)   pcgiglio@hotmail.com 1. Ass. Acadêmica, Universidade Guarulhos - UnG INTRODUÇÃO: Trata-se de uma pesquisa de doutorado realizada com professores do ensino fundamental II da rede estadual de São Paulo. O objetivo da investigação foi o de revelar a percepção dos professores sobre sua mudança de prática em sala de aula, resultante de conhecimentos (teóricos e práticos) adquiridos em cursos de formação continuada. A pesquisa, realizada no ano de 2002, foi concentrada em um grupo de professores que havia participado, durantes os anos de 1997 e 1998, de uma seqüência de encontros mensais sobre formação continuada promovidos pela Secretaria Estadual de Educação. O curso ficou conhecido como PEC (Programa de Educação Continuada) e, segundo o documento norteador da proposta, a intenção era a de realizar um curso de longa duração que conseguisse relacionar o conhecimento teórico e o prático. A dinâmica dessa formação, baseou-se numa alternância de contextos, com momentos de aprendizagem fora do local de trabalho do professor, bem como a interação desse aprendizado com o seu ambiente de atuação. Tanto pela análise do documento, como pelas entrevistas realizadas com alguns dirigentes envolvidos com a promoção do curso, constatei que houve um grande esforço para que a proposta transcorresse a bom termo, inclusive com a prática da descentralização e da autonomia dadas às instâncias mais próximas às escolas e aos professores, para que pudessem propor cursos e contratar organizações (universidades e instituições de estudos e pesquisa) para ministrá-los. METODOLOGIA: O trabalho baseou-se nas narrativas de 10 professores. Para delimitar esse número percorri o seguinte caminho: considerando que a Secretaria Estadual de Educação concedeu autonomia às Delegacias de Ensino para contratarem nas Agências Capacitadoras os cursos, por meio de uma Agência Capacitadora que atendeu ao maior número de Delegacias de Ensino (8 unidades), cheguei a uma delas qualificada como a mais empenhada na execução e no incentivo à participação dos professores. Sob sua jurisdição, havia 42 escolas. Dentre essas, selecionei as 10 maiores (considerando a quantidade de alunos). Pretendia entrevistar um professor de cada escola selecionada. Apesar de ter entrevistado dez professores, não consegui selecionar um de cada escola. Em algumas escolas, encontrei mais de um, enquanto em outras não havia nenhum professor daquela época. Desse modo, os 10 professores que entrevistei foram selecionados em seis escolas da região sul da capital paulista. Antecipadamente, contatei o diretor da escola e, posteriormente, o professor para explicar o trabalho. Em data agendada, voltei às escolas e realizei uma entrevista gravada de uma hora com cada um deles. Minha proposta não era a de fazer perguntas, mas de deixar que elem falassem livremente sobre sua participação nos encontros do PEC e sobre a possível relação com sua mudança de prática. Ao perceber que eles se desviavam muito do assunto, fazia uma intervenção para que retomasse o foco principal da narrativa. RESULTADOS: O propósito da pesquisa foi o de compreender de que maneira um programa de formação continuada para professores, composto por atividades que relacionavam teoria e prática, pode influenciar numa mudança de prática dos mesmos em sala de aula. O objetivo maior foi o de revelar a percepção deles a esse respeito. Em alguns momentos das entrevistas, os professores foram questionados sobre a constatação de mudanças na sua prática de sala de aula, provenientes de conhecimentos adquiridos nos encontros do PEC. As respostas variaram. Alguns responderam afirmativamente quanto à percepção de mudança, outros responderam que não perceberam tais mudanças. No entanto, a maioria dos entrevistados afirmou ter utilizado os conhecimentos adquiridos, embora não confirmassem, objetivamente, ter mudado sua prática em sala de aula. Do total de 10 professores entrevistados, 3 alegaram que mudaram sua prática, em função dos conhecimentos adquiridos nos cursos. Houve, também, o relato a respeito de mudança no relacionamento com os alunos. Outros 3 professores negaram que tivessem percebido qualquer tipo de mudança em suas práticas. Esses últimos justificaram suas respostas, alegando que tal resultado não foi obtido devido ao não-acréscimo de conhecimento, ou seja, tudo que viram nos encontros já era de seu domínio. CONCLUSÕES: A percepção que os professores demonstraram sobre a possibilidade de ter ocorrido ou não uma mudança em sua prática, na sala de aula, foi explicitada na forma de uma relação baseada no princípio da causa e efeito, quer dizer, como uma conseqüência direta do seu êxito, ou de seu fracasso, na utilização dos conteúdos adquiridos. Essa relação tem influência também no reconhecimento da qualidade ou da validade do curso. Significa dizer que os professores que, na maioria das vezes em que aplicaram o conhecimento adquirido, obtiveram sucesso em sala de aula, concordam que o curso foi bom e que houve mudança em sua prática. Aqueles que não tiveram tanto êxito assumiram um discurso negativo, isto é, afirmaram que ele não atendeu às suas necessidades, portanto, não admitiram uma mudança de sua prática, embora tenham narrado mudança ao longo de sua narrativa. Mudança de prática, na percepção de alguns dos entrevistados, significa utilizar, de maneira bem sucedida, em sala de aula, os conhecimentos adquiridos em um curso de formação continuada. Sendo assim, concluo que a maioria dos professores entrevistados para essa pesquisa percebeu, e concordou, de maneira direta ou indireta, que houve uma mudança de sua prática em função de conhecimentos adquiridos no PEC , já que, para alguns deles, a mudança permaneceu. Mesmo para a pequena parcela que neste estudo negou ter havido mudança, na narrativa ela aparece em algum momento, embora com menor intensidade. Palavras-chave:  Professor; Formação Continuada; Mudança de Prática. Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004