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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
INDICADORES DE DESEMPENHO E COMPETITIVIDADE DA SOJA BRASILEIRA
Giselle de Freitas Batista 1   (autor)   gfbatista@bol.com.br
Viviani Silva Lirio 2   (orientador)   vslirio@mail.ufv.br
1. Depto. de Economia, Universidade Federal de Viçosa - UFV
2. Depto. de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa - UFV
INTRODUÇÃO:
Em fins da década de 80 e início da década de 90, o Brasil sofreu diversas mudanças de ordem econômica, destacando-se, dentre elas, a abertura comercial, que favoreceu o processo de modernização e a reorganização das atividades econômicas brasileiras, reforçando a necessidade de minimizar custos, gerar economias externas, e uma série de fatores para maximizar eficiência e a competitividade. Essas medidas favoreceram a expansão do agronegócio no mercado mundial, ao mesmo tempo em que exigiu maior qualificação do setor. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola IEA, o agronegócio brasileiro responde, hoje, por cerca de 28% do Produto Interno Bruto e 34% das exportações nacionais, sendo, portanto, um dos elementos base para a sustentação da economia do país. O mercado internacional de soja e derivados é um dos mais expressivos no contexto do agronegócio mundial e desempenha um papel relevante no processo de geração de divisas no balanço de pagamentos brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, a soja é a mais importante oleaginosa em produção sob cultivo extensivo, com uma produção mundial de mais de 160 milhões de toneladas, sendo os principais produtores, Estados Unidos, Brasil, Argentina e China, responsáveis por mais de 85% da produção. Este trabalho visa avaliar a competitividade desse setor, e mensurar, através de indicadores selecionados, o potencial de ampliação da participação do Brasil no mercado externo de soja e derivados.
METODOLOGIA:
Uma das formas mais usuais de se mensurar a competitividade de uma atividade produtiva, no mercado internacional, é através da construção e avaliação de indicadores, que permitam a realização de comparações compatíveis com critérios internacionais. Assim sendo, a análise da competitividade do setor, pode ser feita em termos de desempenho, eficiência e capacitação, com o intuito de se compreender a contribuição do complexo soja para a realização de inovações no agronegócio nacional e mundial. Apesar da variedade de significados dados à competitividade, existe um consenso de que o sucesso quantitativo de um setor, país e, ou, empresa, no mercado internacional, é uma medida satisfatória na mensuração do desempenho. Portanto, neste trabalho, optou-se por analisar a competitividade em termos dos indicadores de desempenho a serem citados: coeficiente de exportação, que mostra a parcela do faturamento do setor que é obtido por exportação; Market share doméstico, que consiste na parcela do faturamento total do setor pertencente a cada região e pelo indicador que representa a taxa de auto-suprimento ou grau de engajamento dado pela parcela da demanda interna atendida pelo setor. Além do caráter quantitativo, através da construção de uma sólida base de dados e do cálculo dos indicadores propriamente ditos, optou-se por trabalhar com um levantamento primário realizado via contato com produtores, federações e sindicatos ligados ao setor sojícola a fim de avaliar o setor qualitativamente.
RESULTADOS:
Um dos objetivos propostos nessa pesquisa consiste na avaliação da participação relativa das exportações de soja no faturamento total da atividade no Brasil. Para tanto, em conformidade com a modelagem analítica proposta, foi constituído um indicador de desempenho dado pelo coeficiente de exportação. Ao considerar uma série anual com 13 observações, percebeu-se que, depois da abertura comercial, a participação das exportações sobre o faturamento total aumentou consideravelmente, alcançando o maior patamar em 1994, ano em que atingiu 53,5%. Manteve-se considerável até 98 e vem decrescendo, desde então. O segundo indicador consiste na parcela do faturamento total do setor pertencente a cada estado considerado na pesquisa. Em 1990, o Rio Grande do Sul era o estado mais representativo, sendo seu faturamento responsável por cerca de 33% do faturamento total da atividade. Com o avanço da soja para a região Centro Oeste, que oferecia boas condições de plantio e comercialização, a participação do Rio Grande do Sul caiu 44%. Observou-se, ainda, uma ascendência, embora modesta, na participação dos outros estados analisados, e o Paraná manteve sua representatividade numa média de 25%. O terceiro e último indicador é a taxa de auto-suprimento. Segundo seu cálculo, o Mato Grosso, hoje responsável pela maior parte da produção de soja no Brasil, é também o responsável por atender 45% da demanda interna total, sendo seguido pelo Paraná, que apresentou consideráveis indicadores de desempenho.
CONCLUSÕES:
Conforme o exposto, o conceito de competitividade está associado a uma série de fatores, os quais podemos mensurar através de indicadores de desempenho, eficiência e capacitação. A partir da metodologia delineada, conclui-se que, apesar da relativa perda de participação do Sul do Brasil na produção e comercialização da soja, a sojicultura ainda representa uma alta rentabilidade, sendo responsável por grande parte da geração de divisas para os estados considerados e para o Brasil. Em termos nacionais, a perda de participação do Rio Grande do Sul tem sido compensada pelo expressivo avanço da soja no Mato Grosso e pela manutenção da participação do Paraná. Por outro lado, deve-se destacar que a expressividade das exportações do setor sojícola sobre seu faturamento vem caindo ao longo dos anos, alcançando em 2002, cerca de 6%, um dos valores mais baixos desde a abertura comercial, mas essa análise deve ser complementada por uma avaliação crítica e aprofundada das taxas de câmbio da época e demais fatores pois ao afetar a eficiência do setor pede a constituição de outro tipo de indicador para se concluir o verdadeiro impacto sobre a competitividade da soja no Brasil. O atendimento à demanda interna tem apresentado uma escala ascendente e considerável, visto que a elevada taxa de auto-suprimento do setor aliada à maior preocupação dos Sindicatos e Federações com pesquisas, qualificação da mão-de-obra e investimento em tecnologia são práticas comuns em praticamente todos os estados.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  competitividade; soja; indicadores de desempenho.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004